sexta-feira, 12 de março de 2010

Conexão Repórter


Conexão Repórter QUI - 22h
O Programa Roberto Cabrini
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Para não levantar suspeita em Arapiraca, nossa equipe teve de se separar na hora da hospedagem

O ponto de partida da nossa reportagem foi um vídeo que recebemos no qual um padre de Arapiraca (AL) faz sexo com um rapaz. Então, partimos para a cidade para localizar os personagens centrais da história e comprovar a veracidade das imagens.



O levantamento inicial, encontrar as pessoas envolvidas no vídeo, levou cinco dias. Nosso primeiro contato foi com Fabiano, o rapaz que aparece ao lado do padre mantendo relações sexuais. Fabiano, hoje com 20 anos, relatou que se tornou coroinha na igreja com12 anos de idade e desde então foi assediado sexualmente pelo padre. Contou ainda que manteve um relacionamento com o religioso durante anos, e por isso desistiu do antigo sonho de se tornar padre.



Durante a apuração, outros jovens foram localizados dizendo que passaram pelo mesmo assédio, chegando a prática do sexo com os padres. Entre eles está um menino, de 11 anos. Ele afirmou que foi assediado por um outro padre da região. O testemunho deles é o que vocês podem conferir neste link.



Em seguida, procuramos os padres apontados nos relatos: os três principais nomes da Igreja em Arapiraca. Para não levantar suspeita, já que a cidade é pequena, nossa equipe se hospedou separadamente em hotéis não só na cidade, mas também na região.



Um a um, os religiosos foram localizados pela equipe. Os três padres negaram qualquer envolvimento com os garotos e jovens da cidade.



A fase final de nossa reportagem foi questionar os jovens envolvidos e acompanhá-los em seus depoimentos à promotoria de Alagoas. O promotor responsável pelo caso ouviu todos os envolvidos e, diante dos fatos narrados, encaminhou o material à Polícia Civil alagoana e pediu a instauração de um inquérito para apurar a denúncia. Atualmente, a investigação cabe a delegacia especializada em crimes contra a criança.




Se você souber de algo na sua cidade, encaminhe para a gente. Pode ser aqui pelo site (no Fale com o Cabrini) ou pelo e-mail conexaoreporter@sbt.com.br.


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Como chegamos até o grupo de aliciadores

O primeiro contato para começar a matéria de Tráfico de Crianças foi com o Ministério Público para saber se já havia alguma investigação em andamento. Paralelamente, começamos a buscar em sites de relacionamentos comunidades sobre o tema.

A primeira observação foi sobre a existência de "olheiros", ou seja, quem ajuda os aliciadores a encontrar novos "clientes".

O contato, com o apoio do Gaeco, aconteceu após uma semana com uma dessas olheiras. A aliciadora nos respondeu ainda no site de relacionamentos, e partimos para o primeiro encontro.

Com uma microcâmera nossa produção formou um casal, mas o contato seria feito principalmente por uma "amiga" da família interessada em adotar a criança. Logo depois do encontro com a aliciadora, o mecanismo usado pelo grupo ficou mais claro: ele atuava em outros Estados, nesse caso no interior da Bahia.
O esquema era simples: a aliciadora mantinha contato com os "clientes" para ganhar confiança. Enquanto isso, na Bahia, uma outra pessoa se encarregava de encontrar uma grávida para convence-la a ceder o filho em troca de pequenas quantias em dinheiro, promessas de emprego e para isso coagiam emocionalmente as mulheres.

Em São Paulo, um braço dessa organização. Um médico fazia a declaração falsa alterando a identidade da verdadeira mãe, possibilitando assim que a certidão de nascimento da criança fosse em nome dos pais adotivos, no caso nossos produtores, como se fossem os genitores.

Ao longo de 4 meses de investigação, nossa produção depositou R$ 1 mil na conta da aliciadora. Segundo ela, seria para cuidar da grávida, que nos foi apresentada em uma viagem até Encruzilhada (BA), com a vereadora da cidade - nesse encontro, ainda não havíamos comunicado às aliciadoras que eramos jornalistas.
Ainda no interior da Bahia a vereadora nos apresentou a jovem grávida, já conhecida sua do hospital onde ela trabalha como enfermeira.

Com o conhecimento do Ministério Público, todas as conversas foram gravadas. Em um segundo encontro com a vereadora, quando a questionamos sobre sua atuação no grupo de aliciadores para adoção ilegal de crianças (ato negador por ela) e assumimos a postura de jornalistas em busca de uma reportagem, constatamos com a grávida que o dinheiro depositado na conta da aliciadora nunca foi repassado para os cuidados do bebê.

Em São Paulo, Cabrini foi ao encontro da olheira, que se contradiz em relação a sua atuação no grupo de tráfico de crianças.

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Quem adota ilegalmente pode perder a criança
A adoção ilegal pode causar muitos transtornos para quem opta por essa alternativa. A começar pela perda da criança chegando a punição penal. O correto é procurar a vara da Infância e Juventude da cidade ou a da Jurisdição para dar entrada no processo. O desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Antônio Carlos Malheiros, coordenador da área da Infância e Juventude do órgão, explicou como o processo funciona e qual a maneira mais rápida para a adoção.

Qual o primeiro passo para adotar uma criança?
A.C.M.: Tem de procurar a vara da Infância e da Juventude do local onde o interessado mora - ou a da Jurisdição. A partir daí, vai passar por uma entrevista, dar as características da criança. Depois, haverá mais entrevistas com psicólogos, assistentes sociais, e receberá visitas domiciliar. Uma pessoa normal vai ser habilitada e terá de aguardar a criança com as características que pediu.

Isso pode demorar muito?
A.C.M.: Evidente que quanto menos exigência quanto ao tipo de criança, mais rapidamente essa criança vai chegar para ela. O tipo do adotante brasileiro é ainda aquele que quer uma menina de cor branca recém-nascida. Melhorou muito, mas é esse que ainda predomina. Nesse caso, vai ter de aguardar de dois anos a dois anos e meio. Agora, se eu quiser adotar qualquer criança, de qualquer idade, qualquer raça, com deficiência, em alguns meses estará com o filho em casa.

Existe alguma outra forma de adoção?
A.C.M.: Não existe, a não ser, de forma absolutamente excepcional, a adoção intuitu personae. É o caso de quando se existe um vínculo longo e forte com a criança, então você a adota sem entrar na fila. Por exemplo: uma empregada doméstica dá à luz, faz o registro em seu nome e desaparece. A criança passa a ser cuidada por uma outra família, o patrão no caso. Passam se sete anos, a criança esteve todo este tempo convivendo com os filhos da família, estuda na mesma escola, tem o mesmo plano de saúde; Já reconhece como pai e mãe a nova família. Nesse caso, a adoção é sem fila, mas ainda precisa ir até a vara da Infância e Juventude para fazer provas (de que a criança foi realmente abandonada). A princípio, o juiz dará uma guarda provisória e vai destituir a empregada, imaginária, do poder familiar. Mas isso não vale para um bebê que foi deixado na porta de uma casa há dois meses, pois o juiz vai colocá-lo para adoção na fila.

O que pode acontecer com quem adota uma criança ilegalmente?
A.C.M.: Ela pode perder a criança. Eventualmente, pode também ser responsabilizado penalmente quem registra uma criança como sua. Mas tem de ser examinado caso a caso. A punição mesmo é para quem oferece a criança, quem faz o tráfico, quem compra a criança.

Qualquer um pode adotar uma criança?
A.C.M.: Sim, qualquer pessoa com 18 anos, mesmo que seja sozinha, pode adotar uma criança. Pela nova lei de adoção, você pode adotar pessoas em qualquer idade, desde que o adotado seja 16 anos mais novo ao adotante.

Qual a dica para quem quer adotar?
A.C.M.: Adote regularmente! Isso que tem de ser frisado. Nada de buscar caminhos paralelos porque costuma dar confusões e confusões dolorosas.

Para quem quer doar sua criança, como fazer?
A.C.M.: A gestante deve avisar o médico que faz o pré-natal e o juiz da vara da Infância e Juventude será comunicado. Para quem não tem condições de criar o filho, esteja morando na rua com ele, tem de procurar a vara da Infância e Juventude e a criança será levada para um abrigo para ser adotada.

Fonte: SBT

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