segunda-feira, 2 de março de 2009

Boxeadores Cubanos

OS ARREPENDIDOS

Percival Puggina

01/03/2009



Existem fatos que, de modo impiedoso, nocauteiam suas versões. O leitor
certamente lembra dos dois boxeadores cubanos que desertaram durante o
Pan e acabaram deportados. A respeito deles, o que mais se ouviu na
versão oficial foi que “estavam arrependidos” e “pedindo para voltar”.
Talvez nada retrate melhor essa lorota do que o texto de conhecido
jornalista econômico, intitulado “O caso dos pugilistas cubanos”
(procure por tal título na internet e divirta-se). Nessa pérola do
servilismo digital afirma-se que eles haviam sido “enganados por um
empresário europeu, passaram alguns dias em uma boa farra, enquanto
aguardavam para fugir para a Europa (...) até que se deram conta de que
os empresários eram malandros”. Em vista disso, esclarece o companheiro
jornalista, ambos se “apresentaram numa delegacia” – ao que junta um
competentíssimo “se não me engano” – “pedindo para voltar para Cuba”.
Não, ele não se engana. A serviço da causa, como muitos outros, ele quis
nos enganar a todos.

Mas o difícil, mesmo, é iludir os fatos. Meses depois, Erislandy Lara se
arrependeu do arrependimento e escapou de Cuba para o México, contratado
pelo mesmo empresário que tramara a fuga no Brasil. Livre e solto, como
convém aos seres humanos, informou que o colega Rigondeaux, parceiro na
empreitada daqui, permanecia em Havana, vivendo de biscates, proibido de
lutar. Aliás, sobre isso nunca houve dúvida porque, tão logo os teve de
volta, Fidel declarou ao Granma que atleta que abandona delegação é como
“soldado desertor”. E lá ficou Rigondeaux, talentoso bicampeão olímpico
e mundial, passando necessidades para sobreviver, curtindo remorso. Até
que, agora, agorinha mesmo, na última segunda-feira, arrependeu-se do
arrependimento e evadiu-se para Miami, onde permanece, livre e solto
como até às pombas convém. Exatamente como estava quando seu sonho foi
truncado pela intervenção das nossas autoridades.

Deus, como os fatos são reacionários! A fuga do segundo boxeador joga na
lona, com olho roxo, a versão brasileira. Por que não tiveram para com
os rapazes uma fração do respeito que devotam para com seus algozes em
Cuba? Foi o afeto e a reverência que nossos governantes dedicam a Fidel
que geraram a constrangedora seqüência de erros. O maior de todos, sem
dúvida, foi o total isolamento dos atletas enquanto estiveram sob seu
zelo e vigilância. Graças a isso, por vários meses, só tivemos versão e
quase nenhum fato.

Mas não foi preciso contar até dez. Teimosos, os eventos se ergueram
como se não soubessem com quem estavam lutando. E aprontaram esse tipo
de constrangimento. A propósito, convém esclarecer: é bem provável,
mesmo, que os cubanos, quando presos no Brasil, conscientes de que
voltariam para a ilha-presídio, se tenham declarado “arrependidos”. Esse
arrependimento, formal, faz parte da liturgia comunista desde os tempos
de Stalin. É algo que não se passa no plano da consciência, mas um pouco
mais abaixo, ali onde o medo se manifesta. A primeira exigência que
incide sobre quem cai em desgraça é esse “arrependimento”. Depois
sobrevêm, impiedosas, as punições. Stalin esperava o arrependimento
público, cobrava a delação de todos os dissidentes falsos ou reais,
aguardava o pedido de compaixão e só então mandava matar. Coisa de
alguns milhões, apenas.

O médico cubano Oscar Elias Biscet, por outro lado, resolveu lutar com
os fatos. Começou a fazer discursos contra o aborto, no hospital onde
trabalhava, e agora cumpre pena de 25 anos de prisão. Mas para o
humanista e solidário governo brasileiro, claro, isso não quer dizer
coisa alguma. Imprestável, mesmo, é a justiça italiana.

Especial para ZERO HORA, 01/03/2009

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So para ser educado:
A verdade de seu Genro tem tem uma perna menor que a outra!


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HEITOR (*_*) CARLOS


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"Estamos convencidos de que a mudança histórica em perspectiva
provirá de um movimento de baixo para cima,
tendo como atores principais os países subdesenvolvidos
e não os países ricos; os deserdados e os pobres
e não os opulentos e outras classes obesas;
o indivíduo liberado partícipe das novas massas
e não o homem acorrentado;
o pensamento livre e não o discurso único.
Os pobres não se entregam e descobrem a cada dia
formas inéditas de trabalho e de luta;
a semente do entendimento já está plantada e o passo seguinte é o seu florescimento
em atitudes de inconformidade e, talvez, rebeldia."

Milton Santos em Por Uma Outra Globalização - Do Pensamento Único à Consciência Universal
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