quinta-feira, 28 de maio de 2009

Barcelona Campeão


LIGA DOS CAMPEÕES
Doideira geral– Pega no ganzê, pega no ganzá! – berram as caixas de som instaladas no Moll d’Espanya (ou Molhes de Espanha, traduzidos do catalão), no porto de Barcelona, onde milhares de fanáticos torcedores se reúnem, entre sambas-enredo brasileiros entremeados pela narração da partida, para acompanhar e, depois, explodir em êxtase com a vitória do Barça na Liga dos Campeões;.

Em Barcelona, o dia começou tenso, sob a égide um único assunto – a possibilidade de o Barça, uma virtual religião unânime local, trazer para casa a terceira copa europeia. Jornais preparam há dias edições especiais, e esperam tirar hoje a barriga da miséria da recessão, vendendo 30% a mais exemplares nesta quinta-feira e injetando alegria e otimismo em uma Barcelona deprimida pela crise econômica.

Diferentemente de Porto Alegre, não há secação nas ruas. Barcelona é Barça e Barça é Barcelona, esta cidade de 4 milhões de habitantes que reverencia Messi como o novo Deus local - e, por conseguinte, o todo-poderoso da Europa e novo ídolo dos ídolos mundiais.

No metrô, pouco antes de começar a partida, jovens, famílias, operários e engravatados correm para chegar a tempo de se ajoelhar diante das TVs, olhares esgazeados voltados para o estádio olímpico de Roma. Mantas, bandeiras, cachecóis amarelo e vinho, a cidade está afogada pelo Barça e, quando o camaronês Samuel Eto’o marca o primeiro contra o Manchester United, a cidade reverbera com buzinas, gritos e sons de alto-falantes. Nos restaurantes, os pouco fregueses, a maioria turistas desatentos para a devoção local, são esquecidos pelos garçons, que se esgueiram pelas mesas entre uma espiadela e outra na TV. Na Praça Catalunya, um local de megaconcentração, uma tenda abriga um gigantesco telão, para onde seguem convergindo a pé, de moto, de ônibus e metrô milhares de torcedores, a caminho da festa que se materializa cerca de hora e meia depois. Fim de jogo, e fogos explodem no céu, torcedores se abraçam e choram nas ruas.

Vibrante pela natureza catalã, Barcelona sempre acorda tarde, almoça tarde e dorme tarde. Nesta quinta-feira, ela não dormiu, e vai demorar muito para acordar do sonho.



MARCELO RECH | Especial/ Barcelona
MultimídiaApós o dia tenso, festa em Barcelona
Fonte: Zero Hora

Grêmio em Vantagem


LIBERTADORES
Empate com a cara da América
Grêmio supera as limitações, fica no 1 a 1 e traz vantagem para casaO Grêmio arrancou um empate de um autêntico time de Libertadores, ontem à noite, na Venezuela. O Caracas, que ainda não havia perdido um único ponto em casa na competição, cedeu a muito custo o 1 a 1. Agora, um 0 a 0 no Olímpico, dia 17, garante a vaga na semifinal.

O time da Capital bolivariana foi o tempo todo vibrante, empurrado por uma torcida que pressiona até na cobrança de tiro-de-meta adversária: quando Victor se encaminhava para chutar a bola, os torcedores, todos, batiam os pés e, assim que o goleiro tocava na bola, xingavam-lhe a mãe em uníssono. A torcida do Caracas fez por merecer a fama de maior e mais empolgada da Venezuela. E seu maior ídolo, o zagueiro Rey, fez por merecer a admiração que lhe é devotada. Foi ele quem cobrou a falta da esquerda (ele cobra todas as faltas) aos três minutos, originando o gol de Cichero.

O Grêmio expôs e esgarçou todos ou quase todos os seus defeitos durante o primeiro tempo caraquenho. O mais grave deles: a falta de mobilidade. Sempre que um jogador do Grêmio dominava a bola e virava-se para o campo de ataque, os outros ficavam assistindo, parados cada um em sua posição. Não havia deslocamentos, não havia passagem de jogadores que estivessem atrás da linha da bola, não havia movimentação lateral ou em profundidade. Um time que se comporta desta forma, entrega-se à marcação do adversário. Foi o que aconteceu.

O desenho do time em campo era assim: atrás, imóveis, os três zagueiros, Leo na direita, Réver na esquerda e Rafael Marques entre eles. Na faixa seguinte, Ruy, Adilson e Fábio Santos. No meio dessas duas linhas, o técnico do Caracas postou três atacantes-marcadores. Eles jamais deram tranquilidade para que o Grêmio saísse jogando.

Talvez por isso, Adilson errou alguns passes no começo e Fábio Santos não se apresentava para receber a bola nem quando havia 10 metros entre ele e o próximo adversário.

Ruy era quem mais ousava, correndo junto à linha lateral direita. Mas sem sucesso, com exceção de um único lance, aos 27 minutos, em que ele patrocinou uma boa combinação com Jonas, que cruzou para Máxi Lopes dividir com o goleiro. Antes disso, aos 17 minutos, com a partida parada para que um jogador do Caracas fosse atendido pelo médico, Leo correu até a lateral e conversou nervosamente com Ruy. Os dois gesticularam, Ruy ergueu os ombros, talvez tentando se justificar por algo, provavelmente pela forma como o Caracas se infiltrava no seu setor.

Só no segundo tempo o time articulou jogadas e ameaçou

E, de fato, no início o Grêmio só jogou pelo lado de Ruy. A primeira jogada pela esquerda só foi ocorrer aos 22 minutos, e ainda assim frustrada. Até o meio do primeiro tempo, o Grêmio simplesmente não conseguia fazer a bola rolar. O jogo se dava pelo alto, os jogadores saltando e esticando a cabeça para alcançar a bola. Se um time praticava algo semelhante ao futebol era o Caracas, sereno e confiante por causa do gol marcado logo no início.

Foi do Caracas a melhor chance, aos 34 minutos, momento em que o argentino Figueroa chutou com violência para Victor praticar mais uma de suas defesas de Seleção. Nos últimos dez minutos o Grêmio chegou a dar uma melhorada, logrou trocar alguns passes, mas sem eficiência, sem malícia e, sobretudo, sem talento, um dos piores defeitos que um time pode ter.

No intervalo, enquanto os titulares desciam para o reservado, Alex Mineiro aquecia no meio do campo. Sinal de que Paulo Autuori já não estava gostando do que via. Com 15 minutos de partida no segundo tempo, como nada mudasse, Alex entrou em campo no lugar de Jonas.

Quase que imediatamente Tcheco fez boa jogada pelo meio, driblou três jogadores, abriu para Fábio Santos, que cruzou na cabeça de Máxi Lopes. Esse cabeceou para fora, mas foi uma jogada tramada, uma das poucas do Grêmio no jogo, até então. Outras viriam. Um minuto depois, Fábio Santos chutou por cima, de dentro da área. Aos 27, Souza bateu uma falta na trave. O Grêmio jogava melhor, com mais naturalidade e mais animação. Aos 29, Tcheco cobrou uma falta quase do mesmo lugar em que havia cobrado Rey. E o fez na cabeça de Fábio Santos, que empatou a partida, a partida mais dura para o Grêmio até agora. Uma partida de Libertadores.



DAVID COIMBRA | Enviado Especial/Caracas
ZERO HORA.com
Confira os melhores lances de Caracas e Grêmio em áudio, fotos e vídeo.
Como eles foram
Victor – Com defesas seguras, salvou o Grêmio de levar mais gols. Nota 7
Léo – Muita dificuldade nos lances aéreos. Levou até um “chapéu” dentro da área. 6
Rafael Marques – Foi o zagueiro da sobra. Simplificou e não comprometeu. 6
Réver – Só se tranquilizou a partir da saída de Figueroa. 6
Ruy – Muita correria, mas pouca efetividade. 5
Adilson – Muita dificuldade para sair jogando. 5
Tcheco – A habitual precisão nas bolas paradas. Fez o passe para o gol que garantiu vantgem ao Grêmio. 7
Souza – Não foi o criador que o time precisava. Um chute na trave. 6
Fábio Santos– Ganhou confiança com a chegada de Autuori. 7
Jonas – Sumiu diante dos marcadores. Poderia ter saído antes. 4
Maxi López – Isolado no ataque, teve que recuar para armar as jogadas. 6
Alex Mineiro– Entrou aos 16 do segundo tempo. Quase não foi visto em campo. 4
DO QUE ELES PRECISAM
Grêmio – Joga por um 0 a 0 no Olímpico para chegar à semifinal.
Caracas – Precisa vencer no dia 17. Empate com mais de dois gols também serve. Novo 1 a 1 leva a decisão para os pênaltis


MultimídiaJonas (E, em disputa com o zagueiro uruguaio Barone) teve atuação discreta e foi substituído pelo centroavante Alex Mineiro no início do segundo tempoFicha técnica
Fonte: Zero Hora

Máquina Vermelha Rumo a Final



Garra de finalista
Inter vence e garante vantagem contra CoritibaO Inter parecia mesmo nocauteado ontem, no Beira-Rio. Zonzo, trançando as pernas, perdendo por 1 a 0, com Guiñazu assistindo a tudo dos camarotes. Então, Taison conduziu o time a um confortável 3 a 1, de virada. Fez um gol e deu o passe para os outros dois. Assim, de quase desfalecido, o Inter ergueu-se.

O meio-campo travou sem Guiñazu. Parecia inibido sem a intensidade do argentino. O gol do Marcus Aurélio, do Coritiba, foi pelo lado esquerdo da defesa, exatamente a faixa de campo na qual cabe a Guiñazu reforçar. O zagueiro Álvaro não percebeu o óbvio e se passou da linha da bola quase na marca do pênalti. Livre, às suas costas Marcus Aurélio acertou o ângulo de Lauro e abriu o placar.

Curiosamente, até então, o Coritiba fora superior. O técnico René Simões copiou a estratégia do Flamengo, que tanto incomodou, no Maracanã e no Beira-Rio. Avançou o time e marcou no campo do Inter.

Depois do gol, porém, recuou. Assim, o trio do Inter reagiu e apareceu. Eram 21 minutos quando D’Alessandro, pela direita, passou a Nilmar, este descobriu Taison na área e pronto: 1 a 1. O sétimo gol de Taison na Copa do Brasil (no ano, são 23).

A partir daí, só deu Inter. Sem muita eficiência, mais no ímpeto do que em lances trabalhados, com Andrezinho e Magrão errando passes, ainda assim o Coritiba foi recuando até ser encaixotado em seu campo.

Neste embalo, Álvaro perdeu a chance de desempatar de cabeça, sozinho com o goleiro. Então, aos 37 minutos, a pior das notícias. Nilmar sente uma pancada no quadril e sai de campo. Sem Guiñazu, agora sem Nilmar. Um desfalque na marcação, outro pior ainda no ataque.

E agora, deve ter pensado Tite. O que fazer? Quem decidirá, se D’Alessandro está bem marcado? Então, Tite tomou a sua mais acertada decisão. Orientou Taison a ir para cima dos zagueiros, de preferência pelos flancos. Foi a mais acertada decisão de Tite nesta temporada.

Com uma jogada pela esquerda e outra pela direita Taison construiu a vantagem do Inter. Senão, vejamos como foram o segundo e o terceiro gols do Inter.

O segundo gol: Taison avança a drible, em velocidade, pela esquerda. Corre para dentro da área e serve Alecsandro, que desloca o goleiro.

O terceiro gol: agora pela direita, Taison dribla, ergue a cabeça e dá o passe pelo alto. Andrezinho acalma a bola no peito e bate colocado.

O Coritiba tentou conter o Inter empurrado por Taison. Carlinhos Paraíba, bom jogador, tentou coordenar seu time.

Mas o que se viu até o fim da partida foi o que o técnico René Simões tanto temia: a superioridade do Inter dos últimos jogos. Mesmo sem Guiñazu e Nilmar, ainda assim estava construída a vantagem exigida em casa.



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> Reveja os principais momentos do jogo em áudio, foto e vídeo.
Taison o melhor
Lauro – Não tocou na bola no primeiro tempo. Fez sua primeira defesa apenas aos 25min do segundo tempo. Isento de culpa no lance do gol. Nota 6
Bolívar – Sofreu com a correria de Carlinhos Paraíba e Vicente. Mostrou competência na marcação. Nota 6
Índio – Enérgico, empenhado e dono da grande área do Inter. Nota 7
Álvaro – Errou o bote no cruzamento que resultou no gol de Marcos Aurélio. Mas foi sua única falha. Nota 7
Kleber – Pouco apoiou. Nota 5
Sandro – No alto do seu 1m87cm, foi grande destaque na marcação do Inter. Mesmo no primeiro tempo, quando o Coritiba assustava, errou somente um carrinho. Ninguém passou por ele. E o volante ainda apareceu algumas vezes no ataque. Nota 8
Magrão – Como cantou a Torcida Popular, o “guerreiro” deu ritmo ao meio-campo do Inter. Discreto, desarmou com simplicidade, mas pouco apareceu no apoio. Nota 7
Andrezinho – No primeiro tempo errou passes e fez a torcida sentir falta de Guiñazu. Melhorou no segundo e ainda marcou o gol que deu tranquilidade à torcida. Nota 7
D’Alessandro – Quando o Inter perdia, tornou-se no principal homem da armação. Iniciou a jogada do gol do empate. No segundo, porém, reclamou demais. Nota 6
Taison – Marcou o gol de empate em um lance que mesclou oportunismo e competência. Com a ausência de Nilmar, transformou-se no principal jogador. Armou sozinho o lance do gol de Alecsandro e aplicou drible desconcertante no início do gol de Alecsandro. Nota 9
Nilmar – Deu passe primoroso no lance do gol de Taison. Levou pancada no quadril e foi substituído por Alecsandro ainda no primeiro tempo. Nota 7
Alecsandro – Marcou o gol da virada do Inter e deu belo passe para Andrezinho fazer o terceiro da partida. Nota 7
Glaydson – Entrou no lugar de D’Alessandro e reforçou a marcação ao lado de Sandro e Magrão. Nota 6
Marcelo Cordeiro – Entrou no final. Sem nota
Coritiba – Surpreendeu no primeiro tempo adiantando a marcação e jogando com velocidade. Porém, seu único lance de perigo no ataque foi no gol de Marcos Aurélio. Depois, sucumbiu à qualidade de Taison. Nota 6


MultimídiaUm dos melhores do Inter, o volante Sandro comemora com os zagueiros Álvaro (de costas) e Índio: time saiu perdendo e virou o resultado com um jogo de garraFicha técnica
Fonte: Zero Hora

Dados foram apagados na Secretaria da Saúde de Vacaria RS





Tamanho do texto: A- A+Dados da Secretaria de Saúde foram apagados pela administração passada

Segundo denúcia de vereador, programas, relatórios e documentos foram deletados dos computadores da Secretaria de Saúde.

Durante a sessão ordinária da Câmara de Vereadores, nessa terça-feira, 27/05, o vereador Antônio Almeida utilizou o espaço na tribuna para fazer denúncias referentes a Secretaria de Saúde. Segundo ele, no final da administração passada foram deletados dos computadores programas, relatórios e documentos, inclusive alguns que possuíam dados sobre horas extras de funcionários.
Em entrevista à Rádio Fátima nesta manhã, o vereador lamentou o fato. Declarou que a ação afeta principalmente as pessoas que já possuíam consulta agendadas. O Secretário Municipal de Saúde, Paulo Gilberto dos Santos Silva afirma que alguns programas e dados foram realmente apagados, mas a ação não afetou os serviços, pois foram recuperados dados junto à coordenadoria regional de saúde. Quanto a falta de medicamentos, também criticada na Câmara de Vereadores, o secretário explicou que houve alguns problemas na licitação, o que acabou atrasando a aquisição. Paulo Gilberto salientou que a secretaria já recebeu alguns medicamentos nessa terça-feira e deverá receber outros durante esta quarta. Segundo ele, quase todos os medicamentos já foram repostos, os que ainda não estão disponíveis para a comunidade deverão chegar nos próximos dias. De janeiro até agora, a Secretaria de Saúde já disponibilizou medicamentos à cerca de 26 mil pessoas.


Rádio Fátima AM (Jornalismo), 27/05/2009, 14h09

Camara de Vereadores de Vacaria RS

Depoimento do Vereador Osnir Domingues


Depoimento do Vereador Osnir Domingues
- Transparência eu tenho orgulho da minha amizade, ter orgulho do meu crédito, orgulho de sair com uma bandeira. Aos senhores internautas que nos acompanham quem me conhece, sabe o orgulho que tenho só uma vez passei na justiça não é segredo para ninguém, para ninguém, para senhores e senhoras, só por adoção e fazer tudo de bom. É lamentável quando se diz cuidado, que existe armação. É uma palavra perigosa, mas eu nunca passei por isso, e vão dizer o que está acontecendo, aqui estou para responder para a comunidade a partir de agora, antes por orientação de direito, agora tem órgãos envolvidos e competentes. Eu sou sincero e transparente, mas quero justiça, me tranqüilizei quando observei um passado, pessoas inocentes dentro dessa casa, sofreram a mesma coisa, o boato correndo e as pessoas inocentes não quero cometer a falta de ética em relação às pessoas aqui dentro. Quantas acusações pessoas já fizeram, quantas pessoas foram acusadas, a verdadeira situação, a verdadeira história, quem fez a denuncia quem foi que levantou isso aqui, o porquê, porque razão desse processo? Para essa casa?
. Eu voltei às pessoas pagaram essas pessoas não concordam com determinadas situações que acontecem na casa e devia qualquer dos senhores poder sair daqui e ir num a DP, pasmem os senhores quando descobrirem a verdade, por isso eu acredito na justiça, acredito na justiça dos homens. Aqui nesta com extramente a verdade que eu quero agora, pasmem senhores quando descobrir quem estão por atrás.
Gravado ao vivo por Paulo Furtado na Sessão da Câmara de Vereadores

Rabo Preso

ARTIGO

BRASIL DE FATO

Edição 313

20.02.2009





De rabo preso com quem?



Alípio Freire (*)







A criação pelo jornal Folha de S. Paulo (FSP), da expressão “ditabranda” em seu editorial de 17 de fevereiro, para nomear a ditadura imposta com o golpe de 1964 e, em seguida, a agressão aos professores Maria Victoria de Mesquita Benevides e Fábio Konder Comparato, expressa em nota na seção de cartas da edição de 20 de fevereiro, não podem ser atribuídas apenas aos “maus bofes” de um jovem (?) herdeiro rico, mimado, que se supõe gênio (o que diariamente lhe repete sua corte), que não conhece limites e, portanto, afeito a chiliques.

Embora seja também isso, é muito mais, e só pode ser entendido a partir da história daquele jornal, e no quadro mais amplo do avanço (em nível internacional) das idéias, valores e políticas nazi-fascistas.

Sobre a trajetória do pasquim da Barão de Limeira, vejamos alguns depoimentos:


“Abandono do emprego”

A jornalista Rose Nogueira, presa pelos órgãos de repressão da ditadura no dia 4 de novembro de 1969, quando estava de licença maternidade da FSP, onde trabalhava, conta:

“Vinte e sete anos depois [19997], descubro que fui punida não apenas pela polícia toda-poderosa (...), pela justiça militar (...). Ao buscar, agora, nos arquivos da Folha de S. Paulo a minha ficha funcional, descubro que, em 9 de dezembro de 1969, quando estava presa no Deops, incomunicável, ‘abandonei’ meu emprego de repórter do jornal. Escrito a mão, no alto: ABANDONO. E uma observação oficial: Dispensada de acordo com o artigo 482 – letra ‘i’ da CLT abandono de emprego’. Por que essa data, 9 de dezembro? Ela coincide exatamente com esse período mais negro, já que eles me ‘esqueceram´por um mês na cela’. (...) Todos sabiam que eu estava lá (...) Isso era – e continua sendo – ilegal em relação às leis trabalhistas e a qualquer outra lei, mesmo na ditadura dos decretos secretos. Além do mais, nesse período, se estivesse trabalhando, eu estaria em licença maternidade”. (Rose Nogueira, “Em corte seco”, in “Tiradentes um presídio da ditadura”, Coord. Alípio Freire, Izaías Almada e J.A. de Granville-Ponce – Scipione Cultural - 1997).




Palafreneiros da ditadura

O jornalista Mino Carta, em entrevista à AOL, em 2004, quando se completavam 40 anos do golpe, comenta as relações da FSP com a ditadura:

“A Folha de São Paulo não só nunca foi censurada, como emprestava a sua C-14 [carro tipo perua, usado para transportar o jornal] para recolher torturados ou pessoas que iriam ser torturadas na Oban [Operação Bandeirante]. Isso está mais do que provado. É uma das obras-primas da Folha, porque o senhor Caldeira [Carlos Caldeira Filho], que era sócio do senhor Frias [Octavio Frias de Oliveira], tinha relações muito íntimas com os militares. E hoje você vê esses anúncios da Folha - o jornal desse menino idiota chamado Otavinho [Otavio Frias Filho] - esses anúncios contam de um jeito que parece que a Folha, nos anos de chumbo, sofreu muito, mas não sofreu nada. Quando houve uma mínima pressão, o sr. Frias afastou o Cláudio Abramo da direção do jornal. Digo que foi a "mínima pressão" porque o sr. Frias estava envolvido na pior das candidaturas possíveis, na sucessão do general Geisel. A Folha estava envolvida com o pior, apoiava o Frota [general Sílvio Frota, ministro do Exército no governo Geisel]. O Claudio Abramo foi afastado por isso.“("A mídia implorava pela intervenção militar" Entrevista com Mino Carta. Por Adriana Souza Silva, da Redação AOL, abril de 2004)



O testemunho da pesquisadora

A historiadora e pesquisadora carioca, doutora Beatriz Kushnir, autora do mais completo trabalho sobre o comportamento da grande mídia comercial durante a ditadura, “Cães de Guarda”, é lembrada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, em sua “Conversa Afiada” de 20 de fevereiro, a propósito da FSP:

“Como demonstrou Beatriz Kushnir (...) a Folha cedia as vans para o Doi-Codi fazer diligências, levar suspeitos para as sessões de tortura e fingir que se tratava de um carro de reportagem em atividade jornalística”. (“Cães de Guarda” – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989”, de Beatriz Kushnir, Boitempo Editorial).

Em sua coluna, Amorim reitera ainda a denúncia feita por Mino Carta a respeito do afastamento do jornalista Cláudio Abramo do comando do jornal.


Quanto ao episódio da utilização dos carros da FSP para fins repressivos – como apontam Mino Carta e Paulo Henrique – é fato que consta de diversas publicações e depoimentos. A revista “Teoria & Debate” – da Fundação Perseu Abramo – nos anos 1990, publicou uma carta do ex-preso político e hoje advogado de movimentos populares e causas ligadas aos direitos humanos, Aton Fon Filho, que denuncia exaustivamente essa ligação criminosa.




Um diário oficial da repressão

Mas, não pensem os leitores que a história da empresa Folha da Manhã (propriedade da família Frias), da qual a “Folha de S. Paulo” nos anos da ditadura era apenas um título (ainda que o carro chefe), num conjunto que somava mais de meia dúzia de outros, como os jornais “Última Hora”, “Noticias Populares”, “Folha de Santos”, etc., sem esquecermos, é claro, a menina-dos-olhos da repressão, a “Folha da Tarde”.

A “Folha da Tarde” (FT) é um capítulo à parte. Algo assim, como se a FSP coubesse em “obras escolhidas” e ela, a FT, merecesse “obras completas”. Até 1968 esse jornal cobria de forma razoavelmente decente o movimento estudantil, e outras manifestações de oposição à ditadura. Contava com uma equipe formada, em sua maioria esmagadora, de bons e sérios profissionais – muitos dos quais acabariam posteriormente presos, como o caso da jornalista Rose Nogueira. Na ocasião, o logotipo do jornal era vermelho. Passados alguns meses da decretação do Ato Institucional Número 5, de repente, não apenas o logotipo foi mudado para preto, como sua direção passou a ser composta de pessoas ligadas aos órgãos de repressão, inclusive à famosa Escuderie Le Coc (nome fantasia do Esquadrão da Morte) – o que facilmente qualquer neófito é capaz de perceber, folheando a coleção desse jornal. Também a essa questão se refere, com detalhes, a historiadora Beatriz Kushnir em seu livro “Cães de Guarda”.


Uma ameaça a todos os brasileiros
Dadas essas breves pinceladas sobre a trajetória da Ilustre Folha, cabe chamar a atenção para um importante aspecto que é o verdadeiro significado da nota e da agressão contra os professores Maria Victoria e Comparato: ao atacar tão virulenta e desrespeitosamente essas duas figuras que merecem toda a admiração do nosso povo e de todos os homens e mulheres que lutam por uma sociedade democrática e justa, onde os direitos humanos e todos os direitos dos cidadãos sejam respeitados, o que pretende a Folha de S. Paulo, sua direção, é ameaçar todos os que se oponham à sua visão de mundo e aos seus objetivos.

Aliás, entendemos que caberia ao governador José Serra, seu partido e seus aliados do DEM – de quem a FSP é deslavado cabo eleitoral, transgredindo todas as normas éticas e legislação eleitoral – manifestarem-se publicamente a respeito desse episódio que, sem dúvida alguma, os compromete.

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BOX

Reproduzo aqui as cartas enviadas à Folha de S. Paulo, pelos professores Maria Victoria Benevides e Fábio Comparato, que faço questão de subscrever publicamente.

E no pé, para conhecimento dos leitores, a nota da redação da Folha de São Paulo.

Maria Victoria de Mesquita Benevides, professora da Faculdade de Educação da USP (São Paulo, SP): "Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de "ditabranda'? Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar "importâncias" e estatísticas. Pelo mesmo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi "doce" se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a senzala -que horror!" Alipio Freire

Fábio Konder Comparato, professor universitário aposentado e advogado (São Paulo, SP): "O leitor Sérgio Pinheiro Lopes tem carradas de razão. O autor do vergonhoso editorial de 17 de fevereiro, bem como o diretor que o aprovou, deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo, menos com o respeito devido à pessoa humana." Alípio Freire



Nota da Redação - A Folha respeita a opinião de leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas dessas manifestações acima. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua "indignação" é obviamente cínica e mentirosa.




Alípio Freire,

jornalista e escritor, foi presidente da Associação Brasileira de Imprensa – Seção São Paulo (1978-1979), e editor de Política Internacional da Folha de S. Paulo (1977-1979). Preso político (1969-1974), pertence hoje aos conselhos editoriais do jornal Brasil de Fato, da Editora Expressão Popular e da Revista Fórum, além de integrar o Conselho Político da revista Teoria & Debate. Colabora ainda com diversas publicações populares e de esquerda.



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Fotos da Campanha Eleitoral de 2008

Imagens da Campanha Eleitroal de 2008




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Fotos da Campanha eleitoral de 2008 em Vacaria RS

Ditadura Militar

Carta O Berro...................................................................................................................................repassem


BEATRIZ KUSHNIR: A FAMÍLIA FRIAS E A DITADURA MILITAR
No blog do Azenha



Beatriz Kushnir escreveu um livro "incômodo" para a mídia brasileira. É "Cães de Guarda - Jornalistas e Censores, do AI-5 à Constituição de 1988", que conta histórias interessantes sobre os bastidores de jornais e emissoras de televisão durante o regime militar. Fala do funcionário que Victor Civita despachou para "treinar" censores em Brasília. Fala dos censores que foram trabalhar dentro da TV Globo. Fala dos policiais que se tornaram "jornalistas" e dos jornalistas que fizeram papel de policiais. Fala dos bastidores da "Folha da Tarde", o jornal do grupo Folha que prestou serviços à repressão. Está explicado, portanto, o motivo pelo qual esse livro quase não foi resenhado. Beatriz hoje é diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, que tem um dos maiores acervos da imprensa alternativa que floresceu durante o regime militar.

CAES DE GUARDA - JORNALISTAS E CENSORES
DO AI-5 À CONSTITUIÇÃO DE 1988
Autor: KUSHNIR, BEATRIZ
Editora: BOITEMPO EDITORIAL
Assunto: COMUNICAÇAO-JORNALISMO

----- Original Message -----
From: Revista O BERRO
To: vanderleycaixe@revistaoberro.com.br
Sent: Monday, February 23, 2009 1:15 PM
Subject: DITADURA & COLABORACIONISMO e /Entrevista com Beatriz Kushnir autora do livro(tese) "Cães de Guarda" - editora Boitempo


Domingo, 20 de Janeiro de 2008
"Os amigos da censura", copyright No. (www.no.com.br), 10/12/01
DITADURA & COLABORACIONISMO
Paulo Vasconcellos

"Trata-se de ‘Cães de guarda: jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988’.(*) A tese de doutorado da historiadora carioca Beatriz Kushnir, 35 anos, aprovada com louvor em outubro no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lança suspeitas sobre um dos mitos cultuados pela imprensa brasileira: o de que jornais e jornalistas foram quixotes na luta contra o regime militar. O trabalho tem 473 páginas e é resultado de cinco anos de pesquisas. Beatriz mirou no que viu e acertou no que não viu. Começou como um estudo da censura à imprensa alternativa e acabou desvendando o grau de colaboracionismo com a ditadura incrustado em algumas redações.
‘Assim como nem todas as redações eram de esquerda, nem todos os jornalistas fizeram do ofício um ato de resistência ao arbítrio’, diz Beatriz Kushnir. ‘Há um desconforto diante da desmistificação generalizante de que os jornalistas combateram a ditadura.’ O trabalho demonstra que os jornais que tiveram um censor na redação não foram tantos assim, que a primeira profissão de parte dos censores era o jornalismo e, pior, que havia um elevado grau de promiscuidade nas relações entre alguns jornalistas e os órgãos de repressão. Beatriz não foge à polêmica. Para a tese de mestrado na Universidade Federal Fluminense (UFF) ela escolheu a história das prostitutas judias que se organizaram em associações de ajuda mútua e ficaram conhecidas como polacas, citadas nos versos de Aldir Blanc para a música ‘O mestre-sala dos mares’ - não por acaso uma das vítimas da censura, que vetou o título original: ‘O almirante negro’.
A historiadora começou a derrubar as ilusões da imprensa brasileira ao pesquisar os documentos do Departamento de Censura de Diversões Públicas da Polícia Federal no Arquivo Nacional, em Brasília, entrevistando 11 censores - exceção para Solange Hernandes, a popular Solange Tesourinha, que mandava cortar tudo o que é filme, livro, texto de teatro e versos de músicas - e uma penca de jornalistas. O porão que escondia os instrumentos legais da censura abrigava também jornalistas de formação. ‘Foi tentando perceber quem eram os censores que me surpreendi ao encontrar já no primeiro grupo deles dez jornalistas.’ Descobriu ainda policiais de carreira que atuaram como jornalistas colaborando com a repressão.
Os três primeiros capítulos mostram a evolução da censura desde a Proclamação da República. É iguaria rara, mas o melhor vem depois. Da posição cínica defendida por um jornal do Rio, em 1976, em defesa de uma ‘censura inteligente’ - feita por pessoal mais bem preparado política e intelectualmente - à constatação de que, na prática, os jornais optaram preferencialmente pela autocensura ao encampar as notas da Polícia Federal transmitidas pelo Serviço de Informação do Gabinete (Sibag), vinculado ao gabinete do ministro da Justiça, mas sem registro no organograma dos órgãos federais - portanto, clandestino. A alternativa era a censura prévia.
Os censores estiveram nas redações para cortar os ‘excessos’ em poucos periódicos. No ‘O Estado de S. Paulo’, do AI-5 a janeiro de 1975, e na ‘Tribuna da Imprensa’, em um período não contínuo, de 1968 a 1978. Na imprensa alternativa freqüentaram ‘O Pasquim’, de novembro de 1970 a março de 1975, ‘O São Paulo’, de junho de 1973 a junho de 1978, ‘Opinião’, de janeiro de 1973 a abril de 1977, e ‘Movimento’, de abril de 1975 a junho de 1978. Na Veja, de 1974 a junho de 1976. A revista foi censurada ainda no berço, logo no número 5, em 1968. Durante todo o governo do general Emílio Garrastazu Médici seria uma das vítimas favoritas do regime. A edição com a capa ‘O presidente não admite torturas’ foi proibida de chegar às bancas.
‘Oliveiros, hoje nós não vamos aí.’
O governo do general Ernesto Geisel, com a promessa de abertura, ainda que lenta, gradual e segura, não deixou de estabelecer os parâmetros do que considerava permitido - mesmo que nos bastidores os ministros Golbery do Couto e Silva, da Casa Civil, e Armando Falcão, da Justiça, mantivessem diálogos com jornalistas anunciando a retirada da censura das redações. As notas proibitivas continuaram a ser transmitidas até fins de 1975. Nos primeiros dias de abril, o número 300 de ‘O Pasquim’ trazia o editorial intitulado ‘Sem Censura’, escrito por Millôr Fernandes, notificando ao leitor que desde 24 de março o tablóide se encontrava livre da censura prévia. Depois de um telefonema do Dr. Romão, o último dos quase 30 censores que o jornal teve em cinco anos, estava decretado que a responsabilidade passava a ser da redação. Sentença semelhante recebeu o então secretário de redação de ‘O Estado de S. Paulo’, Oliveiros S. Ferreira. ‘Eles ficaram do AI-5, em 13 de dezembro de 1968, até 3 de janeiro de 1975, um dia antes do centenário do jornal’, relembra Ferreira. Foi quando ele recebeu um telefonema do chefe dos censores:
- Oliveiros, hoje nós não vamos aí.
Oliveiros:
- Mas, então, quem responde pelo jornal?
- Ah, isso é problema seu. Até logo!
Um ano antes, o humorista Ziraldo, do ‘Pasquim’, havia escrito uma carta ao ministro da Justiça, Armando Falcão, pedindo a volta da censura do jornal para o Rio, que havia seis meses, em represália, era feita em Brasília para atrasar propositadamente o fechamento das edições. Ao fim da carta, além da assinatura, um desenho: a mão de um homem que se afogava e a palavra ‘help’. ‘Millôr Fernandes já havia advertido em seu editorial que o rompimento repentino da censura embutia a noção de que deixar de intervir era uma concessão que deveria ser paga com responsabilidade’, lembra Beatriz. ‘Sem censura não quer dizer com liberdade’, terminava o texto de Millôr.
A censura espalhou vítimas para todos os lados. O cineasta francês Jean Luc Godard foi uma delas. No regime militar teve proibido o filme ‘A chinesa’. Em 1984, a censura a outro de seus filmes, ‘Je vous salue, Marie’, geraria protestos calorosos, a demissão do ministro da Justiça, na época o deputado federal pernambucano Fernando Lyra, e a exposição da permanência de atos censórios em um período de suposta redemocratização. Alguns jornais e jornalistas que não aderiram à resistência se bandearam para o outro lado. ‘Cães de guarda’ revela o papel duplo de uns e outros. Jornalistas que foram censores federais - e também policiais - e vice-versa dividiam as redações com as chamadas bases esquerdistas que, segundo o regime militar, sempre as dominaram. ‘No Brasil da censura existiam também os jornalistas colaboracionistas’, afirma Beatriz. ‘Eles foram verdadeiros cães de guarda.’
Um deles, segundo a tese, tomou conta do jornal ‘Folha da Tarde’, do Grupo Folha da Manhã, de 1967 a 1984. Todo o quarto capítulo narra a trajetória do jornal nos seus dois períodos: do renascimento, em 1967, até o AI-5. Beatriz Kushnir investigou a redação da ‘Folha da Tarde’ de 1967, que estava vinculada à cobertura dos movimentos políticos da época e tinha em seus quadros militantes de esquerda, até ser conhecida como ‘Diário Oficial da Oban’ (Operação Bandeirantes). ‘Cheguei à história da ‘Folha da Tarde’ por acaso’, conta. A historiadora tentava uma entrevista com o senador Romeu Tuma (PFL-SP), diretor do Departamento de Polícia Federal que rompeu com a tradição de militares no cargo desde a sua criação, em 1964. Chegou a entrar em contato com o seu assessor de Imprensa, em São Paulo, mas não conseguiu agendar um encontro. Ao entrevistar o jornalista Boris Casoy, âncora do Jornal da Record, para compreender os reflexos da censura na redação da ‘Folha de S. Paulo’, que ele dirigia na época, ficou sabendo quem era o assessor do senador e o significado da frase ‘o jornal de maior tiragem’.
Nos dois casos bateu na figura de Antonio Aggio Jr. A queda com o AI-5 do jornalista Jorge Miranda Jordão, hoje em ‘O Dia’, da direção de redação da ‘Folha da Tarde’, abriu espaço para outro grupo de profissionais. Antonio Pimenta Neves, que mais de 30 anos depois responde a processo pelo assassinato da namorada, era um deles. Aggio, ex-editor do jornal ‘Cidade de Santos’, viria depois. ‘Sob o comando dele o jornal deu uma guinada à direita’, diz Beatriz. ‘O clima de delegacia policial resistiu 15 anos e o jornal ganhou o apelido de ser o de ‘maior tiragem’ em São Paulo, não por causa da circulação, mas pelo número de tiras (policiais) que empregava.’
Acusado de colaborar, Aggio diz que também foi parar na Oban
Aggio rebate. ‘Essa tese é um negócio tortuoso para garantir o título de doutora à historiadora.’ Segundo o assessor do senador Tuma, a reformulação da ‘Folha da Tarde’ e o Projeto Folha, de 1984, quando o jornal passaria por nova mudança, nada teve a ver com ideologia, mas com mercado. ‘Nunca houve uma redação mais democrática que a da Folha da Tarde. Nunca se perguntou a coloração ideológica de ninguém por lá. Muitos esquerdistas trabalham no jornal até hoje’, afirma o jornalista. Aggio diz que todo o noticiário policial e militar tinha como fonte a Agência Folha e era publicado por todos os jornais do grupo. ‘Uma vez houve um incidente com o pessoal da luta armada em Osasco e como a ‘Folha da Tarde’ deu a notícia fui parar na Oban e no II Exército. Se fosse ligado à repressão não teriam me chamado para prestar esclarecimentos.’
‘Havia pressão psicológica e armada, além de econômica, mas nunca a família Frias me pediu para mudar a linha do jornal para aderir ao regime. Obedecíamos ao que a censura impunha porque não havia saída. Depois que deixei a direção do jornal, ele mudou de linha editorial’, diz Jorge Miranda Jordão, antecessor de Antonio Aggio na ‘Folha da Tarde’. ‘A imprensa nunca foi quixote, mas também não chegou a ser um Exército de Brancaleone. Talvez uns dez por cento das redações apoiassem o regime até por convicção política.’
‘Cães de guarda’ remexe em histórias nada edificantes. É o caso de uma manchete estampada pela ‘Folha da Tarde’ em abril de 1971 anunciando a morte do guerrilheiro Roque em confronto com a polícia paulistana. Roque era o codinome do metalúrgico Joaquim Seixas, preso com o filho Ivan, então com 16 anos. Militantes do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), os dois tinham sido presos acusados pelo assassinato do industrial Enning Boilesen, um dos financiadores da Operação Bandeirantes, apenas um dia depois do crime, e foram torturados na Oban. Ivan leu a manchete sobre a morte do pai em uma banca de jornal ao ser levado pelos policiais para um ‘passeio’. Na volta ainda encontrou Joaquim vivo. Ele seria morto, de fato, horas depois. Os jornais do dia seguinte se limitariam a reproduzir a nota oficial dos órgãos de repressão com a notícia que a ‘Folha da Tarde’ havia estampado na véspera com detalhes, segundo a tese, como se tivesse repórter no local.
‘Toda a caçada ao capitão Carlos Lamarca, que havia desertado do Exército levando armas e munições do quartel de Quintaúna, em São Paulo, comandado pelo coronel Antônio Lapiane, tio de Ággio, que até hoje é vinculado à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, vinha carregada de tintas fortes e se referia ao guerrilheiro como ‘louco’, afirma Beatriz. ‘A esquerda atribui à ‘Folha da Tarde’ a legalização de muitas mortes em tortura e `assassinatos acidentais´ de militantes em confronto com a polícia. Se sumissem todos os jornais que circularam um dia depois da missa ecumênica pela morte do jornalista Wladimir Herzog e só restasse a ‘Folha da Tarde’, não se saberia de nada. A cerimônia parou São Paulo, mas a FT não deu uma linha.’
A relação entre jornalistas e policiais já tinha sido exposta por Percival de Souza, repórter setorista de Polícia de ‘O Estado de S. Paulo’ e do ‘Jornal da Tarde’ e autor de biografias de figuras sombrias da ditadura, como o delegado Sérgio Paranhos Fleury, o temido e sanguinário torturador do Deops do Largo General Osório, em São Paulo, desenhado por ele como um amante adolescente. ‘Cães de guarda’ vai além. Esmiúça até à sarjeta o papel da imprensa na ditadura. Para se adaptar à autocensura não faltaram estratégias peculiares. A editora de uma revista de circulação nacional preparou um funcionário para dar curso aos censores de como realizar a tarefa. Uma rede de televisão contratou ex-censores para delimitar o permitido. Por abrigar jornalistas colaboracionistas algumas redações ficaram conhecidas como ‘ninho de gansos’. Era assim que eles eram tratados nos órgãos de repressão. Os jornalistas da ‘casa’ que cobriam o Deops não passavam pela revista a que eram submetidos os colegas com menos intimidade com os porões da ditadura - seguiam direto por uma entrada lateral, reservada aos policiais, apelidada de ‘passagem dos gansos’.
‘Muitos jornalistas trocaram a narrativa de um acontecimento pela publicação de versões que corroborassem o ideário repressivo’, diz Beatriz. ‘Fiéis aos seus donos, os cães de guarda farejaram uma brecha e, ao defender o castelo, nos venderam uma imagem errada. Quando o tabuleiro do poder mudou, muitos desses servidores foram aposentados, outros construíram para si uma imagem positiva e até mesmo heróica, distanciando-se do que haviam feito. Outros tantos se readaptaram e estão na mídia como sempre.’ Talvez alguns jornais brasileiros nunca tenham se aproximado tanto da imagem de papel de embrulhar peixe.
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"CÃES DE GUARDA" FALA DA MÍDIA E DE JORNALISTAS QUE COLABORARAM COM A DITADURA MILITAR
Atualizado em 15 de fevereiro de 2008 às 19:07
Publicado em 15 de fevereiro de 2008 às 14:30
DO JORNAL UNIDADE, DO SINDICATO DOS JORNALISTAS DE SÃO PAULO
No blog do Azenha


"Lançado pela editora Boitempo o livro que, certamente, tomará de assalto as rodas de discussão dentro das redações. É a edição da tese de doutorado da historiadora Beatriz Kushnir, ‘Cães de Guarda: Jornalistas e Censores do AI-5 à Constituição de 1988’.(*)
Até agora, a imprensa ignorou por completo o trabalho, fruto de tese já defendida com sucesso no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Beatriz é mestre em História pela Universidade Federal Fluminense e sua tese pesquisou a postura colaboracionista de jornalistas e órgãos de imprensa durante a ditadura militar pós-68.
Em sua tese, Beatriz mostra a estreita relação que houve naquele período entre jornalistas e policiais, como também investiga os estratagemas da direção das empresas de comunicação, ao aceitarem praticar a autocensura, como ‘sugeria’ o governo militar.
O estudo focaliza a relação dos jornalistas com os censores no Brasil de 1968 a 1988. Ela demonstra, com todas as tintas, a existência de jornalistas que foram censores federais, e que também foram policiais enquanto jornalistas nas redações. Escrevendo nos jornais, ou riscando o que não poderia ser dito ou impresso, colaboraram com o sistema autoritário daquele período. Ela relata: ‘Assim como nem todas as redações eram de esquerda, nem todos os jornalistas fizeram do ofício um ato de resistência ao arbítrio’.
Para realizar seu trabalho acadêmico, privilegiou o período do AI-5 à Constituição de 1988. Recuou a março de 64 e à legislação censória no período republicano.
Ela focou sua pesquisa nos jornalistas de formação e atuação, que trocaram as redações pela burocracia e fizeram parte do DCDP (Departamento de Censura de Diversões Públicas), órgão subordinado ao Ministério da Justiça, cargo de Técnicos de Censura. Outro foco da pesquisa foram os policiais de carreira que atuaram como jornalistas, colaborando com o sistema repressivo e censor do pós-64. Para encontrar esse grupo, Beatriz pesquisou a trajetória do jornal Folha da Tarde, do Grupo Folha da Manhã, de 1967 a 1984. Ela teve acesso ao Banco de Dados da Folha, ao DEDOC da Editora Abril, aos arquivos pessoais do jornalista José Silveira (Jornal do Brasil) e da jornalista Ana Maria Machado (Rádio JB). Entrevistou 19 jornalistas que passaram pela FT, onze censores - só dois autorizaram a divulgação de seus nomes, e um grupo de 26 jornalistas, entre eles Bernardo Kucinski, Mino Carta e Jorge Miranda Jordão.
Dez jornalistas, dez censores
A historiadora conta, em uma passagem da tese, que os dez primeiros censores que estiveram em Brasília, quando da mudança da Capital, eram jornalistas. Eram profissionais que foram transferidos para as redações de Brasília e lá acumularam cargos na burocracia do Estado, situação comum à época. Mas eles preferiram ficar com apenas uma atividade. Dez jornalistas optaram pelo trabalho no Departamento de Censura, onde se ganhava mais. Dois deles escreveram um livro explicando aos censores como se deve censurar e quais os artigos que se deve cortar.
O caso Folha da Tarde
Um dos episódios destacados pela tese de Beatriz Kushnir narra a trajetória da Folha da Tarde. Segundo a tese, o jornal foi o reduto, entre 1967 e 1984, de um grupo de jornalistas colaboracionistas, os chamados ‘cães de guarda’, que dirigiram a redação como uma delegacia de polícia. Na epóca, a FT era chamada no meio jornalístico como o jornal de maior ‘tiragem’, uma ironia à grande presença de ‘tiras’ na redação.
Em 1967, a FT renasce sob o comando de Miranda Jordão - que hoje dirige a redação de O Dia, no Rio de Janeiro - para fazer frente ao Jornal da Tarde. Sua redação se caracteriza por abrigar bons jornalistas, muitos deles simpatizantes da esquerda. Essa fase não foi longa. Finalmente, com o AI-5, Miranda Jordão é demitido e assume a redação Antonio Pimenta Neves e, posteriormente, Antonio Aggio Jr., hoje assessor de imprensa do senador Romeu Tuma. Aggio vinha do jornal Cidade de Santos.
Segundo a tese, durante uma década e meia o jornal ficou sob o comando da direita e muitos dos seus jornalistas tinham cargos na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.
Durante esse período, alguns fatos marcaram a redação. A prisão de Frei Betto, em 11 de novembro de 1969, foi minimizada pelo jornal, que não citou uma importante passagem em sua biografia: Frei Betto foi chefe de reportagem da Folha da Tarde.
No episódio Vladimir Herzog, assassinado nos porões da OBAN (Operação Bandeirante) em 25 de outubro de 1975, a FT ignorou por completo a missa ecumênica realizada na Catedral da Sé, alguns dias depois da sua morte.
Outra prática, que se estendeu a outros órgãos de imprensa, mas foi exemplar na FT, foi a de transmitir integralmente a versão do Estado para desaparecimentos e assassinatos, como no caso de uma manchete de abril de 1971 que anunciava a morte do guerrilheiro Roque, em confronto com a polícia de São Paulo. Roque era o codinome do metalúrgico Joaquim Seixas, que havia sido preso com o filho Ivan Seixas, hoje jornalista. Os dois eram militantes do MRT (Movimento Revolucionário Tiradentes), e tinham sido acusados de matar o industrial Enning Boilesen, um dos financiadores da OBAN. Foram presos e torturados.
Num certo dia, Ivan foi levado pelos policiais para um ‘passeio’ fora da OBAN e leu em uma banca de jornal a notícia da morte do pai. Quando voltou do ‘passeio’ ainda encontrou seu pai vivo. Joaquim Seixas viria a morrer horas depois. Os jornais do dia seguinte reproduziram friamente a nota oficial dos órgãos de repressão, mas a FT havia publicado a notícia um dia antes, com detalhes. Muitos atribuem à FT a legalização de mortes em tortura.
Além do caso FT, a tese mostra como redações, entre 1972 e 1975, ‘acatavam’ os bilhetinhos do Sigab (Serviço de Informação do Gabinete), que notificavam diariamente os jornais sobre o que se podia e o que não se podia publicar.
Beatriz cita o professor Bernardo Kucinski, que lembra: ‘A maior parte da grande imprensa brasileira aceitou, ou se submeteu a esse pacto. Para Médici, era melhor que o próprio jornalista se autocensurasse’.
As empresas escolheram então os seus ‘quadros de confiança’. Por abrigar jornalistas colaboracionistas algumas redações ficaram conhecidas como ‘ninhos de gansos’. Os jornalistas de confinça que cobriam o Deops, por exemplo, não passavam pela revista e seguiam direto por uma entrada lateral, reservada aos policiais, apelidada ‘passagem dos gansos’.
‘A censura para mim é sempre política’
UNIDADE - Qual a intenção inicial de sua pesquisa?
Beatriz - Eu tinha planejado fazer uma tese sobre a apreensão de imprensa clandestina pelo aparelho do DOPS. Comecei a trabalhar com essa documentação em Brasília, há toda a documentação do Departamento de Censura de Diversões Públicas. Mas a partir daí, percebi que eu podia pensar a censura diferentemente do que havia sido trabalhado. Não como os jornalistas receberam os censores na redação, mas quem eram esses censores, que tipo de trabalho eles faziam, ou seja, a censura contando a sua própria história. É o que faço nos três primeiros capítulos da tese.
UNIDADE - Como surgiu o interesse pelo caso Folha da Tarde?
Beatriz - Num determinado momento Maurício Maia, filho do Carlito, me contou como os órgãos de imprensa publicavam notícias falsas de mortes de militantes, e me chegou a história do Ivan Seixas, que era um militante político do MRT (Movimento Revolucionário Tiradentes), um braço da ALN (Aliança Libertadora Nacional). Ele é preso com o pai, são levados para a OBAN (Operação Bandeirante) e são torturados. O Ivan é levado para dar ‘uma volta’ e fora da prisão recebe uma informação de que o pai morreu, noticiada pela Folha da Tarde. Quando ele volta à OBAN o pai ainda está vivo, só morreria horas depois. A FT foi considerada o diário oficial da OBAN. A Folha da Tarde é um jornal que renasce em 1967, com o Miranda Jordão, para ser um jornal de oposição ao Jornal da Tarde. Depois do AI-5, ela se torna cada vez mais à direita. O Miranda foge pela fronteira, o Frei Betto, que integrava a equipe do jornal, também sai. Aí assume Antonio Ággio Jr. Tento mostrar como é falsa essa imagem de que a imprensa combateu arduamente a censura. Isso é uma coisa muito delicada para os jornalistas. É delicado perceber que havia autocensura nas redações. A Folha da Tarde se prestava muito para se perceber isso. Se você perceber realmente quando os jornais tiveram censores dentro da redação, então você nota que a autocensura funcionou muito mais do que o censor. Você tem poucos censores nas redações da grande imprensa. Eles estavam na imprensa alternativa.
Gosto muito de uma matéria do Jânio de Freitas, sobre os 30 anos do AI-5, quando ele diz que 30 anos depois são de novo os mesmos jornalistas que estão contando a sua história, e 30 anos depois eles contam a história que eles querem.
UNIDADE - Você quantificou o número de jornalistas que poderiam ter se envolvido com o colaboracionismo? Ou se deteve mais no caso da FT?
Beatriz - Eu não tive essa preocupação de quantificar. A Folha da Tarde é um estudo de caso nos dois últimos capítulos da tese. Mas o que acontece naquela redação? Durante um ano e pouco ela é uma redação de esquerda e durante quinze anos ela vai se tornar uma redação extremamente de direita. Existiam nos anos 70 uns casos que se chamavam desbundes, que eram presos políticos que são presos e depois colocados na televisão para fazer um mea culpa. Alguns desses mea culpa vão se tornar jornalistas da Folha da Tarde, mostrando um pouco dessa relação tão permissiva.
UNIDADE - Conte o que aconteceu com a Folha de S. Paulo e Frias em 1977.
Beatriz - Em 1977, o Boris Casoy assume a redação da Folha. São tirados todos os nomes dos Frias do expediente, que só vão ser recolocados no jornal em 1984, na época das Diretas. É toda uma jogada de marketing da Folha. Se você repensar hoje o Projeto Folha, ele está muito longe de qualquer análise que diga: ali tínhamos uma redação neutra. Mas as pessoas continuam lendo o projeto Folha como isso. Como um momento em que a Folha vai sair de tudo isso como se nada desse passado tivesse a ver com a família Frias, e vai entrar limpa para a história, nesse momento redemocrático do País (as Diretas), o que não é verdade.
UNIDADE - Como os jornalistas que já leram a sua tese a receberam?
Beatriz - A tese fez muita gente pular. Muitos jornalistas não aguentam ver. Por mais que sejam críticos, preferem dizer: o historiador errou na sua análise.
UNIDADE - Durante a elaboração da tese, foi difícil a relação historiadora-jornalistas?
Beatriz - Num primeiro capítulo eu faço uma longa discussão entre jornalistas e historiadores. Como nós dois estamos fazendo uma história do tempo presente. Só que às vezes o jornalista não percebe que ele é nossa fonte, ele não faz uma reflexão. Vocês fazem a história do imediato e a gente faz o que se chama uma história do tempo presente, que é uma reflexão do tempo presente. O que o jornal faz é uma história do instantâneo, e o historiador vai usar aquilo como fonte. Muito pouco da imprensa você tem como espaço de reflexão. Você não tem mais isso hoje em dia. No momento as revistas falam em comportamento, há muito pouca reflexão.
UNIDADE - Ao escrever a tese você se desiludiu com a imprensa e com os jornalistas?
Beatriz - O momento dessa tese é um momento de desilusões. Não existe esse jornalista quixotesco. Ou melhor, não que ele não exista. Ele existe pontualmente, mas não é o que paira na maioria da imprensa.
UNIDADE - Você encontrou dificuldades para editar a tese?
Beatriz - Várias editoras top de linha a pegaram e disseram: você não entrevistou a família Frias. (Os Frias se negaram a falar com Beatriz) A Boitempo foi muito legal. Aceitou dividir a tese em dois livros. Queria escrever mais um capítulo com as 60 horas que eu tenho de entrevista com os censores e não cabia na tese, e ela topou.
UNIDADE - Você fez uma divulgação grande da tese e deu várias entrevistas que não saíram na grande imprensa. Isso é censura?
Beatriz - É uma censura. É mais fácil denegrir um trabalho do que você tentar dialogar com ele.
UNIDADE - No momento do assassinato Herzog como se comportou a imprensa?
Beatriz - A Veja foi proibida de falar sobre o Herzog. Tem um editorial do Mino no qual ele escreve, em dois parágrafos, que ele tem uma dívida com a população naquele momento, porque não está podendo contar uma coisa, e ele espera que a visita do Geisel a São Paulo possibilite que um dia a Veja possa resgatar aquela não-fala, naquele momento. Não-fala é não poder dizer que o Herzog havia sido assassinado. O ano de 75 é o momento em que Geisel vem com o discurso da abertura. Naquele momento os jornais continuam sendo censurados, a autocensura continua presente nas redações. É uma falsa idéia que a censura está acabando naquele período, não é verdade.
UNIDADE - Quando falamos de censura devemos falar dos jornalistas ou dos donos dos jornais?
Beatriz - Não dá pra se eximir. Quem tem mais culpa? É o dono do jornal, é o jornalista? São circunstâncias que se dialogam. Não estou dizendo que todo jornalista exerceu um papel de colaboração, nem que todas as empresas de jornalismo foram colaboracionistas. Eu analisei o caso específico de um grande jornal, mas que você pode estender para outros casos.
Esse termo do colaboracionismo é um termo que doi de ouvir. Isso reflete muito do país, da formação, dos processos econômicos.
UNIDADE - Muita gente preferiu não dar depoimento para a tese, não foi?
Beatriz - Com os Frias eu fiz várias investidas. Alegaram que não podiam, não tinham tempo. Como um empresário que vende esse tipo de serviço se recusa a conversar sobre isso? A minha negociação com o Ággio levou meses e meses, e depois que ele me deu uma longa entrevista, se sentiu tão mal que me mandou um fax, no dia seguinte, sobre o que ele entendia de política. É aquela contradição da contradição.
UNIDADE - A censura está presente em toda a trajetória republicana brasileira?
Beatriz - Eu tento mapear a censura na República, mostrando que ela não é exclusiva de momentos de exceção. No Brasil, mesmo em momentos democráticos ela existiu.
UNIDADE - Qual é a cara dessa censura?
Beatriz - Ela tem uma capa de moral e bons costumes, que em períodos de exceção se divide em política. Mas para mim a censura é sempre política, porque ela está sempre querendo regular o ato político do cidadão."
PS: O livro e a matéria são antigos. Trouxe de volta o assunto para mostrar que mídia ruim, de fato, "mata"

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