terça-feira, 1 de setembro de 2009

Morre Abdias dos Santos

Morre Abdias dos Santos:

sindicalismo de luta perde um de seus expoentes

A morte de Abdias José dos Santos, aos 77 anos, é uma perda para o movimento sindical brasileiro. Abdias foi um dos fundadores da Central Única dos Trabalhadores/CUT, que se constituiu no processo de redemocratização do país, em agosto de 1983. Na época, representou os metalúrgicos fluminenses na direção nacional da CUT, sendo eleito o seu primeiro tesoureiro.

Alagoano, Abdias repetiu a trajetória de tantos nordestinos que vinham para o sul, em busca de oportunidade de trabalho. No Rio, foi morar no Morro de São Carlos, onde teve início a sua militância nos movimentos popular e sindical. Nos anos de 1960, participou da Ação Operária Católica. Nas duas décadas seguintes, foi um dos protagonistas do “novo sindicalismo”, que deu origem à CUT e se contrapunha às práticas “pelegas” e ao atrelamento dos sindicatos ao Estado. Além de participar da primeira direção da CUT nacional, também ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT).

Durante três gestões, Abdias foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro. Na época, era um dos principais sindicatos do Estado, graças à forte presença da indústria naval e de reparos na região. Depois de um período de afastamento, retomou a militância sindical. Atualmente, participava da direção do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Aposentados e Idosos, filiado à CUT.

Meses antes de morrer, foi homenageado com a Medalha Pedro Ernesto, concedida pela Câmara de Vereadores do Rio; e com a Medalha Tiradentes, comenda máxima dada a personalidades pela Assembléia Legislativa do Estado (Alerj).

Abdias morreu por volta de 3 horas do dia 31 de agosto, sendo enterrado no cemitário de São Miguel, em São Gonçalo (RJ), cidade onde viveu nos últimos anos. Publicou quatro livros, todos com temática semelhante, retratando, a partir de suas próprias experiências, a vida do operário brasileiro. Foi um dos poucos sindicalistas que registrou sua trajetória, contribuindo para que não se apague a memória da classe operária.

Sindipetro-RJ presente nas homenagens

João Leal, assessor do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-RJ), que também foi metalúrgico, viveu dois momentos importantes ao lado de Abdias dos Santos. Maranhense, Leal acabara de chegar ao Rio e foi se instalar no Morro de São Carlos, vizinho à família de Abdias. Então, ajudou a carregar nos ombros os móveis de seus familiares, que estavam de mudança para a Bahia. “Na época, Abdias estava refugiado, vivendo clandestinamente em Salvador. Estava sendo perseguido por sua atuação no movimento dos moradores das favelas. A experiência vivida na Bahia inspirou seu primeiro livro, O Biscateiro, profissão que se viu forçado a exercer, durante a clandestinidade”.

Na greve dos operários da Fiat, em 1981, os caminhos de Leal e Abdias também se cruzaram. João Leal era da Comissão de Fábrica da Fiat e Abdias José dos Santos estava apoiando a greve, colocando a disposição dos grevistas toda a estrutura do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói.


No cemitério de São Miguel, na despedida do companheiro, estavam presentes muitos dirigentes sindicais, a prefeita de São Gonçalo, o representante do governo Lula, deputado federal Luís Sérgio (PT), e a secretária Benedita da Silva, representando o governo do Estado. A direção Colegiada do Sindipetro-RJ foi representada pelo assessor João Leal.


Fonte: Agência Petroleira de Notícias, 31-08-09

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