quarta-feira, 14 de julho de 2010

Zonas Mortas do Golfo

Que Desastre: Lidando com as “Zonas Mortas" do Golfo
Por Chris Kromm, Instituto de Estudos do Sul
Postado em 09 de julho de 2010, impresso em 13 de julho de 2010
http://www.alternet.org/story/147470/

Para as centenas de milhares de pessoas no golfo do México, que dependem da pesca comercial e esportiva (direta e indiretamente), o assalto a vida marinha desde o derramento de óleo da BP foi um sério golpe. Mas não é incomum.

Isso porque mesmo antes do derramamento, mais de 8.000 quilômetros quadrados de águas do Golfo eram transformados em Zonas Mortas todos os anos - vastas áreas do litoral tão pobres em oxigênio que camarões, caranguejos e outros animais marinhos não conseguem mais viver.

Agora, os cientistas temem que o derramamento da BP vai piorar ainda mais essa situação ruim. Apesar das previsões otimistas de que a indústria de pesca do Golfo irá se recuperar como o Alasca, após o desastre Exxon Valdez, a Zona Morta já em expansão no Golfo apresenta uma cenário de perigo que muitos temem seja uma ameaça a longo prazo para a vida oceânica.

Primeiramente observado por cientistas nos anos 1960, as Zonas Mortas são formadas quando grandes quantidades de nutrientes - como os encontrados em fertilizantes agrícolas, esgoto e outros resíduos urbanos – sobrecarregam a água, levando a um crescimento descomunal de algas que roubam o oxigênio da vida marinha, num processo conhecido como hipóxia.

Um estudo de 2008 encontrou mais de 400 Zonas Mortas no mundo todo, e no Golfo do México é uma dos maiores. Serpenteando ao longo das costas da Louisiana e Texas, a expansão da Zona morta do Golfo reduziu drasticamente os estoques de frutos do mar empurrando pescadores cada vez mais mar adentro.

O principal culpado? O escoamento de nitrato de atividades agrícolas ao longo do rio Mississippi, que deságuam em águas do Golfo. Um estudo descobriu que 51% da carga de nitrogênio do Mississippi provém de fertilizantes comerciais, com estrume animal, esgotos humanos e restos de outras plantações, contribuindo para a mistura.

O clima do outono traz temperaturas mais frias e águas agitadas que entravam o crescimento de algas, mas os cientistas estão vendo agora um prolongado efeito "legado", onde a decomposição de matéria orgânica continua a roubar o oxigênio. Isto significa que mesmo se os níveis de nitrato se mantiverem estáveis ou diminuirem, a poluição do passado ainda pode causar a expansão de Zonas Mortas no futuro.

Agora adicione o desastre BP. O vazamentoo de petróleo é a ameaça mais imediata para a vida marinha, mas os cientistas vêem um outro perigo iminente: o metano, que estimativas da própria BP se constitui em 40% do que está inundando para fora do local da perfuração.

Na semana passada, John Kessler da Universidade A & M do Texas mediu os níveis de metano em 35 locais diferentes, próximos e distantes do desastre da BP, e aqui esta o que ele encontrou:



Níveis de metano das águas no fundo do oceano próximas ao derramamento de petróleo são 10.000 a 100.000 vezes maiores do que o normal e, em alguns pontos muito quentes "observamos que se aproxima a 1 milhão de vezes mais" do que seria o normal, diz o químico oceãnico John Kessler.


O que há de errado com metano? Como os nitratos, que estimulam o crescimento da vida em águas rasas - neste caso, alimentando micróbios - que sugam o oxigênio do oceano e matam a vida animal marinha de molúsculos no fundo do mar. Em alguns lugares, a equipe de Kessler descobriu "um esgotamento [de oxigênio] de até 30 por cento."

Enquanto ao derramamento de petróleo da BP já matou grande parte da vida marinha, uma crescente ameaça aoo Golfo vem de uma outro donte de energia, masi acima no Rio Mississipi: o etanol.


A maior parate do etanol dos E.U.A. é pruduzido do milho, na verdade, o etanol é responsável por mais de um terço da produção de milho. E o milho é uma das piores plantações quando se trata de Zonas Mortas causadas por enxurradas poluentes, porque é uma cultura que depende de uma maior concentração de nitratos para crescer.

Esse problema só vai piorar enquantoo os E.U.A. aumentam a produção de etanol para combustível. O Ato de Segurança e Independencia Energética de 2007 estabeleceu a meta para o consumoo dos E.U. A. em 36 bilhões de galões de combustíveis renováveis até 2022, incluindo 15 bilhões de galões de etanol de milho - o triplo do valor atual. O presidente Obama afirmou o compromisso do país para o etanol em uma diretriz do ano passado.

O resultado seria "um desastre para o Golfo do México", diz Simon Donner, geógrafo da Universidade da British Columbia. Junto com o cientista Chris Kucharik, Donner publicou um estudo nos Processos da Academia Nacional de Ciência de Proceedings em 18 de março de 2008 que mostrou que:



O aumento da produção de milho para atender a meta de 15 bilhões de galões, aumentaria a carga de nitrogênio na Zona Morta em 10-18%. Isso iria dobrar os níveis de nitrogênio do que é recomendado pela Força Tarefa de Nbutrientes da Agua da da Bacia do Mississipi / Golfo do México, uma coalizão de autoridades federais, estaduais e agências tribais que tem monitorado a Zona morta desde 1997. A força-tarefa diz que é necessário uma redução de 30% da vazão de nitrogênio para a Zona Morta encolher.


Grupos como o American Farmland Trust estão pressionando para que se crie soluções: a sua competição Melhores Práticas de Manejamento paga aos agricultores para reduzir o uso de fertilizantes e, portanto, o escoamento de nitrato. Mas estas são respostas ainda em pequena escala para um problema nacional que exige uma resposta federal.

Até que Washington tenha um plano para enfrentar as crescentes Zonas Mortas do Golfo, milhares de quilômetros quadrados de águas do oceano - e as milhares de famílias que dependem dela para viver - enfrentam um futuro sombrio, muito além das notícias do desastre da BP desaparecerem.

Chris Kromm Sul trabalha com a revista de exposição e do Instituto de Estudos para o Sul, em Durham, Carolina do Norte.
Tradução: Ana Amorim, desde Tokyo.

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