De: Flávio leandro de Souza [mailto:flavioleandrosz@yahoo.com.br]
Enviada em: quinta-feira, 29 de janeiro de 2015 18:44
Para: Flávio leandro de Souza
Assunto: Negro Cidadão. Negra Cidadã. Religião e Folclore à parte.
Enviada em: quinta-feira, 29 de janeiro de 2015 18:44
Para: Flávio leandro de Souza
Assunto: Negro Cidadão. Negra Cidadã. Religião e Folclore à parte.
Meus Amigos e Minhas Amigas.
Mesmo sofrendo discriminação, racismo, ameaças e ofensas de cidadãos negros como eu, (participei do Premio Afro como o projeto Sagração às Yaôs e não fui informado e nem convidado para a festa de Premiação) tenho usado este espaço democrático de debate, discussão e proposta da comunidade negra para expor minha indignação, mas também meu contentamento com ações legítimas que venham de encontro às necessidades e bem estar da minha raça. Uma das minhas críticas e ojeriza é contra os tais Conselhos Estaduais e Municipais dos Negros que nada mais são de que um cala a boca crioulo.
A imprensa em geral vem divulgando a promiscuidade na criação de cargos públicos, promovidas e patrocinadas pelo Prefeito Eduardo Paes para agradar aos partidos que irão apoiar o seu sucessor à prefeitura, em 2016, o Deputado Federal Pedro Paulo. São centenas de cargos no primeiro, segundo e terceiro escalão da prefeitura num loteamento que irá explodir os gastos públicos, pago por nós contribuintes.
Ai vem a pergunta que não quer calar: para essas centenas de cargos foi nomeado algum cidadão ou cidadã negra? NÃO!!!! E a prefeitura mantém sem verbas, sem atenção, sem proposta e objetivo algum o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos dos Negros – COMDEDINE. Eu pergunto para que existir essa porcaria já que ela não seve para coisa alguma? Resposta: é para dar um cala um boca crioulo. Cola-se meia dúzia de vendilhões da raça num conselho que não funciona, não resolve a problemática do negro, não tem proposta e nem projetos. Existe para vergonha e degradação da raça.
O mesmo ocorre com o Estado do Rio de Janeiro onde existe outra porcaria chamada de Conselho Estadual de Defesa do Negro – CEDINE. Algumas pessoas só sabem da existência desse lixo político quando os seus capitães do mato pós-moderno se levantam para defender os Sérgios Cabral os e os Pezões da vida, acusados deter uma polícia que promove o genocídio contra os negros fluminense. Ai os párias do CEDINE se apresentam. E são bons nisso; mesmo que à custa das lágrimas e do sofrimento de inúmeras mães negras diante do seu filho barbaramente assassinado por uma polícia exterminadora de jovens negros.
Em um mês, mais de dez crianças negras foram vítimas de balas perdidas que saíram dos fuzis dos policiais cariocas e fluminenses. É uma dor incomensurável estarmos diante de uma mãe negra chorando seu filho ou a sua filha, com menos de doze anos, mortos brutalmente por uma polícia despreparada e com a hedionda cultura do manda bala que são crioulos.
Repensar nossa postura como cidadão e cidadã negra é mais que urgente. Nossas ações são vistas como folclóricas; nossos debates públicos são vistos com indiferença; nossas propostas não são ouvidas; nossos projetos não são enquadrados em nenhuma emenda parlamentar ou ação de governos...
Pelo fim dos Conselhos Estaduais e Municipais de Defesa do Negro, não nos representam. Chega de presepada! Basta das ações negras que terminam em cultos evangélicos e em macumba. Sejamos sérios com as nossas propostas e lutas para sermos tratados com seriedade. Então, essas mesmas propostas e lutas serão vitoriosas e não mais uma atração folclórica para os que riem e zombam do nosso desespero.
Abraços a todos.
Flávio Leandro
Cineasta, Professor de Produção de Cinema e Vídeo, Professor de Produção Teatral.