sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Veja


 
14 de março de 2009



Eurípedes Alcântara

Diretor de Redação
Caro leitor,
se você quiser saltar meus comentários e ir diretamente para o índice completo da revista, o link é este: http://veja.abril.com.br/newsletter/newsletter.html
 
 A repórter de VEJA Juliana Linhares foi ao Recife conversar com o arcebispo dom José Cardoso Sobrinho, o prelado que tomou a iniciativa de informar que, de acordo com o Código Canônico, todos os católicos envolvidos no aborto da menina de 9 anos estuprada pelo padrasto estavam excomungados automaticamente. Dom José não se arrepende e diz estar com a consciência em paz por ter agido de acordo com a sua doutrina. A entrevista é extraordinária, pois revela como, às vezes, a Igreja Católica parece viver em um mundo paralelo. Mas ao mesmo tempo tem-se a voz de um pastor que não aceita fazer concessões apenas para parecer mais moderno aos olhos da opinião pública.
 A Carta ao Leitor de VEJA resume admiravelmente a questão, que não se esgotará nunca, em todas suas complexidades éticas e religiosas: "Na entrevista das páginas amarelas desta edição, o prelado, alvo da fúria dos grupos pró-legalização do aborto em todas as circunstâncias, explica as razões doutrinárias de seu gesto. É um contrassenso acusar o arcebispo de seguir estritamente as regras da instituição da qual faz parte. Mas é também um alívio dar-se conta de que vivemos em uma sociedade laica, em que a separação entre Igreja e estado tirou da hierarquia católica o poder temporal de infligir castigos a quem contraria seus códigos e leis. Graças a Deus".
 
 A capa da revista é uma provocação visual e de ideias que revelam a profunda perplexidade do mundo capitalista em meio à crise econômica internacional. A imagem da capa é dominada pelo presidente americano Barack Obama encarnando o quadro em que o famoso revolucionário russo Vladimir Lenin prega para as massas depois do triunfo da Revolução Bolchevique, de 1917. A chamada que mais sobressai é Camarada Obama. Em letras menores explica-se que a intervenção estatal e a quase estatização de bancos e empresas financeiras nos Estados Unidos não são o primeiro passo para a implantação do comunismo, da economia de estado e do dirigismo econômico na pátria do capitalismo.  Dentro, uma extensa e bem pensada reportagem especial explora a fundo a questão do novo papel do governo na economia dos países capitalistas.
 
 Outra reportagem especial de VEJA se debruça sobre o que os especialistas chamam de a "menos pior" das soluções para o centenário problema dasdrogas e da corrupção e criminalidade a elas associadas. A reportagem alerta para o fato de que não existem soluções simples para questões complexas. Legalizar as drogas é um bom exemplo disso. Se parece óbvio que na ponta do consumo a legalização acabaria com metade do problema, o crime organizado e a corrupção policial e política, a mesma certeza não existe nas etapas de produção e distribuição das drogas pelo mundo. Mas uma coisa é certa: o combate ao problema pelos mesmos métodos que têm sido tentados até agora fracassou. A questão veio à baila trazida por mais uma reunião da ONU para discutir uma política internacional de combate às substâncias entorpecentes. A reportagem sobre o assunto vai ao centro da questão. A novidade da última reunião é a convicção, firmada entre boa parte das nações representadas, de que talvez tenha chegado a hora de legalizar tanto a confecção como o comércio de maconha, cocaína e substâncias que tais. Os defensores dessa idéia argumentam que, ao descriminalizar as drogas, os países poderiam tratá-las como uma questão de saúde pública, assim como o tabagismo. O dinheiro destinado à repressão de traficantes e usuários – a maioria deles composta de não viciados – poderia ser encaminhado para a construção e o aperfeiçoamento de clínicas de desintoxicação e a organização de campanhas educativas. Além disso, dizem eles, o comércio legal implicaria o fim das quadrilhas de traficantes e todo o banditismo a elas associado. De fato, há bons argumentos em favor da legalização. Mas também os há em favor de quem defende que essas drogas continuem ilegais. Antes de mais nada, a legalização resultaria necessariamente num aumento do consumo de substâncias sabidamente nocivas à saúde e à vida familiar e social. Outro aspecto levantado por eles é que, em países como a Holanda, onde a posse de quantidades limitadas de drogas não é crime, o consumo a céu aberto causou degradação urbana. Um terceiro argumento é que a legalização não causaria o desaparecimento, como por encanto, das máfias de traficantes. Eles continuariam a oferecer um produto mais barato aos usuários, já que a droga legalizada necessariamente embutiria um custo maior, tendo em vista o controle de produção e qualidade final e a carga tributária. Por último, mas não menos importante, teria de ser iniciada uma guerra nos países produtores, para que os cartéis locais fossem desalojados de seus campos de cultivo. Uma guerra também sem garantia de vitória. Ou alguém acha que as Farc, na Colômbia, ou o Talibã, no Afeganistão, que usam a droga para financiar o terrorismo, aceitariam tranquilamente sair desse grande negócio. Definitivamente, não existem soluções fáceis para problemas difíceis.
São esses, caro leitor, os assuntos que mais me motivaram a comentar.
Se quiser mandar-me comentários, sugestões e críticas, por favor, use o endereço
diretorveja@abril.com.br
Um forte abraço e até a próxima semana,

Eurípedes Alcântara
Diretor de Redação

P.S. – A semana passada foi aquela em que respondi o menor número de mensagens desde que comecei a escrever a newsletter. As razões foram muitas e não vale a pena enumerá-las aqui. Mas vou recuperar as mensagens e respondê-las, mesmo que com atraso – assim como as novas que chegarem.

 
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