sábado, 22 de janeiro de 2011

Africa

Vinte países africanos escolhem novos líderes neste ano

Por Redação. - 10:30:00 - 34 Views
Maputo, Moçambique (Agência Brasil) – Quase metade dos países africanos escolhe novas lideranças neste ano. Serão 20 dos 53 países, além de outros que têm eleições locais, desde uma das democracias mais estáveis do Continente (Cabo Verde) até duas das nações que vivem momentos turbulentos (Zimbábue e República Democrática do Congo).

Cartazes dos candidatos já são vistos na capital da República Centro-Africana, em Bangui, que escolhe o Parlamento e o presidente da República no próximo dia 23. O atual ocupante do cargo, Francois Bozize, apresentado em cartazes como “O Construtor” e “O Unificador” do país, concorre ao segundo mandato, depois de ter sido eleito em 2005. Ele já estava no poder dois anos antes, graças a um golpe de estado. Os adversários são o ex-primeiro ministro Martin Ziguele, o presidente derrubado pelo golpe de 2003 Ange-Felix Patasse (1993-2003), e o ex-ministro da defesa e líder rebelde Jean-Jacques Demafouth.

As expectativas em torno da eleição centro-africana são as mesmas de alguns outros pleitos que ocorrerão em breve: além da troca de poder em si, é um passo decisivo para manutenção da paz, pois o atual governo é de coalizão, nascido como solução para um período politicamente turbulento.

"É o que chamamos de eleições de reconciliação”, afirma Aly Jamal, doutor em relações internacionais e especialista em conflitos africanos. “Não é meramente a escolha de quem será o próximo governante; é mais do que isso.”

Foi o caso na Costa do Marfim, que vive um impasse desde novembro. Apontado pela Comissão Eleitoral como perdedor nas urnas, o presidente Laurente Gabgbo recorreu à Justiça, alegando fraude, e conseguiu manter-se no poder. Ele resiste à pressão da comunidade internacional, que entende que ele foi derrotado por Alassane Ouattara, e deve sair.

O que se passa na Costa do Marfim não necessariamente é a regra, mesmo em cenários mais turbulentos, diz o professor Jamal. “Não devemos assumir que influencia os outros países. Depende muito das condições objetivas de cada um deles.”

Para o chefe do Departamento de Ciências Aplicadas do Instituto Superior de Relações Internacionais de Moçambique, Silvério Ronguane, a resistência frente à mudança é “natural”.  “Antigamente tínhamos ditadores que tomavam o poder, governavam e não lhes acontecia nada”, diz Ronguane. “Agora, com o movimento democrático, é até normal que esses ditadores resistam: é o seu canto do cisne.”

“Em 1980, havia apenas duas democracias na África. Hoje, são mais de 40 nações com eleições regulares e multipardiárias”, lembrou Greg Mills, consultor de vários governos africanos, falando à Agência Brasil em Maputo, no mês passado. “Não devemos deixar que os problemas da Costa do Marfim (…) se imponham à imagem da África como um todo. Há muitos países tendo enormes progressos”, diz Mills.

Em 6 de fevereiro, Cabo Verde escolherá seu novo governo. O país é um dos poucos na África em que a oposição venceu, governou e deixou o poder depois de dez anos, também por força do voto. O atual primeiro-ministro, José Maria Nevez, do Partido Africano da Independência de Cabo Verde, que governou o país durante os anos socialistas de partido único, concorre contra o Movimento para a Democracia, liderado por Carlos Veiga – que também já foi primeiro-ministro, entre 1991 e 2001. Também inscreveram candidatos a União Cabo-verdiana Independente e Democrática  e o Partido do Trabalho e Solidariedade.

Outro país de pequena população (1,5 milhão), Gâmbia, na África Ocidental, terá novo presidente depois de 16 anos. Yahya Jammeh, que chegou ao poder em julho de 1994 depois de um golpe de Estado, não concorrerá ao quarto mandato. O presidente, de 45 anos, disse que o caos vivido em outras nações africanas por causa das eleições não vai se repetir no país. "Qualquer pessoa ou qualquer partido político que desejar perturbar o país durante a campanha eleitoral de 2011 não será tolerado”, afirmou, segundo a agência estatal.

No Egito, Hozni Mubarak, de 82 anos, na presidência desde 1981, ainda não disse se concorrerá à sexta reeleição, em setembro. Seu filho Gamal é apontado como possível candidato do Partido Nacional Democrático (PND). Na eleição legislativa de novembro, o PND ficou com 83% das cadeiras do Parlamento, em meio a acusações de fraude e um boicote do maior oponente, a Irmandade Muçulmana.

Madagascar, que passou por uma tentativa de golpe de Estado em novembro, também terá eleições em 2011. O atual presidente, Andry Rajoelina, que resistiu no cargo – e também chegou ao poder pela força – modificou a Constituição para poder concorrer.

A Nigéria, grande produtora de petróleo e uma das maiores economias do Continente, elegerá novo presidente em abril. A primeira data anunciada era em janeiro, mas o processo foi adiado porque as autoridades alegaram que não haveria tempo para registrar os quase 70 milhões de eleitores.

Há preocupação também com a segurança, depois dos atentados ocorridos no aniversário da independência do país, em novembro, e em 31 de dezembro. O candidato do Congresso para a Ação, Nuhu Ribadu, principal partido da oposição, pediu ao presidente Goodluck Jonathan, que garanta a integridade dos eleitores. Nesta semana, Jonathan ganhou as primárias do Partido Democrático do Povo.

No Zimbábue, as eleições parlamentares são esperadas para meados do ano, com data ainda a confirmar. Mas, segundo a imprensa estatal publicou no primeiro domingo do ano (2), o partido do presidente Robert Mugabe (ZANU-PF) não quer o pleito antes de junho. Há dois anos, Mugabe, e o atual primeiro-ministro Morgan Tsvangirai, do Movimento pela Mudança Democrática, foram forçados a formar um governo de coalizão com o agravamento da crise econômica depois da eleição em 2008.

A República Democrática do Congo (antigo Zaire) tem eleições presidenciais previstas para novembro. O pleito custará U$ 715 milhões (cerca de R$1,2 bilhão), pouco menos da metade esperados da comunidade internacional. Boa parte do território do país é controlada por guerrilhas.

A Libéria, único país africano liderado por uma mulher, realizará eleições em outubro. O país viveu uma violenta guerra civil entre 1989 e 2003. A presidenta Ellen Sirleaf concorre à reeleição, contra os dois adversários derrotados em 2005: Ellen Johnson e o ex-jogador de futebol, George Weah.
 

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