Entre livros fica mais fácil, mesmo que tenha gente demais e não sejam suficientes as canalizações humanas que vão sendo feitas ao longo dos desvios, das ruelas e dos corredores. Fica mais fácil, porque parece que se flutua ou, ao menos, há alguma coisa além do olhar, da sensação e dos cheiros da Feira do Livro.
Tenho vagado pela Feira, sem destino que não sejam dois ou três previamente definidos e sempre acolhedores. No mais, circula-se pela praça chutando levemente as pedras fora do lugar, desviando das senhoras com sua pressa e renovada surpresa: “Olha lá, olha lá!” - esbraveja uma delas, e não há nada aparentemente que não pertença a sua curiosidade e decifração. Não seria um livro, por certo, mas uma pessoa talvez, uma bandeira, o topo do mastro, o cafezinho sem açúcar oferecido gratuitamente em copinho de plástico.
Assisti, quase de pé por falta de lugar, à duas mesas no Memorial do Rio Grande do Sul. Uma do Laurentino e da Mary Del Priore, outra do Peninha e do Torero, ambas divertidas e com suficientes provocações sobre a importância da História que se repete cansativamente nas escolas, mas que é possível fora delas, nesses livros libertários, inventivos e bem jornalísticos que está se escrevendo a despeito da Academia. A Cristiane, que mediou um deles, teve habilidade para frear a fulguração do Peninha. Fui cumprimentá-la e ela ainda estava ofegante.
Entre livros fica mesmo mais fácil, quase sem peso, como se a totalidade do que está acontecendo fosse sempre esperada naqueles termos com direito à autógrafo ou pequena entrevista.
E já tomei duas vezes chope com o Patrono da Feira, Paixão Cortes, feliz como um guri que ganha uma barra de mandolate. Uma figura homenageada como poucas mereceriam mais. Terça-feira me ensinou, e à toda mesa no Bistrô do Margs, que é onde se começa tudo que se terminou. Levantou-se, pôs um pé a frente de outro, arregaçou minimamente a calça, e mostrou como um passo de dança correspondia ao outro no
sentido inverso.
Todos aplaudiam o Patrono, igualmente felizes.
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