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Boletim do NPC — Nº 100 — De 1 a 15/2/2007
Para jornalistas, dirigentes, militantes
e assessores sindicais e dos Movimentos Sociais 

8 de março: NPC organiza sobre a violência contra a mulher e a mídia
O NPC está organizando um debate sobre a violência contra a mulher e a cobertura que meios de comunicação fazem do assunto. Um tema, infelizmente, mais do que atual. Muitas vezes, a proximidade dos fatos e sua repetição, nos leva a banalizar números que são uma verdadeira tragédia.

O jornal O Globo, de 11/2 relata que, somente em Pernambuco, 329 mulheres, em 2006, foram assassinadas por seus maridos, ou ex-maridos, amantes ou namorados ou pais. Uma boa parte foi estrangulada, ou enforcada, ou asfixiada ou esfaqueada. Em Fortaleza, no mesmo ano, 135 mulheres tiveram o mesmo fim. 

Para se ter uma idéia da tragicidade desta violência é só comparar o número de mulheres assassinadas no estado de Pernambuco e na cidade de Fortaleza, em 2006, com o número de soldados norte-americanos que morreram, em média, a cada mês, em dez anos de guerra do Vietnã, entre 1964 e 1974. Lá morreram aproximadamente 57 mil  soldados invasores. Uma média de 470 por mês.

Pois, juntando as 329 de Pernambuco com as 135 de mulheres assassinadas em Fortaleza, no ano passado, temos um total de 454 assassinatos. Quase o mesmo número de norteamericanos mortos, por mês durante aquela guerra.   

Reduzir a idade penal é solução fácil para um problema difícil.
Por Cátia Medeiros
A redução da maioridade penal volta à tona. O projeto de Emenda Constitucional que pede a redução dos 18 anos para os 16 anos já transita no Congresso há mais de 10 anos. Outros processos pedem a redução para 14 anos. Os defensores do projeto argumentam que a redução da maioridade diminuiria a criminalidade entre os jovens, pois assim pensariam duas vezes em cometer alguma infração.  
O estudante de direito da PUC-Rio de Janeiro Pedro de Souza Cabral de Melo, 27 anos, pensa diferente: “A proposta da redução da maioridade penal é paliativa, para ignorar os grandes problemas da sociedade brasileira, que não estão restritos aos menores de idade, e sim às relações de poder entre Estado e a população.” 
(Cátia Medeiros é aluna do Curso Pré-Vestibular Comunitário do Sindpd-Rio de Janeiro. Este texto foi produzido como exercício durante o Curso de Comunicação Comunitária do NPC, realizado no ano passado, com apoio do Sindipetro-Rio de Janeiro e do Ceris. O Jornal e o filme produzidos pelos alunos serão apresentados no mês de abril, em cerimônia, também no Sindipetro-Rio de Janeiro)



A Comunicação que queremos


A Renajorp no google: conheça a Rede de Jornalistas Populares 
Renajorp - Rede Nacional dos Jornalistas Populares – é uma articulação de jornalistas descentralizada, sem hierarquia, articulada em nível nacional e organizada de forma horizontal. Tem como objetivos:  
1. Dar suporte técnico na área da comunicação aos movimentos sociais em observação ao código de ética dos jornalistas e à legislação vigente.
2. Fortalecer a imprensa alternativa, popular e aquela produzida pelos movimentos sociais. Esta é a imprensa que cobre os temas que dizem respeito aos trabalhadores e que são de interesse de sua classe.
3. Apoiar os comunicadores populares e as atividades por estes desenvolvidas.
4. Ser parte atuante da luta geral destes movimentos por mudanças políticas e econômicas no nosso país que gerem mudanças na trágica qualidade de vida do trabalhador brasileiro.  
Conheça a Renajorpwww.renajorp.net 
Adital - Víctimas de la violencia
Según informaciones de la Red Nacional de Periodistas Populares (Renajorp), la movilización, organizada por los vecinos del Complejo de Maré, ...
 
Ocupação Quilombo das Guerreiras resiste
Fonte: Rede Nacional de Jornalistas Populares (Renajorp) - Bruno Zornitta ... Contatos: contato@renajorp.net / www.renajorp.net Imagens: www.renajorp.net ...
 
Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência
O passageiro está pagando, ele vai levar", completa Marcos Henrique. Rede Nacional de Jornalistas Populares – Renajorp – http://www.renajorp.net/ ...
 
Eles entram atirando
Renajorp - No caso dos grandes centros urbanos do sudeste, ... Renajorp - Matéria recente do jornal O Globo, destaca aumento de ocorrência de crimes na Zona ...
 
Última entrevista com Apolônio de Carvalho
ESPECIAL: Jornalista da Renajorp fez a última entrevista com Apolônio PT: entre o sonho e o poder. Por Roberta Araujo e Rodrigo Otávio ...



De Olho Na Mídia 


Freiras rezam em Páginas da Vida pela redução da idade penal e contra o Estatuto da infância e Adolescência (ECA) 
O jornal O Globo, dia 9 brindou seus leitores com meia capa e mais seis páginas sobre a “Barbárie contra a infância – Morte de menino arrastado em carro roubado por bandidos causa comoção e revolta”. Á noite do mesmo dia, a novela Páginas da Vida mudou o seu script 
Foi incluída a cena na qual três freiras, chorando e rezando, com o jornal O Globo na mão, comentam a “barbárie” relatada no jornal. Quem quer a campanha pela redução penal está feito e satisfeito. Outros jornais cariocas, como o Jornal do Brasil foram mais longe ainda. Sua manchete, no mesmo dia, apontava claramente para o linchamento ou qualquer outra coisa a ser feita com aqueles adolescentes.  
O comportamento destes veículos e dos outros, na mesma toada, não é simples coincidência. É mais um exemplo de como age a direita. As freirinhas na novela, as capas e rios de páginas dos jornais se encaixam numa campanha para aterrorizar a população para que ela só pense nisso. Só fale da violência e esqueça todos os seus problemas.  
As vítimas desta campanha ideológica não terão cabeça para pensar nos problemas do estado da Saúde no Rio que é um caso de verdadeiro genocídio. E as estatísticas sobre a piora do nível do ensino no País. Quem lembra delas? Estas não são verdadeiros casos de barbárie? Não mereceriam um exército de freiras na novela rezando mil Pai Nossos 
Mas, para quem manteve sua hegemonia político-ideológica durante 500 anos, o que conta é criar, cultivar e aumentar a neurose da violência urbana e assim fazer esquecer tudo o resto.
Em Tempo: E cadê uma palavra sobre as causas desta violência?
1. Por que esses meninos fizeram aquele assalto?
2. Qual a relação entre toda a propaganda de carros, celulares, tênis, roupas de marca veiculada por todos os canais de TV e os roubos e assaltos? 
Disputa de hegemonia é isso: colocar três freirinhas na novela e continuar a fazer cabeça de milhões. E daí? Cadê nossa disputa contra-hegemônica? Cadê nossa mídia?  
                                                                       [Por Vito Giannotti - 10.02.2007]


As manchetes estão dando raiva
As manchetes dos jornais de ontem (10.02) davam raiva.
O cara que arrastou a criança é transformado em monstro e suscita o debate sobre o endurecimento das penas. Ao mesmo tempo, os presos avisam que o cara  jurado de morte na prisão. Duas perguntas não querem calar:
1. Em que pena mais dura que a morte eles podem estar pensando?
2. Ninguém se pergunta o que significa serem os demais "monstros" do noticiário cotidiano nossos "justiceiros"? 
 bom, tem a burguesia, a sociedade capitalista e o c. a quatro pra gente culpar. Mas eu aqui, do meu ponto vista talvez limitado, me pergunto se a mídia precisa mesmo ser tão burra de só trabalhar na frequência da mais pura irracionalidade. Se um outro jornalismo um pouco menos brutal, um pouco menos imediatista e menos apoiado nos impulsos humanos mais primitivos não seria possível, mesmo na sociedade capitalista. E só não me animo a escrever mais porque ainda estou com muita raiva e não pretendo falar no mesmo tom que eles.
                                                                       [Por Ana Lúcia Vaz, professora de jornalismo - 11.02.2007]


Carta de uma moradora de uma favela carioca á equipe da novela Vidas Opostas
Sou estudante de jornalismo e serviço social e moradora da favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Gostaria, em primeiro lugar, de parabenizar a equipe da emissora por tentar mostrar na televisão, e em horário nobre, a realidade de parte da população pobre do Brasil, assim como as gritantes diferenças existentes entre pobres e ricos do país.
Confesso que fiquei surpresa quando fiquei sabendo que uma emissora estava disposta a mostrar, numa telenovela, as diferenças sociais, econômicas e culturais brasileiras. Foi o interesse por essas contradições e o desejo de mudança que me fez começar a assistir a novela. (...)
Mas, como moradora de uma das maiores favelas do Brasil, senti a obrigação de demonstrar a minha decepção com a novela e a expectativa frustrada por não estar vendo as verdadeiras causas dos maiores problemas sociais relatados na televisão de forma real. (...)
Meu maior objetivo, foi talvez despertar a atenção dos senhores para o desejo de as pessoas das classes populares em se ver na televisão como elas são verdadeiramente. Para isso deveriam ser explorados fatos como as dificuldades de acesso aos direitos sociais garantidos pela constituição e negados a população como: saúde, educação, habitação, alimentação, entre outros. A novela seria mais útil e cumpriria seu papel social se explorasse mais as diferenças sociais e econômicas entre pobres e ricos do país. Dessa forma as verdadeiras Vidas Opostas estaria sendo mostrada. (...) 
Gostaria de lembrar aos senhores que nas favelas, subúrbios e periferias não moram somente bandidos e mocinhas apaixonadas. Moram também pessoas que estudam, trabalham e que continuam exercendo suas funções mesmo quando têm um amigo morto por bala perdida, não conseguem ser atendidas nos postos de saúde, as escolas públicas estão em greve ou estão encantadas por meninos bonzinhos e ricos (bem diferente da personagem Joana, que a várioscapítulos não escala uma montanha da cidade maravilhosa). (...)  
Espero que a partir deste momento os senhores entendam que a população pobre do Brasil deseja sim aparecer em horário nobre na televisão brasileira. Mas o que desejamos é ver a nossa verdadeira cara, as nossas dificuldades e as causas dessas dificuldades. E que apesar de todos os problemas continuamos nos apaixonando, trabalhando, estudando e evoluindo nossa capacidade de criticar as formas romanceadas, racistas e preconceituosas com que a elite brasileira faz questão de continuar nos vendo.
 [Por Marcela Figueiredo, em 03.01.2007]


Veja esconde cratera de Alckmin com cachorro 
É mais um caso exemplar de como a imprensa do sistema disputa a hegemonia com a esquerda. Em janeiro um desastre chamou a atenção da população. Bem menos do que deveria. O porquê é o de sempre. Quem poderia ter colocado este fato no centro do noticiário era a mídia. Mas, aqui começa a lição de sempre. Que interesse teria a mídia de manter na crista da onda esta notícia que, se aprofundada, chegaria imediatamente a ter que falar daquele que foi o candidato da maioria dos jornais, revistas, canais de televisão e rádios, dois meses antes? O nome do ex-governador de São Paulo foi tocado só de raspão. Aliás, onde ele anda? Mas isso é problema dele.  
E, sobretudo, qual o destaque que tiveram as empreiteiras da linha amarela do metrô de São Paulo? Há documentos de sobra, apresentados pelo Sindicato dos Metroviários da capital paulista que mostram a responsabilidade da administração pública, isto é, o Governo do Estado de São Paulo, e das empreiteiras no acidente. Contratos não cumpridos, fiscalização não realizada ou deixada para as próprias empreiteiras e muito mais irregularidades.
E a mídia iria escancarar estas relações incestuosas entre o capital e o poder? Só se ela fosse de outra classe. Mas a grande mídia está toda de um lado. Do seu lado. Do lado da sua classe. E assim, a culpa do desastre foi... São Pedro, as águas, as terríveis chuvas. E Geraldo Alckmin, seu partido, seu governo e, sobretudo, suas empreiteira se livraram.
Essa é a explicação da capa da Veja na semana seguinte ao desastre. A relação dos cães com seus donos vale mais que aquelas sete vidazinhas e o choro de suas famílias.  
Mas esta é só a primeira lição. A segunda vem de carona na primeira. Cadê a imprensa de esquerda para se contrapor à visão hegemônica? Cadê nossos jornais diários, nossas televisões, nossas rádios? Existem só poucas e pequenas vozes, Brasil de Fato, Caros Amigos, Reportagem, Fórum e vários boletins e revistas de circulação mais restrita e a revista semanal Carta Capital que mesmo sem se rotular de esquerda é uma eterna aula de jornalismo decente.
Vale a pena conferir as capas da Veja e a da Carta Capital e pensar sobre as duas lições de sempre. 
[Por Vito Giannotti - 10.02.2007]
Veja e Carta



NPC Informa


A ONG carioca PACS produz e distribui cartilhas, fotonovelas e filmes para ensinar uma nova Economia
Esta Instituição sem fins lucrativosinveste pesado na comunicação visando  ensinar a pessoas que atuam nos movimentos populares as possibilidades de uma  Economia diferente da conhecida no sistema capitalista. 
Formado basicamente por sociólogos e economistas, Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul  (PACS) tem uma vasta publicação. São informativos, livros, fotonovelas, vídeos e programas de rádios voltados para uma das vertentes da economia que poucos conhecem:Socioeconomia Solidária. Toda produção do instituto trabalha com um sentido oposto ao da economia capitalista. Está voltada para o cooperativismo, economia solidária, eco-desenvolvimento e auto-sustentabilidade.
 Além de quebrar o mito de que economia é difícil, as publicações do PACS ensinam que é possível um desenvolvimento para todos. Livre da visão do lucro e da desigualdade, as produções ensinam trabalhadores, ativistas de movimentos populares e alunos de escolas públicas a aprenderem economia usando uma linguagem clara e objetiva. Para esta finalidade usa vários instrumentosde comunicação. 
Informativo PACS é bimestral. Nele, a instituição procura chamar a atenção das pessoas para  alguns fatos importantes que a instituição está trabalhando. Em cada informativo, um novo assunto. Os mais recentes foram o Fórum Social Mundial e O Poder Popular. 
Trocando Em Miúdos é o programa de rádio distribuído para rádios comunitárias do Brasil. 
O PACS já produziu também uma fotonovelas, com público alvo, principalmente, crianças de escolas públicas. Nessa publicação, se fala em linguagem visual sobre problemas relativos à água e ao consumismo. 
Os vídeos tratam de Trocas Solidárias, consumo & consumismo. A próxima edição será sobre Mulheres & Economia. 
Ao lado disso tudo há vários livros que abordam seis temas relacionados a socioeconomiasolidária: trocas solidárias, consumo e consumismo, gestão e viabilidade, finanças solidárias, mulheres e economia e  orçamento público. Em estas várias formas de comunicação mostramomã ONG que aposta na comunicação para a disputa de hegemonia com a ideologia dominante.
Em breve, todas as publicações do PACS estarão disponíveis no site www.pacs.org.br



Radiografia da Comunicação Sindical 


Sindicato dos Engenheiros do Rio faz 75 anos. Entrevista com Rafael Martí, editor do Jornal dos Engenheiros. 
O sindicato dos engenheiros foi criado em 22 de setembro de 1931. Atende, principalmente, engenheiros, geólogos, meteorologistas e geógrafos. As lutas nas quais o sindicato tem se envolvido estão divididas, basicamente, em três ramos de atuação: Política sindical, políticas pública e políticas sociais. Entre elas destacam-se as preocupações com habitação, energia, infra-estrutura. “O Senge tem se preocupado em dialogar com a sociedade de mãos dadas com os outros sindicatos e com os movimentos sociais”, diz Rafael Martí. 
BoletimNPC - O Senge/Rio vai lançar no próximo dia 15, a Revista Especial do Engenheiro. Por que uma revista?
Rafael Martí - A idéia inicial era fazer uma revista especial dos de 75 anos do Senge, que foi em setembro do ano passado. A gente tinha pesquisado várias pautas, a participação do Sengenos acordos coletivos, a história do sindicato. Então, a gente resolveu fazer uma revista marcada pelos 75 anos, mas também sendo uma revista especial do Senge, que refletisse toda a vida do sindicato.  
BoletimNPC - Vai ser só um número ou vocês pretendem torná-la permanente?
Rafael - No momento vai ser só uma edição especial. A revista é uma edição mais cara. Em nenhum momento foi discutido isso ainda. O que o sindicato quer fazer é um caderno temático com a história do sindicato, mas para isso a gente vai começar a buscar o patrocínio. Se der tudo certo, esse patrocínio com a Caixa já é uma porta aberta que a gente tem para buscar um outro incentivo deles com relação à cultura, à história do sindicato. O presidente do sindicato, Agamenon Oliveira, está buscando formular uma proposta para se criar esse caderno temático com a história do sindicato. 
BoletimNPC - Como vocês definiram a pauta da revista?
Rafael - Além dos 75 anos do Senge, queríamos mostrar as principais lutas que o Sindicato está sinalizando para o futuro: a negociação coletiva, que confere legitimidade ao sindicato; a história do sindicato, não apenas na defesa da categoria, mas também seu envolvimento no movimento social, na luta contra a ALCA, a dívida externa, o fora Collor; a participação do sindicato nas negociações do salário mínimo profissional, que institui um salário mínimo pro engenheiro; a mudança no ensino de engenharia, pra que ele seja mais cidadão e proporcione um desenvolvimento inclusivo; crescente entrada das mulheres no mercado de trabalho de engenharia, que antes era predominantemente masculino. A revista abarca todos esses temas. 
BoletimNPC -  E como se deu a participação da diretoria na produção da revista?
Rafael - Além da definição da pauta, nosso presidente escreveu o artigo de engenharia e fez a correção das matérias, deu sugestão de rumos, mudanças, serviu até mesmo como fonte, principalmente na matéria sobre a história do sindicato, sugeriu fontes para entrevistarmos. Foi uma participação muito ativa.  
BoletimNPC- De que outros meios vocês dispõem para se comunicar com a categoria?
Rafael - Nós temos o jornal mensal do sindicato; temos o site, onde nós colocamos as notícias mais urgentes; nós temos também Boletins por empresas, sempre que tem alguma mobilização em alguma empresa, nós fazemos o boletim específico pra ajudar nessa mobilização; às vezes nós fazemos alguns programas para a televisão comunitária. Mas o programa ainda não é uma metodologia periódica. Até por falta de recursos.    
Boletim NPC- Vocês já fizeram algum tipo de  pesquisa para saber qual o mais eficaz?
Rafael Não. A gente tem essa intenção, mas sempre tem uma demanda mais urgente e a gente acaba deixando essa coisa de planejamento um pouco de lado, infelizmente. Isso é fundamental. A gente tem a intenção de fazer uma pesquisa sobre o perfil do engenheiro. 
BoletimNPC- O engenheiro gosta do jornal do Sindicato?
Rafael -  Recebemos e-mail elogiando, fazendo crítica, fazendo uma correção. Nós percebemos que o engenheiro lê com cuidado o jornal. Às vezes um erro pequeno, mas que é um erro, ele consegue detectar. Ele está recebendo o jornal em casa, e está tendo o trabalho de corrigir. Nós temos nos preocupado em fazer um jornal visualmente bonito, até mesmo influenciado pelo Vito Giannotti, porque se for um jornal feio ele não vai querer ler. Nós nos preocupamos em fazer um jornal visualmente apresentável. 
BoletimNPC- Os engenheiros enviam sugestão de pauta?
Rafael - De vez em quando nós recebemos, sim. Mas não é muito freqüente. O que a gente está pensando em fazer é uma divulgação maior para que os associados participem mais. A gente quer mandar por e-mail pedidos de sugestão de pauta, mas nós ainda vamos nos organizar com relação a isso. É uma necessidade que a gente está sentindo, não por falta de pauta, mas para que o engenheiro, e não somente o diretor, se envolva na produção do jornal. Esse é um veículo feito para ele.    
BoletimNPC- Vocês conseguem perceber qual é o tipo de pauta que a categoria mas se identifica?
Rafael - A pautas da empresa que ele trabalha. Coberturas de mobilizações ou acordos coletivos nas empresas. Quando o engenheiro vê aquela matéria, com certeza ele vai ler. Ele pode até não ler o jornal todo, mas aquela notinha falando da empresa dele ele vai ler. Ele se identifica mais com esse tipo de matéria.  
BoletimNPC- Como o Sindicato preserva a sua memória?
Rafael - A gente tem buscado scanear todos os jornais antigos, colocá-los em pdf; a gente fez um programa de televisão recuperando a história de 20 anos pra cá; temos vasculhado os arquivos; a gente tem a intenção de, quando tiver verba, contratar uma pessoa para organizar os arquivos do sindicato. Muita coisa se perdeu na época da ditadura. Uma das coisas que o sindicato tem feito para preservar a memória é um caderno temático. Nós conseguimos um manuscrito de um funcionário do sindicato, Sr.º Aníbal. Ele trabalhou no sindicato desde mais ou menos 1935 até a década de 90, ele trabalhou muito tempo no sindicato, tinha toda a história do sindicato. Grande parte dessa história ele escreveu. Muitas coisas ainda têm lacunas em aberto. O  presidente que buscar patrocínio para poder contratar alguém para fazer essa pesquisa.
[Por Marcela Figueiredo, em 03.01.2007]



Por Dentro da Universidade


*Estado, Desenvolvimento e Globalização,* novo livro de Reginaldo Moraes
A Unesp acaba de lançar Estado, Desenvolvimento e Globalização, o novo livro do cientista político, Reginaldo Moraes. Os ensaios deste livro examinam as relações complexas que se estabelecem entre o processo de globalização e as teorias e políticas de desenvolvimento, na segunda metade do século XX. De acordo com o autor, “ o Estado nacional é elemento decisivo nessa conexão, tanto no papel de ator político como na situação de arena em disputa.” 
O primeiro capítulo desenha um quadro da literatura sobre a globalização, suas origens, suas interpretações e de seu impacto na formulação e implementação de políticas públicas. Delineia-se uma  trajetória: do “capitalismo organizado" (1870-1970) à sua crise de identidade (na década de 1970) e a emergência do capitalismo re-organizado pelo processo de globalização.  
O segundo capítulo relata a constituição da chamada Economia do Desenvolvimento. Parte de uma forte intuição: apreender a história de uma idéia é passo importante para a aferição de suas virtualidades. Assim, uma série de questões formuladas há cerca de meio século, pela economia do desenvolvimento e pela teoria da “modernização”, segue modelando nossa compreensão dos problemas atuais, no campo da economia política internacional. 
O terceiro capitulo expõe os dilemas da “teoria da modernização”,  tentativa de economistas e outros cientistas sociais (da antropologia,  da sociologia, da psicologia social, da ciência política), no sentido de construir modelos analíticos (com inspiração e implicação  normativas muito evidentes) que enquadrassem os paises do chamado Terceiro Mundo.  
Reginaldo Moraes é bem conhecido na Unicamp onde é professor do Curso de Ciências Políticas, mas é também bem familiar para os leitores deste Boletim e participantes do Curso Anual do NPC. Régis é membro do Conselho do NPC.



Pérolas da edição


Joseph Goebbels, Marcela Figueiredo, Ivana Bentes e Amilton Carvalho.
aO truque mais esperto da propaganda é acusar o inimigo de fazer uma coisa que nós também estamos fazendo.
Joseph Goebbels (1897-1945) – ministro da Propaganda de Hitler 
aMeu maior objetivo, foi talvez despertar a atenção dos senhores para o desejo de as pessoas oriundas das classes populares em se ver na televisão como elas são verdadeiramente. Para isso deveriam ser explorados fatos como as dificuldades de acesso aos direitos sociais garantidos pela constituição e negados a população como: saúde, educação, habitação, alimentação, entre outros. A novela seria mais útil e cumpriria seu papel social se explorasse mais as diferenças sociais e econômicas entre pobres e ricos do país. Dessa forma aa verdadeiras Vidas Opostas estariam sendo mostradas.  
Marcela Figueiredo, estudante de Comunicação,  sobre a novela Vidas Opostas, nesta edição do BoletimNPC, na seção De olho na Mídia – 03/02/2007 
aO perigo é a gente transformar pobreza em folclore ou em gênero cultural, naturalizar isso, achar que "puxa, é legal ser pobre". Aceitar essa domesticação do racismo, do preconceito, da desigualdade e criar o pobre criativo e feliz, mas fora da universidade, sem disputar emprego com os garotos de classe média. Enfim, o pobre "limpinho" do discurso higienista, pronto para consumo, sem um sobressalto ético, sem perceber a violência física e simbólica a qual esses jovens são submetidos. 
Ivana Bentes, professora de Comunicação da UFRJ, sobre os recentes lançamentos na tevê e no cinema abordando as periferias urbanas - Brasil de Fato - 05/02/2007
aNo Penal, minha área, o direito é feito para causar mal às pessoas que a sociedade e o capitalismo excluem. A sociedade seleciona alguns e põe na cadeia. (...) Talvez sejamos algo entre o macaco e o homem. Ao humano não chegamos ainda.
                  Amilton Carvalho, desembargador do TJRS, um dos fundadores do direito alternativo.



Entrevista


Sobre a moda de colocar pobres na TV. A periferia, como convém. 
Ivana Bentes, pesquisadora da UFRJ, analisa a contradição do discurso das emissoras de TV
sobre a periferia: ou pobre é violento ou é o pacífico criativo.

A periferia está na moda? A julgar pela produção audiovisual, mais do que nunca. Somente a maior emissora do país, a TV Globo, dedicou quatro produções ao cotidiano dos moradores dos grotões das metrópoles  nos últimos dois anos: a programa Cidade dos Homens, a série de Regina
Cazé para o Fantástico, Central da Periferia e, para o mesmo programa, a exibição do documentário Falcão, Os Meninos do Tráfico. Mais recentemente, houve a exibição do filmeAntônia, em forma de minissérie.

Em entrevista ao Brasil de Fato, Ivana Bentes, professora de Comunicação da UFRJ, analisa o discurso "esquizofrênico" das emissoras de TV: se nos programas jornalísticos o jovem negro continua  marginalizado, como o criminoso representado por uma sombra na parede
e uma voz metálica, esse mesmo jovem é visto como "o favelado legal", na dramaturgia.

O cinema também não fica de fora do que Ivana chama de "cosmética da fome", ou seja, aglamourização da pobreza e da violência das periferias. Sobre esse tema, a professora dedica um dos ensaios de seu novo projeto, uma pesquisa sobre as periferias – ainda não finalizada – em que busca a análise das imagens produzidas nas últimas décadas sobre o tema, analisando as mudanças tecnológicas e do imaginário da sociedade, nesse processo.
[Por Dafne Melo (Brasil de Fato), em 02.02.2007]



Proposta de Pauta


Mais uma neurose sobre a violência: chantagens e seqüestros pelo telefone. 
Ultimamente são muito freqüentes os casos em que criminosos fazem vítimas através de telefonemas que anunciam seqüestros falsos e exigem resgates na forma de transferência on-line de dinheiro. Se, por um lado, as operações eletrônicas facilitam esse tipo de golpe, por outro lado, o clima de paranóia criado pela grande mídia é um elemento importante.  
Não tenho maiores evidências, mas imagino que os falsos seqüestradores fazem um cálculo bastante simples. Com pouco esforço e risco mínimo, se aproveitam do clima de medo para aplicar um golpe com boas chances de dar certo. A grande imprensa vive abarrotada de notícias terríveis sobre criminalidade e certamente colabora para esse estado de coisas.  
Claro que a violência é real e crescente nas metrópoles e grandes cidades do País. No entanto, as informações sobre ela estão sujeitas a recortes da realidade que acabam criando um clima perfeito para o golpe do seqüestro falso. Se não é possível pintar um mundo cor-de-rosa onde o vermelho de sangue é muito mais presente, o fato é que a imprensa da grande mídia acaba tendo muita responsabilidade pela onipresença deste horizonte sombrio.
[Por Sérgio Domingues – 08.02.2007]



De Olho Na Vida


Despejo na Prestes Maia, em São Paulo, da maior ocupação vertical da América Latina é iminente
A maior ocupação vertical da América Latina está sob risco iminente de despejo. O edifício, localizado na avenida Prestes Maia, no centro de São Paulo, tem 22 andares e há dois anos abriga 468 famílias, que reúnem pouco mais de 2.000 pessoas. 
A reintegração de posse, movida na Justiça pelo ex-candidato a vereador Jorge Hamuche(PHS), um dos proprietários do prédio, será executada até o dia 4 de março. "Em termos jurídicos não há mais nada a fazer", lamenta o advogado dos sem-teto, Manoel Del Rio. Ele crê em somente uma solução para o problema: a intervenção política da prefeitura junto ao juiz que acompanha o caso. 
Desde segunda-feira (5), 300 sem-teto montaram um acampamento diante do prédio da Prefeitura, e prometem sair apenas quando for apresentada uma solução para as famílias que habitam o prédio da Prestes Maia. O secretário municipal de Habitação, Orlando de AlmeidaFilho, não deu sinais de que receberá qualquer comissão dos acampados.
[Por Rafael Sampaio - Carta Maior. Leia mais em www.agenciacartamaior.com.br ewww.brasildefato.org.br]
Dica do NPC
Para saber mais sobre a Ocupação, assista ao filme Impressão Prestes Maia/SP, produzido pelo Centro de Mídia Independente (CMI). Leia a sinopse em nossa página, na seção, Artes e História para Contar. É um filme indicado para aulas e debates políticos que discutam o problema habitacional no Brasil e a luta dos Sem-teto. Contato:contato@midiaindependente.org.



Imagens da Vida 


"O documentarista é, sobre tudo, um fotógrafo que rompe com a hipócrita imparcialidade jornalística"
Ripper
J.R. Ripper



De Olho No Mundo


Jornal dos EUA sofre prejuízo trimestral de US$ 648 milhões
James O´Shea, diretor do Los Angeles Times, anunciou que fundirá as redações das edições impressa e digital. O executivo pediu a seus repórteres que passem a ver o latimes.com como o principal veículo da empresa e comunicou que todos terão que participar de um curso obrigatório, "Internet 101", para aprender a produzir conteúdo para a web 
Além disso, o jornal ganhou um "editor de inovação", responsável por "nada menos que fazer a redação trabalhar 24 horas por dia, publicando material exclusivo o tempo todo por meio dainternet", segundo o editor

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