sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Texto Enviado por um Leitor

Da revista Veja
14/10/2011
às 15:15
Dilma, que tenta dar lições ao mundo, deveria aprender ao menos uma com George W. Bush. Sim, ele mesmo!

Harriet Miers, tida como competentíssima, não foi indicada por Bush para a Suprema Corte em 2007 porque tinha sido sua advogada em 1994. A imprensa caiu de pau. No Brasil, a gente não dá bola pra isso...
Podem discordar de mim à vontade. Pouco me importa que alguns pensem isso ou aquilo das minhas opiniões. O fato é que milhares de leitores vêm em busca dela, certo? Alguns ficam chateados com isso. Fazer o quê? Pensem de mim o que lhes der na telha. Parece-me, no entanto, perda de tempo supor que sou ingênuo.
Critiquei a escolha que a presidente Dilma Rousseff fez para o TSE: nomeou Luciana Lóssio, que foi sua advogada na eleição de 2010. E não reconduziu ao cargo Joelson Dias, que os petistas passaram a considerar um adversário. Para uma República que se leve a sério, isso é inaceitável. Os que me supõem, então, ingênuo argumentaram: “Ah, mas Luciana já foi advogada de Roseana Sarney, de José Roberto Arruda, de Sandro Mabel…” Imaginaram, talvez, que escrevi o post desta manhã ignorando isso. Ora… Eu sei que Dilma não tem um criadouro de advogados pessoais em casa.
E daí que a nova ministra substituta do TSE já tenha advogado para outras pessoas? Isso não tem a menor importância. O que importa é já ter sido advogada de Dilma. Isso tem importância. Preparei este post com especial carinho para os que me apresentassem essa argumentação. Então vamos ver como funciona uma república.
Na madrugada desta sexta, o ex-cineasta e humorista Arnaldo Jabor teve mais um ataque de delirum tremens por causa da síndrome de abstinência de George W. Bush. Está a cada dia mais engraçado. Se a ministra Ira-ny conseguir tirar o quadro da Valéria e da Janete do ar, acaba no Zorra Total. Exaltou o povo na praça contra Wall Street (nada para os brasileiros que protestam contra a corrupção…) e atacou os republicanos. Coisa surpreendente, né? Eu acho que ele está convicto de que suas opiniões interferem no comportamento do eleitorado americano, hehe. Pois é… Os EUA são mesmo um país coalhado de idiotas, né?
Há uma fantasia vagabunda segundo a qual o Brasil, hoje em dia, é exemplo para o mundo. Em má situação estariam, por exemplo, os EUA. Eles, sim, não sabem como sair da crise. No Bananão, como diria Marilena Chaui, temos Lula e os petistas para iluminar o debate. Um dia a crise americana acaba, é claro, e vamos encontrar um país que, ao menos, manda os seus bandidos para a cadeia. Por aqui, já escrevi, costumamos mandar os nossos para o poder.
Aquela idéia que já se prestou ao ufanismo cretino de que somos um país rico com um povo pobre não é de todo infundada. O Brasil chegou ao século 19 como a maior economia das Américas. Entre 1800 e 1900, seu PIB passou a ser um décimo do PIB dos EUA. Criamos, ao longo do tempo, instituições ruins. Elas nos empobrecem ou tornam nossas vantagens irrelevantes. Uma reportagem de 2009 falava da possível riqueza do pré-sal e demonstrava como ela estava sendo engolfada pelo estatismo mais primitivo. Qual Estado? Um Estado essencialmente corrupto. Temos uma história. Vamos ver se temos também um destino.
Lembram-se de George W. Bush? Sim, aquele, o odiado das gentes, a droga de Arnaldo Jabor… Em 2009, contei aqui para vocês uma história exemplar. No ano de 2007, o então presidente dos EUA indicou Harriet Miers, com 60 anos, para a Suprema Corte. Ela não era, assim, uma Luciana Lóssio, a advogada de Dilma… Formada em matemática e direito, era conselheira jurídica da Casa Branca, chefiava um escritório de advocacia de 400 pessoas e era tida como uma das profissionais mais influentes do país em sua área. Só que havia um problema: em 1994, Harriet era advogada de Bush, então governador do Texas. A grita nos EUA foi tal que o presidente americano foi obrigado a retirar a sua indicação. Como as coisas por lá funcionam de outro modo, Harriet pediu demissão até do cargo de assessora. A imprensa não perdoou: considerou simplesmente inaceitável, embora não fosse ilegal, que uma ex-advogada do presidente fosse parar na Suprema Corte.
No Brasil, Luciana Lóssio, ex-advogada de Dilma, foi para o TSE. Ainda que, para a presidente, a formação intelectual seja critério influente, é evidente que a ética ficou fora da jogada. Não temos o país que impediu Bush de nomear a competentíssima Harriet. Temo o país que permite nomear a amicíssima Luciana.
Ora, minhas caras e meus caros, coisa assim não são manifestações isoladas. Pertencem a uma narrativa maior. Lembram-se do trambiqueiro Bernard Madoff. Está puxando uma cana brava nos EUA. No Brasil, os Madoffs da vida estão financiando campanha, escrevem livros e são prestigiados por altas autoridades da República.
É por isso que é, sim, preciso sair às ruas e começar a ocupar as praças!
Por Reinaldo Azevedo

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