sexta-feira, 20 de março de 2009

Maurren Maggi

11/03/2009 - 08h00
Após lesão e rotina de celebridade, Maurren se concentra no MundialRafael Krieger
Em Bragança Paulista (SP)
Desde a conquista do ouro histórico no ano passado, Maurren Maggi já tinha definido que o Mundial de Atletismo seria seu próximo objetivo. E é pensando em saltar bem lá que ela treina dia após dia, de olho na lesão do joelho que sentiu já durante as Olimpíadas. A dor a tirou da última competição marcada na França, mas não atrapalha a sua rotina de treinamento. A luta da atleta é para recuperar o tempo perdido com a rotina de celebridade pós-Pequim.


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Ser a primeira mulher a trazer uma medalha de ouro em provas individuais nas Olimpíadas tem o seu preço. Maurren Maggi virou símbolo nacional e ganhou visibilidade em publicidade, programas de TV e eventos promocionais, mas acabou atrasando a sua preparação para a competição de salto em distância do Mundial de Berlim, que acontece em agosto. Nada que preocupe a atleta, que tratou mesmo é de aproveitar a rotina fora do esporte.

"Logo depois das Olimpíadas, houve compromissos inadiáveis. Ela gosta disso, na verdade. E isso nos fez atrasar um pouco a preparação dela. Agora, a gente está sendo muito mais seletivo em relação ao que ela pode fazer, porque tem que treinar todo o dia, não tem mais jeito, ela não tem mais tanta disponibilidade", revela o técnico Nélio Moura.

Se o segundo semestre do ano passado foi de celebração, 2009 já começou com tudo para Maurren. Ao mesmo tempo em que tenta compensar a pausa ocorrida depois das Olimpíadas, ela se recupera da lesão no tendão patelar do joelho direito, que não chegou a atrapalhá-la em Pequim.

"Mesmo com dor, a gente treina e compete, foi assim em Pequim. Em Paris, não deu porque a minha prioridade é o Mundial", explica Maurren, justificando a sua ausência no meeting francês. Ela competiria durante a turnê de treinos europeia realizada em fevereiro "só para quebrar um pouco a monotonia do treino", segundo o técnico Nélio Moura.

"A Maurren nem estava planejada para competir no circuito indoor, mas o treino dela estava evoluindo tão bem que decidimos inscrevê-la para participar de uma competição. Mas, até em função dos treinos fortes, ela teve essa queixa, e não faz sentido entrar com dores", explica Nélio, lembrando que "se fosse uma competição importante, ela poderia competir bem".

Antes do Mundial, Maurren ainda vai saltar diante da torcida brasileira, na série de competições em território nacional que envolve inclusive o Troféu Brasil de Atletismo. Enquanto isso, a atleta pode ser encontrada todos os dias úteis treinando na pista do Ibirapuera, que ela considera "o quintal de casa". Mas a parte mais intensa do treino está concentrada no centro de treinamento da Rede Atletismo em Bragança Paulista.

O treino

Após correr sob o sol escaldante das 11 horas da manhã em Bragança, a campeã olímpica conversa com o auxiliar da caixa de areia, que pergunta: "Não vai saltar não? Quero ver". A atleta responde: "Só na semana que vem". Enquanto prepara o chão para outro atleta saltar, o rapaz reclama: "Ah, aí eu não vou estar aqui para ver".

Logo em seguida, Maurren pega uma bola que parece ser de basquete (mas na realidade é bem mais pesada) e faz diversos arremessos, de costas, em direção a uma parede de grama que fica logo ao lado da pista de atletismo do novo centro de treinamento da Rede Atletismo.

"IBIRAPUERA É MEU QUINTAL"

Em meio ao clima bucólico do centro de treinamento de Bragança Paulista...

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Depois, tira o tênis e coloca várias marcações no chão para fazer uma série de pequenos saltos consecutivos na grama mesmo, descalça. O movimento no centro de treinamento é grande e alguns atletas chegam a atravessar o trajeto percorrido por Maurren. Concentrada, ignora a maioria. Com alguns, troca palavras de saudação.

Uma conversa com Nélio Moura e a sessão de massagem com gelo fecham a sessão de treinos de técnica e velocidade, que são realizados todas as quartas-feiras, em Bragança Paulista. E apesar da reclamação do auxiliar da caixa de areia, Maurren esclarece: "Meu treino está tendo bastante salto sim, mas com uma dosagem menor. Não deixo de saltar por causa disso [da lesão], para me fazer parar de saltar tem que ser muito mais que isso".

O importante para ela é continuar treinando cada vez melhor, para ganhar confiança e chegar bem nas competições mais fortes. "O joelho tem umas dorzinhas que vêm e vão, mas é normal, porque todo atleta que treina muito forte tem dor em algum lugar, e saltadores têm tendência a ter dor no joelho", explica. "Em nenhum momento a gente interrompeu o treinamento dela com essa queixa, só adaptamos, mas não paramos", completa Nélio.

Para o Mundial, Maurren não projeta essa ou outra medalha. Diz que só quer chegar na melhor forma e saltar bem, aproveitando todas as oportunidades, que o bom resultado vai aparecer. Nélio já é mais específico: "Pela expectativa, saltar bem continua fazer acima de 7 metros dentro da grande competição. Isso historicamente vai dar uma medalha, a gente só não sabe a cor".

Se Maurren ainda não sabe a cor da medalha, a sua filha Sofia também não fez nenhum pedido ainda. "Mas ela gosta do ouro agora. Tomara que ela peça o ouro. Ainda bem que ela nem sabe que existe o bronze", brinca.
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