Sinalizar esta mensagem[Carta O BERRO] Nostagia da ditadura /Em rompante de nostalgia, Folha saúda o regime militarSábado, 21 de Fevereiro de 2009 15:05
De: "Vanderley Caixe"
CARTA O BERRO. ..........repassem.
Nossa posição e de outros companheiros:
Prezados senhores da Folha de São Paulo,
há dias venho lendo com certa indignação uma série de pronunciamentos e respostas dessa FSP aos leitores que repudiaram o texto editorial "ditabranda".
Na edição de hoje, 20/02, a indignação foi maior em vista da resposta dessa redação aos professores Maria Victoria Benevides e Fábio Konder Comparato.
Respostas essas, senhores, que me atrevo dizer, "argumentos de moleque", tentando justificar o injustificável.
Fui uma das milhares de vítimas dessa Ditadura, preso, torturado , assim como outros que "desapareceram" ou assassinados quando a evidência era impossível de encobrir.
O Brasil todo sofreu nas mãos desses vândalos. E vosso jornal sabe muito bem das viaturas dessa FSP que serviram de "cavalo de Tróia" da repressão e do DOI-CODI (o açougue da ditadura).
Portanto, creio que a atitude digna desse jornal nesse momento seria dizer :ERRAMOS!
Saudações!
Vanderley Caixe, advogado
residente e domiciliado em Ribeirão Preto,
rua visconde de Inhaúma 490, conjunto 501
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Senhores,
Registro meu mais veemente protesto e repúdio à nota da redação do Jornal "Folha de S. Paulo", em sua edição desta sexta-feira, 20 de fevereiro, dirigida contra os professores Maria Victoria Benevides e Fábio Konder Comparato. O deboche e o desrespeito ali contidos, são capazes de indignar até as pedras.
Não há o que explicar ou argumentar. Os termos da nota, condenáveis por definição em qualquer circunstância (e não importa a quem se referissem), tornam-se ainda mais execráveis, pois dirigidos a duas das maiores figuras do pouco que resta de reserva moral e ética neste país.
Por fim, me solidarizo incondicionalmente com os dois professores e faço minhas suas palavras a respeito da utilização da palavra "ditabranda" para nomear o regime que aqui se implantou há exatos 45 anos, com o golpe de 31 de março. Regime do qual, os professores Maria Victoria e Comparato, bem o autor desta mensagem (além de milhões de outros brasileiros), podemos dizer de cabeça eguida, jamais fomos cúmplices.
Alipio Freire
Jornalista e escritor
From: Augusto Buonicore
To: ;
Subject: A FOLHA E A DITADURA MILITAR
Date: Fri, 20 Feb 2009 12:00:55 -0300
Camaradas
Depois de definir a ditadura militar brasileira de "ditabranda", a Folha de São Paulo ofendeu os professores Maria Victória Benevides e Fábio Konder Comparato, chamando-os de cínicos e mentirosos (vejam abaixo). Com isso o grupo Folha se reconcilia com o seu passado sombrio, quando dava apoio, moral e material, aos órgãos de repressão.
Não podemos nos calar diante de tais agressões.
Um grande abraço
Augusto Buonicore
----- Original Message -----
From: caio toledo
To: caio n. de toledo
Sent: Friday, February 20, 2009 11:09 AM
Subject: REPÚDIO Á FOLHA DE S. PAULO
Car@s,
carta que enviei a colegas da Unicamp. Caso concordem com seus termos, peço que a divulguem em suas listas;
abs,
caio
ps. cartas de protesto à Folha devem ser encaminhadas a leitor@uol.com.br com cópia para ombudsman@uol.com.br
Colegas,
Repulsivas e agressivas duas recentes posições editoriais de Folha de S. Paulo: em `Limites a Chavez´, editorial de 17/2, o jornal apela para a ignominiosa expressão de "ditabranda" para se referir à ditadura militar brasileira que, durante vinte anos, prendeu, torturou e assassinou brasileiras e brasileiros; hoje, após publicar as cartas dos profs. Maria Victoria Benevides e Fábio Konder Comparato - que contestaram o emprego da esdrúxula e falsificadora expressão -, o jornal, sem argumentos e razões, agride a atuação pública destes dois combativos intelectuais por meio de uma leviana "nota de redação".
Diante de todas estas agressões ao pensamento democrático, cartas de protesto ao jornal e o cancelamento da assinatura não seriam as respostas mais consequentes ?
sds,
caio
20 DE FEVEREIRO DE 2009 - 21h56
Em rompante de nostalgia, Folha saúda o regime militar
Faz quase um ano que o jornalista Paulo Henrique Amorim desafia a Folha de S.Paulo a “tirar os cães de guarda do armário e confessar que foi ‘Cão de Guarda’ do regime militar” brasileiro. A julgar pelos fatos da semana, pode-se dizer o jornal da família Frias nunca esteve tão próximo da confissão.
Por André Cintra
A nostalgia da Folha começou a se evidenciar num editorial de 425 palavras sobre o presidente venezuelano, Hugo Chávez. O texto, publicado na última terça-feira (17), chega a comparar a Revolução Bolivariana na Venezuela e a ditadura brasileira. Diz o jornal: “Em dez anos de poder, Hugo Chávez submeteu, pouco a pouco, o Legislativo e o Judiciário aos desígnios da Presidência. Fechou o círculo de mando ao impor-se à PDVSA, a gigante estatal do petróleo”.
Em meio a essas teorizações enviesadas, o editorial não esconde a opinião da Folha e sua larga simpatia pelo regime militar brasileiro: “As chamadas ‘ditabrandas’ — caso do Brasil entre 1964 e 1985 — partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça”.
É muito curioso que a Folha destaque tais “formas controladas de disputa política” justamente em contraste com Chávez — o único presidente do mundo que chamou seu povo às urnas nada menos que 15 vezes nos últimos dez anos, em eleições, referendos e plebiscitos. Quando foi que os brasileiros puderam exercer esse direito durante os 21 anos de regime militar? A Folha seria capaz de lembrar uma única experiência do gênero?
De forma cristalina, o editorial de terça-feira alardeia que Chávez — ou melhor, “o caudilho venezuelano”, com seu “rolo compressor do bonapartismo” — tem muito a aprender com os generais-presidentes do Brasil. Aprender o quê? A cassar direitos de lideranças políticas e sociais à moda Castello Branco? A levar para a Venezuela a experiência do AI-5 — “forma controlada” de “acesso à Justiça” no Brasil de Costa e Silva e Médici? A seguir o exemplo da dupla Geisel-Figueiredo e falar em distensão do regime, em abertura “lenta, gradual e segura” — mas ainda promover mais mártires como Vladimir Herzog, novas chacinas como a da Lapa e outros atentados como os do Riocentro?
Repercussão à altura
Cartas e e-mails de repúdio à Folha choveram a cântaros após a publicação do editorial. Um dos leitores mais indignados era Sergio Pinheiro Lopes, que classificou a opinião da Folha como “lamentável, mas profundamente lamentável mesmo, especialmente para quem viveu e enterrou seus mortos naqueles anos de chumbo. É um tapa na cara da história da nação e uma vergonha para este diário”.
As ponderações essenciais do leitor não foram suficientes para dissuadir a Folha. Uma “nota da redação” do jornal enunciava: “Na comparação com outros regimes instalados na região no período, a ditadura brasileira apresentou níveis baixos de violência política e institucional”. Para a Folha, ditadura só é ditadura pra valer se estiver na ponta do ranking do totalitarismo e empilhar mortos aos milhares. Como se antevisse a resposta do jornal, Sergio fez em sua carta um questionamento inapelável: “Quantos mortos, quantos desaparecidos e quantos expatriados são necessários para uma ‘ditabranda’ ser chamada de ditadura?”.
Dois intelectuais de respeito — os professores universitários Fábio Konder Comparato (aposentado) e Maria Victoria de Mesquita Benevides, da USP — saíram em defesa das vítimas da ditadura esculhambadas pelo editorial da Folha. “Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de ‘ditabranda’? Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar “importâncias” e estatísticas”, escreveu Maria Benevides. “Pelo mesmo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi ‘doce’ se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a senzala — que horror!”.
Já Comparato, ao sustentar que “o leitor Sergio Pinheiro Lopes tem carradas de razão”, cobrou a Folha: “O autor do vergonhoso editorial de 17 de fevereiro, bem como o diretor que o aprovou, deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo, menos com o respeito devido à pessoa humana”.
Como a Folha está convicta das benesses da ditadura brasileira e não reconhece discordâncias, o jeito foi desqualificar seus missivistas: “Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua ‘indignação’ é obviamente cínica e mentirosa”.
A arrogância da Folha segue rendendo contestações, como a do professor Caio Toledo, que escreveu a seus colegas de Unicamp. O texto de Toledo tacha de “repulsivas e agressivas” as “posições editoriais de Folha” e se solidariza com Maria Benevides e Comparato. “O jornal, sem argumentos e razões, agride a atuação pública destes dois combativos intelectuais por meio de uma leviana ‘nota de redação’. Diante de todas estas agressões ao pensamento democrático, cartas de protesto ao jornal e o cancelamento da assinatura não seriam as respostas mais consequentes?”.
Em entrevista ao Comunique-se, o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo, não poupou a Folha. “É lamentável que se proceda a uma revisão histórica dessa natureza. O que era negativo passa a ser positivo, dando absolvição àqueles que violaram os direitos constitucionais e cometeram crimes, como o assassinato do jornalista Vladimir Herzog nos porões do Doi-Codi”, afirma Azedo. “Dizer que houve acesso à Justiça é uma falsidade de caráter histórico que deveria causar vergonha à Folha de S. Paulo.”
Um veículo pró-regime
Não é de estranhar a defesa que a família Frias faz dos militares. Octavio Frias de Oliveira (1912-2007), o patriarca do clã, adquiriu em 1962 a Folha de S.Paulo — um jornal enforcado em dívidas, que demorou cerca de 15 anos para se tornar um investimento rentável. Uma das razões pelas quais a Folha se salvou financeiramente foi o laço íntimo com todos os generais-presidentes da ditadura.
Numa de suas raríssimas entrevistas, concedida em 2003, Frias-pai comentou sobre esses relacionamentos com o poder — e mentiu. “Eu sempre me mantive afastado do poder. Para ser independente você tem que estar um pouco distante porque senão entra numa situação moral difícil”, disse o ex-publisher da Folha. “Não tenho histórias para contar a este respeito porque sempre procurei manter uma distância entre a posição do jornal, a minha pessoal e os dirigentes do país”.
Mais adiante, na mesma entrevista, Frias se contradiz: “Na época da ditadura, acho que no governo Médici, o chefe da Casa Militar, com quem eu tinha certa relação, não me lembro o nome dele, me telefona e diz: ‘Ô Frias aqui quem fala não é o seu amigo não, é o chefe da Casa Militar Ou você muda esse jornal aí ou nós vamos fechar’. Eu mudei”.
O relato de Frias, ainda assim, não entrega tudo o que a Folha fez na conta do regime, como o odioso empréstimo de peruas C-14 do jornal ao DOI-Codi, para o transporte de presos políticos rumo ao encarceramento, à tortura e, não raro, à morte na Operação Bandeirantes (Oban). Na época, manifestantes chegaram a queimar veículos da Folha em protesto contra a morte de seus companheiros de luta.
No livro Cães de Guarda — Jornalistas e Censores do AI-5 à Constituição de 1988, Beatriz Kushnir dá mais detalhes da promiscuidade. A Folha da Tarde, especialmente, contou com uma matilha de jornalistas colaboracionistas — os “cães de guarda” — e era conhecido como “o jornal de maior tiragem” — ou seja, com mais tiras na redação.
No combate aos “subversivos”, a FT se antecipava ao regime e fazia o papel de porta-voz. Chegou a divulgar a morte do metalúrgico Joaquim Seixas, o Roque, antes mesmo de ele ser assassinado nos porões da ditadura — mas sonegou informações sobre a prisão de Frei Betto (como o fato de o frade ser repórter do jornal) e não noticiou a heróica missa ecumênica a Vladimir Herzog na Catedral da Sé.
Frias-pai não está mais vivo, mas dois de seus filhos continuam à frente da Folha de S.Paulo — Luís Frias como presidente do grupo Folha e Otavio Frias Filho, o Otavinho, como diretor de redação do jornal. Parece caber a eles, de forma progressiva, restabelecer e edulcorar as mais sombrias memórias da família Frias e da Folha. Memórias de um tempo em que a concessão da “ditabranda” era garantida aos fantoches das elites e da grande mídia — não ao Brasil, nem aos brasileiros.
-----Anexo incorporado-----
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