quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ruy Carlos Ostermann



A injustiça com Francis
Ruy Carlos Ostermann

As injustiças podem ser visíveis e pesadas, mas também podem ser, com a mesma maldade, quase imperceptíveis. Mas continuam sendo injustiças, mais lembradas, menos lembradas, as mesmas. Lembro disso quando penso em Francis Hime – que só conheci esses dias – e da forma como as injustiças se mostram e podem ser reconhecidas. Foi nos estúdios da SporTV, no Morumbi, em São Paulo, pouco antes do programa de debates Bem, Amigos! Ele era o convidado para a canja musical e ficamos naturalmente lado a lado, com os mesmos microfones de lapela e a expectativa que sempre dá na barriga de quem vai entrar no ar.
Foi uma participação maravilhosa, sensível e provocativa, articulada por explicações de Francis e seu pianinho elétrico que quase cabia no colo, muito da Bossa Nova e do Chico e uma pitada talentosa dele. Na saída, já quase íntimos, perguntei-lhe se gostaria de ir ao sul, no Encontros com o Professor, um talk-show que não precisei de mais de duas frases para explicar como funcionava e quanto bem ele fazia pra mim e para os convidados.
- Quando vai ser? Me perguntou como resposta. Não perguntou por datas, horários e outras conveniências, já estava acertado. Tem sido o Francis desses dias todos. Um homem simples, agradável, sem reticências e que responde muitas vezes com a energia do piano que tecla com entusiasmo e muito talento.
A injustiça é que um compositor desse tamanho, dos mais importantes da música popular brasileira - e de seu período mais afirmativo e definidor, que começa nos anos 1950 e não terminou mais - não esteja à frente de quase todas as iniciativas, sempre referido e considerado como base de um discurso cultural brasileiro da mais alta qualidade. Não é a única injustiça, mas quando se pode perceber na pele a extensão do que desamadamente se faz, é que ficamos culpados.
Fui assistir ao seu segundo show no StudioClio, ele, piano e voz. Um sucesso, casa cheia, entusiasmo, reconhecimento, aplausos de pé. Já foi menos injustiça.


Marque na sua agenda: dia 3 de novembro, acontece o lançamento
do 5º volume do livro Encontros com o Professor - Cultura Brasileira em Entrevista
na 56ª Feira do Livro de Porto Alegre!
A sessão de autógrafos coletiva vai ser às 20h, no Memorial do Rio Grande do Sul.

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