Compas.,

      Segue abaixo mais uma lamentável história de homofobia. Com todas suas já conhecidas, mas sempre asquerosas, características: brutalidade, descaso homofóbico da policia e garantia de que, mesmo pegos, os canalhas não irão responder pelo crime de homofobia. Graças à cumplicidade do governo federal, etc, etc. Por esta e tantas outras, a iniciativa do ato convocado para o dia 21 de março (Dia Internacional de Combate ao Racismo, vale lembrar), na Piedade, em Salvador, só pode ser saudada e apoiada por todas as entidades e organizações que combatem a homofobia e todas demais formas de opressão, pois todos sabemos o quanto o ataque homofóbico em Salvador tem a ver com as ameaças contra o Quilombo Rio dos Macacos, também lá, ou os muitos exemplos de higienização social e racismo que temos enfrentado em S. Paulo.

       Saudações negras,

       Wilson
       Quilombo Raça e Classe   



13/03/201212h35

"O medo continua dentro da gente", diz gay espancado por seis homens em Salvador

Anderson Sotero

Do UOL, em Salvador
“A gente não consegue nem dormir direito pensando em tudo que aconteceu. O medo continua dentro da gente.” O relato é do estudante Thyago Souza, 24, após ter sido agredido em uma estação de ônibus em Salvador, no último sábado (10). Ele e o namorado, 21, que não quis ser identificado porque a família não aceita sua orientação sexual, estavam abraçados e foram espancados por um grupo de seis homens armados com facas e um pedaço de madeira quando chegavam à estação.
Por causa das agressões, o namorado de Thyago foi levado a um posto médico e teve de levar dez pontos na cabeça. “Acredito que são grupos homofóbicos que fazem isso. A gente fica com medo de sair de casa. Precisamos de uma lei que possa nos proteger”, disse o estudante ao UOL na manhã desta terça-feira (13). O casal está junto há oito meses e pretende ir à 11ª Delegacia de Polícia, em Tancredo Neves, única onde conseguiram registrar queixa, somente ontem (12)

Violência

  • Reprodução/Facebook
    Jovem recebe dez pontos na cabeça
“Na primeira delegacia a que fomos, no domingo, em Cajazeiras, o policial disse que a impressora estava quebrada. Já na segunda delegacia, em Pau da Lima, disseram que a Estação Pirajá (estação de ônibus onde o fato aconteceu) não era área deles”, informou o estudante, que somente conseguiu registrar queixa no final da noite desta segunda (12).

“Brutalidade”

Passamos por momentos terríveis de medo, pavor e desespero. Fomos perseguidos e espancados na Estação Pirajá. Meu amor teve a cabeça aberta por um objeto que eles o acertaram com tamanha brutalidade. Todos estavam com faca”, postou o estudante em seu perfil no Facebook, após a agressão.
A Polícia Civil informou, através de sua assessoria, que o titular da 11ª DP, delegado Guilherme Machado, aguarda o casal para prestar depoimento na tarde de hoje. Os agressores ainda não foram identificados.
A polícia informou que o delegado pretende ouvir os ambulantes que trabalhavam no local na hora em que os dois rapazes foram agredidos. “Se a Estação Pirajá possuir circuito interno de segurança, as imagens também serão requisitadas. As duas ações vão contribuir para as investigações”, informou a polícia.

“Quando forem identificados, os agressores responderão pelos crimes de lesão corporal e roubo, uma vez que a bolsa, com objetos pessoais de uma das vítimas, também foi roubada”, disse o delegado.

Bahia em primeiro lugar

Para o fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB), o antropólogo Luiz Mott, o caso é um exemplo do que a Bahia vivencia. “A Bahia ocupa pelo sexto ano consecutivo o primeiro lugar no ranking dos assassinatos de homossexuais”, disse. Segundo dados do GGB, em 2011 foram registrados 28 assassinatos de homossexuais. Nos três primeiros meses de 2012, já foram computadas 11 mortes violentas.

“O caso foi registrado sem nenhuma referência à homofobia. Crescem assustadoramente as agressões. No Carnaval, dois militantes gays foram espancados perto de uma boate gay”, afirmou Mott. Para o próximo dia 21 de março, está prevista uma manifestação na Praça da Piedade.
“Vamos levar 33 cruzes com os nomes dos últimos 33 homossexuais assassinados para exigir que o governo inclua em suas políticas os homossexuais”, disse Mott. Ao tomar conhecimento da situação dos dois jovens agredidos dentro da Estação Pirajá, a promotora Márcia Teixeira, do Ministério Público do Estado, se colocou à disposição do GGB para ajudar nas investigações.