sábado, 5 de fevereiro de 2011

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IRMÃOS E IRMÂS
 
Segue no corpo deste e-mail TEXTO do Yedo Ferreira denominadp "OMISSÊS E CORPORATIVISMO" que disacute o processo do CONNEB. Apesar das pressões e ameaças indiretas, vindas de pessoas descontenstes a divulgação de textos referentes ao CONNEB vai continuar.
 
Ase
 
Maurilio Silva
MMenbro do Movimento Negro Unificado - MNU
(Coordenador do GT ZUMBI)
 
 
Omissões e Corporativismo *
 
I -  Produtores de Impasse no Processo do Congresso
 
            O que efetivamente hoje prejudica o CONNEB é o Regimento e Política, diferente do que pensa Márcio Alexandre (CEN – RJ).
            Na ordem dos que causam transtornos ao CONNEB, um deles é a política, leia-se a política como a prática realizada no processo de organização do Congresso carregada de subjetivismo dos membros da Coordenação Política Nacional com omissão de alguns e espírito de corpo de outros mais, práticas que está levando o CONNEB ao impasse.
            A intransigência cega e a vaidade em demasia de certos membros da COPON como prática política – fatores subjetivos incompatíveis com a atividade política – são esses fatores que impedem que se exercitem práticas políticas conseqüentes que muito necessitamos.
            O Regimento causa transtorno ao CONNEB porque é um documento que reflete um desafio. Portanto o Regimento tem que ser re-elaborado e debatido com seriedade, na medida que como regimento de congresso político ele é base (ou deve ser) de unidade orgânica entre pessoas, negras e negros, num congresso realizado como processo político. Um congresso de movimento aberto e ideológico como é o movimento negro.
            Neste sentido o Regimento do CONNEB é um desafio por ter que estabelecer unidade orgânica entre negras e negros nas decisões (resoluções e deliberações) sem que existam unidade ideológica entre essas pessoas. Logo, se o desafio não for superado, o Regimento será sempre fator de impasses.
            Não obstante, das situações que levam o CONNEB ao impasse, todas ou em grande parte, apresentam como alternativa plausível, responsável, séria, a realização de uma assembléia nacional extraordinária, sobretudo pelo CONNEB ter hoje representação nos 26 Estados brasileiros e na Capital Federal.
            Em vista da assembléia nacional extraordinária ser convocada para solucionar impasses, a sua função, portanto é desempenhar esta tarefa na reforma do regimento e em decorrência reestruturar o CONNEB para consolidá-lo como congresso político e congresso de pessoas, negras e negros.
            Neste caso de se ter que consolidar o CONNEB como congresso de pessoas e não de entidades negras é devido a falta de conhecimento de membros da COPON que passado doze meses de congresso, ainda confundem organização com realização, duas palavras de definições distintas.
            A essas duas palavras são conferidas as funções, a de organizar o CONNEB é atribuição das entidades negras devido questão de estrutura e a realização que se dá na prática como elaboração de documentos, debates de questões políticas, questões teóricas e decisões correspondentes são desempenhadas por negras e negros como individualidades. O coletivo em congresso político se faz apenas como delegação e não como entidades, instituições, etc. A delegação como expressão de unidade ideológica entre seus componentes.
            Uma observação, no que diz respeito ao CONNEB ser congresso de pessoas, de negras e negros, é não ser o mesmo um congresso de massa, massivo, mas um congresso com considerável participação de elementos da massa negra da população, o que no final faz o CONNEB ter grande inserção nas comunidades populares e por  conseguinte conferir legitimidade ao projeto político de redefinição da Nação nele formulado como do povo negro para o Brasil.
            Assim pode-se deduzir o que engessa o CONNEB não é a falta de estrutura financeira, como afirma Márcio Alexandre (CEN – RJ). O que efetivamente engessa o CONNEB é a política que membros da COPON coloca em prática na organização do Congresso e que tem reflexos no Regimento. É a falta de formação política da militância em geral e no estágio do nível político no qual se encontra, na omissão frente as questões político-organizativ a dos que estão na direção do Congresso como processo político. Por fim pelo corporativismo dos demais.
            Considerar a estrutura financeira como culpada pela pasmaceira na qual se encontra o CONNEB é sempre o equívoco do economicismo, que tem no econômico como o propulsor do político, quando num processo político conduzido por forças políticas conseqüentes é justamente o contrário. O político se bem formulado rende recursos financeiros.
            A História é rica em exemplos deste gênero.
            Os movimentos de libertação em África e na Ásia – em particular na África – a estrutura financeira que conseguiram montar para travar a luta de libertação contra o colonizador europeu, contou com o apoio financeiro de várias partes do mundo, inclusive de países da Europa.
            O aval para obter finanças foi a proposta política que apresentaram. – Jogar o colonizador europeu de 400 anos na lixeira da história.
            O Congresso é um processo político, com negras e negros formulando com elaboração e debates o projeto político do povo negro para o Brasil, portanto não é uma estrutura financeira e, no entanto recebeu 193 mil reais da SEPPIR e este fato só ocorreu por ser o CONNEB uma proposta política de um movimento ideológico como é o movimento negro. É incrível que Gualberto não tenha olhado por este prisma.
            A verdade, porém de não ter o CONNEB hoje estrutura financeira é que faltou competência aos seus organizadores e pela  omissão dos membros da COPON permitindo desta forma sabotagem nos dez meses deste processo de Congresso, cometida por aqueles que não querem o êxito do CONNEB.
            O projeto de finanças do Congresso elaborado pelo Gilberto do Círculo Palmarino / ES com colaboração de Ruth Pinheiro (CAD – RJ) e Denise Barbosa (MNU – RJ) têm listado 52 itens de locais para captação de recursos financeiros. Contudo desde a apresentação do ótimo Plano de Finanças, em março de 2007, somente no mês de junho estabeleceu- se o primeiro contato com esse objetivo, o contato com a SEPPIR. Na verdade a SEPPIR até o momento é o único item contactado dos 52 listados e não obstante conseguiu-se arrecadar 193 mil reais.
            Dos 52 itens catalogados para a captação de recurso financeiro, entre eles os contatos estritamente políticos com a audiência com o decano dos embaixadores de países da África, não teve continuidade, como também não se deu importância – embora primeiro contato através de carta tenha sido feito – a relação com determinado governante de país da América do Sul.
            A segunda reunião com o ministro Luiz Dulce, com certeza sabotado por alguém, contou com a complacência de membros da COPON, a omissão de alguns e corporativismos de outros.
            Assim se tivéssemos desde a Assembléia Nacional de Belo Horizonte em abril de 2007, colocado em prática os 51 itens listados do Plano de Finanças, com certeza a estrutura financeira do CONNEB não seria dramática como considera Márcio Alexandre (CEN – RJ).
 
II – A Omissão e o Corporativismo
 
            Na ordem das categorias que engessa o CONNEB e que tem também na sua conta a causa de impasse no qual o Congresso se encontra, tem-se a omissão e o corporativismo que predominam nos membros da COPON e que, portanto ambas as práticas devem ser criticadas.
            O omisso deve ser criticado por fazer da sua omissão um descompromissso com a verdade, uma vez que nunca tem posição definida, em particular sobre as linhas de pensamentos políticos e ideológicos que permea o CONNEB.
            Na maioria das vezes o dirigente omisso faz do sofisma e da mistificação um meio como forma aparente de expressar sua isenção frente a pensamentos políticos e ideológicos conflitantes. Um exemplo é a polêmica sobre a reforma do regimento do Congresso e a realização de uma assembléia nacional extraordinária para reformá-lo.
            Na verdade esta polêmica – como alguns omissos da COPON querem fazer crer – não é uma polêmica entre instituições negras, entre MNU e a CONEN, mas sim entre pessoas, por acaso pessoas dessas duas instituições, uma vez que ambas as instituições não reúnem negros e negras num pensamento único. No MNU como na CONEN existem os (as) negros (as) que são contra e os a favor das posições em divergências.
            Mas o que se observa é que membro da COPON sempre omisso em assumir posições, quando faz é raro, mas acontece – sua crítica é feita a ambos, ao MNU e a CONEN, dando um mesmo peso na crítica como afirmação de que; todos estão certos e todos estão errados. Esta posição assumida com aparência de isenção o coloca acima do bem e do mal, porém não percebe que se torna injusto com um dos dois, pelo princípio do terceiro excluído, onde tem-se, se duas proposições são contraditórias, uma delas é verdadeira e a outra é falsa. No final procura não dá razão a um para não parecer ao outro ser contra ele.
            Com os omissos – e também os corporativistas – os debates não avançam e, por conseguinte os impassem não são solucionados.
            Os corporativistas têm nas suas posições a total dependência de atitudes externas. Militantes partidários têm as suas posições políticas subordinadas ao centralismo nas decisões políticas adotado nos partidos de esquerda – alguns é bem verdade.
            Em geral o corporativista é conhecido como “levantador de crachá”, desconhece princípios e tem como filosofia da sua ação parcial, a filosofia dos políticos conservadores da República Velha de que, “meus amigos, não tem defeitos, os inimigos se não tiver eu ponho.”
            O que se observa neste processo de congresso é que existem contradições de toda ordem. Há contradições em situações de caráter político em geral. Há também indefinições do CONNEB, em ser ou não um congresso político e congresso de pessoas, de negras e negros, onde alguns insistem em fazer o CONNEB um congresso de entidades. Enfim há ainda a omissão dos membros da COPON que se escoram no corporativismo e assim contribuem para que soluções efetivas dos impasses que nos encontramos não ocorram.
              Não obstante,  há de se reconhecer que este é o CONNEB possível de ser realizado no momento, sobretudo no estágio em que se encontra o nível político da militância negra. Como certa vez disse alguém que todos conhecemos; “A realidade tem que ser mudada com o material humano de que se dispõem”. O material humano que dispomos – não se pode esquecer – somos nós mesmos.
 
*
Yedo Ferreira – MNU / RJ
Maio de 2008.
           

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