segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Cesare Battisti

Estimados amigos e amigas

Em anexo há uma carta muito bem argumentada em
defesa da liberdade de Cesare Battisti, escrita pelo Carlos Lungarzo da anistia
Internacional.

Recomendamos que todos que desejem, reenviem
tambem subscrevendo, para o Ministro Gilmar Mendes
mgilmar@stf.gov.br

e para a Presidencia da Rpeublica, que ao
final de tudo, será quem  vai decidir. 
pr@planalto.gov.br


abs

setor de DH


















De:
Carlos Lungarzo <carlos.lungarzo@gmail.com>
Assunto:
Carta Aberta ao Presidente do Supremo Tribunal
Federal
Data: Sábado, 14 de Novembro de 2009, 22:31



Prezados amigos:
Por gentileza do
companheiro Celso Lungaretti, tive acesso aos e-mails de
vocês, e estou enviando uma cópia de uma carta aberta dirigida
ao presidente do STF,  com relação ao caso
Battisti.

Agradecerei enormemente
sua difusão e publicação por quaisquer métodos.

Abraços e
Obrigado

Carlos
Lungarzo

Anistia
Internacional






 

Carta aberta de Cesare
Battisti a Lula e ao Povo Brasileiro



14 de Novembro de
2009
 


“CARTA ABERTA”
AO EXCELENTÍSSIMO
SENHOR
LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA
PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL
SUPREMO MAGISTRADO DA NAÇÃO BRASILEIRA
AO POVO BRASILEIRO


“Trinta anos mudam muitas coisas na vida dos
homens, e às vezes fazem uma vida toda”. (O homem em revolta - Albert
Camus)


Se olharmos um pouco nosso passado a partir de um
ponto de vista histórico, quantos entre nós, podem sinceramente dizer que nunca
desejou afirmar a própria humanidade, de desenvolvê-la em todos os seus aspectos
em uma ampla liberdade. Poucos. Pouquíssimos são os homens e mulheres de minha
geração que não sonharam com um mundo diferente, mais justo.


Entretanto, frequentemente, por pura curiosidade
ou circunstâncias, somente alguns decidiram lançar-se na luta, sacrificando a
própria vida.


A minha história pessoal é notoriamente bastante
conhecida para voltar de novo sobre as relações da escolha que me levou à luta
armada. Apenas sei que éramos milhares, e que alguns morreram, outros estão
presos, e muito exilados.


Sabíamos que podia acabar assim. Quantos foram os
exemplos de revolução que faliram e que a história já nos havia revelado? Ainda
assim, recomeçamos, erramos e até perdemos. Não tudo! Os sonhos continuam!


Muitas conquistas sociais que hoje os italianos
estão usufruindo foram conquistadas graças ao sangue derramado por esses
companheiros da utopia. Eu sou fruto desses anos 70, assim como muitos outros
aqui no Brasil, inclusive muitos companheiros que hoje são responsáveis pelos
destinos do povo brasileiro. Eu na verdade não perdi nada, porque não lutei por
algo que podia levar comigo. Mas agora, detido aqui no Brasil não posso aceitar
a humilhação de ser tratado de criminoso comum.


Por isso, frente à surpreendente obstinação de
alguns ministros do STF que não querem ver o que era realmente a Itália dos anos
70, que me negam a intenção de meus atos; que fecharam os olhos frente à total
falta de provas técnicas de minha culpabilidade referente aos quatro homicídios
a mim atribuídos; não reconhecem a revelia do meu julgamento; a prescrição e
quem sabem qual outro impedimento à extradição.


Além de tudo, é surpreendente e absurdo, que a
Itália tenha me condenado por ativismo político e no Brasil alguns poucos teimam
em me extraditar com base em envolvimento em crime comum. É um absurdo,
principalmente por ter recebido do Governo Brasileiro a condição de refugiado,
decisão à qual serei eternamente grato.


E frente ao fato das enormes dificuldades de
ganhar essa batalha contra o poderoso governo italiano, o qual usou de todos os
argumentos, ferramentas e armas, não me resta outra alternativa a não ser desde
agora entrar em “GREVE DE FOME TOTAL”, com o objetivo de que me sejam concedidos
os direitos estabelecidos no estatuto do refugiado e preso político. Espero com
isso impedir, num último ato de desespero, esta extradição, que para mim
equivale a uma pena de morte.



Sempre lutei pela vida, mas se é
para morrer, eu estou pronto, mas, nunca pela mão dos meus carrascos. Aqui neste
país, no Brasil, continuarei minha luta até o fim, e, embora cansado, jamais vou
desistir de lutar pela verdade. A verdade que alguns insistem em não querer ver,
e este é o pior dos cegos, aquele que não quer ver.


Findo esta carta, agradecendo aos companheiros
que desde o início da minha luta jamais me abandonaram e da mesma forma agradeço
àqueles que chegaram de última hora, mas, que têm a mesma importância daqueles
que estão ao meu lado desde o princípio de tudo. A vocês os meus sinceros
agradecimentos. E como última sugestão eu recomendo que vocês continuem lutando
pelos seus ideais, pelas suas convicções. Vale a pena!


Espero que o legado daqueles que tombaram no
front da batalha não fique em vão. Podemos até perder uma batalha, mas tenho
convicção de que a vitória nesta guerra está reservada aos que lutam pela
generosa causa da justiça e da liberdade.


Cesar Battisti,

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