sábado, 8 de maio de 2010

Demisão de Técnicos


Clubes da Série A mantêm rotina em 2010 e demitem mais da metade de seus técnicos
Luiz Gabriel Ribeiro*
Em São Paulo
CLUBES DO RIO 'ABUSAM' DAS TROCAS

Em menos de cinco meses, os quatro grandes do Rio de Janeiro trocaram de treinador. O Botafogo foi o primeiro a mudar e contratou Joel Santana (foto) para o lugar de Estevam Soares. O Vasco seguiu a mesma linha ao demitir Vagner Mancini. Gaúcho assumiu como interino e está agora no cargo.

O Fluminense demitiu Cuca para contratar Muricy Ramalho. O Flamengo não teve a paciência necessária para bancar Andrade e o dispensou. O rubro-negro se aproximou de Joel, campeão carioca com o Botafogo, mas não conseguiu convencer o treinador a deixar o clube rival. Sem opções no mercado, segue com o interino Rogério Lourenço. Isso tudo somente até a próxima mudança.

TEMPORADA ACABA COM SUPREMACIAS ESTADUAIS
O QUE VOCÊ SABE SOBRE OS CAMPEÕES DE 2010?
O futebol brasileiro não mudou nada em 2010. Com pouco mais de cinco meses de temporada, a rotina de demissões de treinadores foi mantida: 11 dos 20 times da Série A já dispensaram seus comandantes. Os Estaduais foram tão decisivos para a mudança de planejamento de mais da metade dos clubes da elite que nem mesmo a Copa Libertadores, prioridade do Flamengo na temporada, foi determinante para a manutenção do técnico. Andrade não conseguiu se segurar no cargo e foi mandado embora.

Sem tempo para trabalhar, os técnicos reclamam da pressão que recebem desde o primeiro dia de preparação para a temporada. Apenas nove treinadores conseguiram salvar o emprego em 2010. Cruzeiro, Corinthians, São Paulo, Atlético-MG, Avaí, Grêmio, Internacional, Santos e Vitória aceitaram o argumento de chances de conquista da Libertadores e título estadual para manter os seus comandantes.

Por outro lado, a decisão de demitir foi tomada por Atlético-GO, Atlético-PR, Botafogo, Ceará, Flamengo, Fluminense, Goiás, Grêmio Prudente, Guarani, Palmeiras e Vasco. Apenas Atlético-GO e Botafogo foram bem-sucedidos até o momento, graças à conquista do Estadual. “Todos os clubes sabem que é fundamental o técnico ter tempo para treinar, conhecer os jogadores e a estrutura do clube. Mas não é uma coisa fácil de acontecer”, destaca Cuca, demitido do Fluminense em abril, em entrevista ao UOL Esporte.

CONFIRA A DANÇA DOS TÉCNICOS EM 2010
Atlético-GO - Artur Neto --> Geninho
Atlético-PR - Antônio Lopes --> Leandro Niehues
Botafogo - Estevam Soares --> Joel Santana
Ceará - Renê Simões --> PC Gusmão
Flamengo - Andrade --> Rogério Lourenço
Fluminense - Cuca --> Muricy Ramalho
Goiás - Helio dos Anjos --> Jorginho --> Leão
G. Prudente - Vinicius Eutrópio --> Toninho Cecílio
Guarani - Vadão --> Vágner Mancini
Palmeiras - Muricy Ramalho --> Antônio Carlos
Vasco - Vágner Mancini --> Gaúcho
Estevam Soares foi responsável por salvar o Botafogo do rebaixamento para a segunda divisão nacional em 2009 e pela formação do elenco no início de 2010. Após uma goleada de 6 a 0 para o rival Vasco foi demitido. Joel Santana o substituiu e conquistou o título estadual de forma antecipada, após faturar a Taça Guanabara e a Taça Rio. Estevam critica a pressa da diretoria do clube alvinegro.

“O Joel entrou e fez um excelente trabalho. Mas o time que ele tinha na mão era o mesmo que o meu. Quem garante que eu não faria a mesma coisa, caso tivesse a mesma chance?”, questiona o treinador, que não perdoa a decisão da diretoria do Botafogo. “O calendário do início do ano mata qualquer técnico. Ele tem que lidar com jogadores voltando de férias e outros que ainda estão em busca de adaptação ao clube ou melhora física. Mas não tive essa chance”.

Assim como Andrade, demitido do Flamengo por causa da má campanha no Estadual, e também pelo desempenho abaixo do esperado na Libertadores, Fossati é alvo de constantes insinuações sobre a sua saída do Internacional. O técnico uruguaio reclama do clima ‘inseguro’ no Rio Grande do Sul e afirma jamais ter sentido tanta pressão na carreira.

“Tem torcedor deixando se levar pela ansiedade, nervosismo ou o que for. Pega no pé do jogador, do treinador. Isso nunca vai servir positivamente. Estou surpreso demais, porque nunca tinha visto tanta cobrança. Tenho escutado cobranças mesmo ganhando”, reforça Fossati.

MAIORES LONGEVIDADES DOS TÉCNICOS DA SÉRIE A DO FUTEBOL BRASILEIRO
Clube Técnico Tempo Feitos
28 meses - Mano treina a equipe desde o início de 2008, mas já sofre com contestações da torcida. Foi campeão paulista e da Copa do Brasil em 2009 e está no comando da equipe na Copa Libertadores.
28 meses - Adilson assumiu o Cruzeiro no início de 08 e, assim como Mano, está no mesmo clube desde então. Foi campeão mineiro em 08 e 09 e vice da Libertadores; é forte candidato ao título continental na temporada.
10 meses - Gomes treina o São Paulo desde junho de 2009; foi contratado para o lugar de Muricy Ramalho. Levou o clube ao 3º lugar do Brasileiro e está à frente do time, classificado às oitavas de final da Libertadores.

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Cuca resume a instabilidade dos treinadores no Brasil. “Não estarei vivo para ver um técnico ter tranquilidade no futebol brasileiro”. Já Estevam pede mais chances para os treinadores. “Tempo para o treinador é fundamental. Sem isso, você não consegue impor sua metodologia. Além disso, o clube fica cheio de dívidas e com a imagem arranhada, com fama de trocar treinador a todo momento”, opina Estevam, ainda à procura de uma nova oportunidade. Quem sabe no Brasileirão...

* Colaborou Jeremias Werneck
Fonte: Uol Esportes

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