quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Vandalismo na Assembléia Gaúcha





ASSEMBLEIA ATACADA
Os 40 minutos que violaram o parlamentoManchas de tinta guache e adesivos com os dizeres “Fora Yeda” foram a marca deixada ontem na Assembleia Legislativa por um grupo de manifestantes de oposição ao governo.

Durante 40 minutos, estudantes e sindicalistas tomaram conta dos corredores do Palácio Farroupilha, e protestaram no gabinete do deputado Coffy Rodrigues (PSDB). Horas antes, 19 monumentos de Porto Alegre e Canoas tinham amanhecido cobertos com capuzes pretos (leia reportagem na página 5). A atitude dos manifestantes atraiu repúdio do presidente da Assembleia, Ivar Pavan (PT), e até mesmo da oposição ao governo.

Relator da CPI da Corrupção e aliado da governadora Yeda Crusius, o tucano Coffy foi o alvo escolhido pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais, que tem liderado protestos contra o governo. Em meio às atividades de uma jornada nacional de manifestações, o Dia em Defesa do Piso Nacional, transcorrido ontem, os sindicalistas agregaram duas bandeiras locais: o afastamento de Coffy da relatoria da CPI da Corrupção e o impeachment da governadora. Estudantes também participaram do ato. Na noite de ontem, a presidente do Cpers-Sindicato, Rejane de Oliveira, insinuou que deputados que não cumprirem o seu papel na CPI, serão alvos de manifestações nas suas bases eleitorais.

Comandados por militantes do PT e do PSOL, integrantes do Fórum começaram o dia com um protesto na Esquina Democrática, centro da Capital. Usando capuzes, eles caminharam até o Palácio Piratini e a Assembleia. Em frente ao Palácio Farroupilha, uniram-se a estudantes de 15 escolas que haviam se deslocado em passeata do Colégio Estadual Julio de Castilhos. A Brigada Militar calculou em algumas centenas os integrantes das manifestações.

Por volta das 11h, dezenas de estudantes entraram no Palácio Farroupilha com rostos pintados, adesivos colados pelo corpo e palavras de ordem em direção ao quarto andar, onde está localizado o gabinete de Coffy. Os jovens foram recebidos pelo próprio deputado e entregaram um documento em que pedem a saída de Yeda do governo e o afastamento dele da relatoria da CPI. Durante o ato, eles lotaram os corredores de acesso a outros gabinetes. Com os seguranças da Assembleia a postos, deixaram o prédio.

– Nem sempre a gente ganha o que pede. Faz parte do processo democrático – disse Coffy, momentos depois do ato.

E ironizou:

– Quando vim de Canoas, vi cartazes na BR-116 citando meu nome. Fizeram uns cartazes muito pequenos. Deveriam fazer outdoors.

Professor de Ciência Política da UFRGS, André Marenco afirmou que, independentemente da opinião que se possa ter sobre a conduta do relator da comissão, o protesto dos estudantes teve componentes antidemocráticos.

– Coffy está representando uma parcela que existe na Assembleia. Pode-se criticá-lo, mas não acho democrático pedir a sua substituição. Menos democrático ainda um comportamento de deterioração de prédios públicos – opinou.

Até parlamentares de oposição ao governo consideraram que o protesto ultrapassou os limites. É o caso do líder da bancada do PSB, deputado Miki Breier.

– Como professor, sempre entendi que os estudantes têm de se manifestar, mas toda manifestação tem de ter respeito ao que é de todos.

O líder da bancada do PT, Elvino Bohn Gass, admitiu que houve excessos, mas afirmou:

– Os jovens podem até ter exagerado, mas é pouco frente ao exagero de corrupção que existe no Estado e da ação da maioria da Assembleia.



Fonte: Zero Hora

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