sábado, 23 de março de 2013

Ensino Superior



 
ENSINO SUPERIOR NO BRASIL EM FATOS E FOTOS OU  A CONSTRUÇÃO DO BLOCO DO BÁSICO/UFPA
¨V.Rvma. é que tem uma falsa doutrina
 e não o nosso conselheiro. ¨
Euclides da Cunha, Os Sertões.

Por Nascimento J.B
E-mail: jbn@ufpa.br . Março/2013
No histórico do educacional brasileiro quase não há nota digna de registro, apenas raras exceções, havendo uma incoerência quase insustentável entre educação básica e superior, deveras muita suspeita, e que se traduz por um fosso abismal. Porquanto, em qualquer perspectiva que se analise haverá incompletude e toda ação nisso corre um sério risco de embutir uma contaminação em condições de apodrecê-la rapidamente;  a degradação das ações sociais ao longo do tempo, mas ainda das educacionais, é tese que remete aos filósofos da Antiga Grécia.
Porém, essa insustentabilidade, pelo menos uma visão desta, não é extensiva aos poderes macro do Brasil e, portanto, logicamente, a do educacional é fonte primária. E o grande mentor não é escola básica pela simples razão de que quase ninguém tem poder de decisão neste país sem diploma de nível superior. E nisto rede privada é insignificante, o que faz universidade pública referência e produtora principal das mentalidades que permeiam tais ações.
Já de todas nossas púbicas, sem deméritos das demais iniciativas pioneiras, a Universidade de São Paulo-USP, sempre foi exponencial no Brasil, tanto no que há de elogiável e outro tanto muito maior para o educacionalmente degradante. A foto do nascimento da USP (anexo) deixa amostra aspetos dos mais relevantes da ideologia que implementaria. Tudo começou com um majestoso e imponente prédio para reitoria, poucos e raquíticos para salas de aulas e um imenso descampado.  E nem no projeto constava coisa essencial para o estudante como alojamento ( isso ganhou depois e por coincidência rara de sobra de Jogos Olímpicos).
A falta de assistência básica ao estudante, como alojamento, sempre foi uma mensagem clara para aluno pobre em geral de que até poderia estudar o máximo que quisesse, mas o mínimo de apoio institucional, quiçá apenas alguma migalhas, não teria para estudar na USP. Lembrando que no Brasil quase não vemos racismo porque esse fica escondido por outros fatores, como pobreza. Posto que, tudo que bater no pobre já cumpre até melhor o papel de racismo no Brasil. Isto é, atirando para o lado da pobreza a chance de acertar um negro é imensa; ninguém dentro de pública precisa se indispor politicamente sendo contra cota se pode marcar alguma aula em horário concomitante como o do restaurante universitário.

O preço dessa ideologia é um dos mais caro que o Brasil paga no ensino superior. Por mais talentoso que seja o estudante, duas horas gasta por dia em deslocamento além do campus, representa uma quantidade imensa de resultados que deixou de aprender no decorrer do curso, se houver um mínimo de qualidade no curso. Há um dado relevante: este prejuízo é intrínseco, tempo dispendido com situação em que nem pode estudar, mesmo precisando  recuperar alguma deficiência. Não existe nenhuma outra ajuda capaz de compensar isto. Sendo que tal despropósito já introduziu no Brasil um crime educacional grosseiro, porque agora há prova para ingresso nacional, ENEM, porém pobre tem desistido para que outro com menos nota e melhor situação financeira curse no seu lugar. E o concreto é que o passivo histórico das condições para o estudante do ensino superior exige aporte imenso, mesmo para intervenções mínimas [1].
O descampado que aparece na foto de nascimento da USP, indo além do que seria possível ocupar por muitas décadas, mostra que tal ideologia se acha em condições de destruir o que a natureza fez e refazê-la até mais perfeita. E, porquanto, arroga-se de um poder que seria científico indo muito além do que a Ciência permite.  Um fruto disto consta no seguinte trecho de artigo (g.n):

¨Em sua última edição (Outubro de 2012), na página 37, a renomada revista Scientific American publicou um artigo com dados sobre os 'Melhores Países na Ciência'. Nele, me chamou atenção que o Brasil está situado na sétima posição em número de doutores formados, na frente de países tradicionalmente reconhecidos nesta área como Canadá, Espanha, Austrália, Suécia, Suíça (12º lugar), Polônia, Holanda (14º lugar), Áustria, Bélgica, Finlândia e Dinamarca (24º lugar).

Na primeira instância, nos desperta muito orgulho e admiração. Mas (há um 'mas' no caminho), a alegria não dura muito. Na coluna de categoria de trabalhos publicados em periódicos indexados e de razoável impacto, o Brasil não aparece em nenhuma posição relacionada, nem na última, que é o 25º lugar! ¨ ESTATÍSTICAS CIENTÍFICAS ALARMANTES, ARTIGO DE NAGIB NASSAR, http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=84791, acesso març/13
Havendo outros fatores para demover resistente em querer estudar na USP : o descampado iria ser ocupado de tal forma que ficaria possível assistir aula num canto e ser obrigado para chegar na próxima fazer uma longa, dura e rápida pernada, capaz de consumir quase toda proteína que pobre conseguiu comer nesse dia, se conseguiu. Pois, a concepção não é construir universidade, mas cidade universitária para que ninguém seja reitor de coisa pouca; é a mesma mentalidade que os levam concluir o que pode valer uma tese de doutorado só vendo o tamanho do calhamaço.
E tudo isso explode quando mentalidade que essa formatou se mete numa redoma que leva concluir que aluno da rede pública é antes de tudo um leso, leniente social, que não quer fazer curso superior na USP. Não fique surpreso se encontrar na net entrevista de ex-reitora da USP defendendo isso. Eis um trecho disto, havendo mais em [2],[3], [4]:


¨O baixo número de candidatos advindos de escolas públicas na FUVEST tem um motivo simples e claro. Ano a ano, os jovens de menor renda sentem que a USP é uma realidade cada vez mais distante. A esmagadora maioria destes estudantes não se sente “habilitado” para prestar seu vestibular e frequentar suas salas¨  A USP CADA VEZ MAIS DISTANTE, Mateus Prado, especial para o iG,  25/09/2010,http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/artigo+a+usp+cada+vez+mais+istante/n1237784480546.html, acesso març/13

Continuando na foto do nascimento da USP sem se deixar ofuscar pela grandiosidade do prédio da reitoria, no meio dos raquíticos para sala de aula nenhum é dedicado, de princípio, para formação básica, mas para cursos da área tecnológica, como engenharias. Despreza-se o que tinha de ser mais necessário e mais ainda ao pobre, e isso nunca houve no Brasil: centro para formação docente do ensino básico. Pois, denominar o curso  por ¨Licenciatura em... ¨  nunca foi isso. E só uma manchete estampa o nível educacional degradante em que SP chegou por falta disto: SP convoca, pela quarta vez, docentes reprovados em processo seletivo,http://www1.folha.uol.com.br/educacao/1239547-sp-convoca-pela-quarta-vez-docentes-reprovados-em-processo-seletivo.shtml, acesso març/13.
Portanto, tudo isso já estava no nascedouro da USP, sem que qualquer outro advento histórico tenha mudado nada disto para melhor. E com o Golpe Militar de 64 tudo isso aprofundou mais. Pois, como mostra uma foto (anexo), essa entrou na USP até com tanques, quando de tudo isso, apenas corrigiram os danos feitos no asfalto (até a presente data, março/13, da comissão para apurar os fatos ocorridos nessa época dentro da USP nada tenho indicando que irá além de uns escabrosos e com interesses especificamente políticos) e  levaram dessa todos esses fatores que serviam tão bem suas causas.
Ante isso, poderia construir uma visão de país moderno, criando cidades universitárias pelo país diplomando, por exemplo, engenheiros aos montes, enquanto o povão frequentava escolas do Mobral, assistia aula pelo rádio ( Projeto Minerva), etc. Quase nada dessa história educacionalmente macabra gerada pelo Golpe de  64 - um  artigo de caso consta em [5]-, sequer pode ser pesquisada nas públicas, se não pelo viés torno, é tabu, gera as piores perseguimarciageo62@yahoo.com.br> ções e nem há esperança que um dia seja; Ditadura tende não largar o poder sem sangue se não tiver garantias que tudo continuará não tão diferente  do que essa faria.

A Cidade Universitária do Campus do Guamá, em Belém-Pa, sede histórica da Universidade Federal do Pará – UFPA, do final dos anos 50, não seguiu uma sequência tão diferente da USP, temperada ainda pelas condicionantes locais. Portanto, construíram o majestoso prédio da reitoria, se fez mais ou menos estrutura para o setor profissional (tecnológico) e no setor básico ainda deu para construir biblioteca central, prédios administrativos, auditório, mas para as salas de aulas só as bases (sapatas) e em cima colocaram pavilhões improvisados e até hoje provisórios. Portanto, faz mais de 50 anos que se espera pelo prédio de salas de aulas do básico.

E nada disto foi por falta de recursos. Pois, na UFPA já gastaram até mais do que o necessário para isto com auditórios luxuosos, quando sempre teve dois desses, sendo um em cada setor, básico e profissional (tecnológico) de capacidade altíssima, fora dezenas de outros de dimensão menores. Esses nunca precisaram mais do que mão de tinta, pequenas adaptações e limpeza ser dignos de qualquer evento. Um desses adicionalmente construído ( anexo) nem se pode dizer ser auditório se houver algum que foi da ¨turma lá de cima¨ dessa época por perto sem correr o risco de ser repreendido, já que se trata do  Centro de Convenção Benedito Nunes; coisa mínima para que se possa fazer diplomação descente e receber  palestrante nacional ou estrangeiro sem deixa-lo com uma impressão vergonhosa da universidade.
Em março de 2013 foi apresentado o projeto (anexo) e inicio das obras de construção das salas de aula do setor básico. Entretanto, há nisso espaço vazio e para estacionamento. O que acho lamentável, pois isso assíntota com os longos anos de espera e com o sacrifício feito por estudantes e docente pioneiros do básico, empurrando tudo para coisas piores. Isso mesmo se fosse o caso, mas nunca foi, de faltar espaço para estacionamento na UFPA. Além disso, precisava haver um bom quantitativo de salas de aula pela defasagem histórica e ser possível denominar cada uma com nome de docente pioneiro já falecido ou aposentado.
Conclusão  –  Defendi que as atuais formas de poder se alimentam de tais fatos e por isso, se quiser fazer algo nesse sentido agradeço, mas o exposto não visa criar um embate com os que tenham ou acham ter poder para mudar o que foi decidido. Posto que, para esses o mesmo poder que lhes proporciona até os melhores manjares pode também deixa-los na penúria, caso não siga até os seus desejos da mais pura mesquinhez. O esperado é que seja útil para os que não tenham isso ainda e tente, se for possível, um dia ter em condições de tomar decisões equivalentes e, por princípio, fazer o que será mais útil, especialmente para os mais pobres deste país, porquanto,  conseguindo isso um pouco livre de ter por sustentáculo ignorância social e miséria humana.  .
REFERÊNCIAS    . 
[1] ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL: FEDERAIS PRECISAM DE MAIS R$ 1,4 BI,http://oglobo.globo.com/educacao/assistencia-estudantil-federais-precisam-de-mais-14-bi-7782136 , acesso març/13
[2] USP TEM A MENOR PROCURA DE ALUNO DA REDE PÚBLICA DESDE 99, http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,usp-tem-a-menor-procura-de-aluno-da-rede-publica-desde-99,315957,0.htm, acesso març/13
[3] ALUNOS DA REDE PÚBLICA SÃO 35% DOS INSCRITOS NO VESTIBULAR DAS ESTADUAIS
[4] ALUNOS DA USP VINDOS DA REDE PÚBLICA ENFRENTAM DIFICULDADES  
[5] TRABALHO DE FINAL DE CURSO: O EPISÓDIO DO PAVILHÃO Fb-2: MILITAR E MOVIMENTO ESTUDANTIL NA UFPA (1964 – 1980,
 [ 6] ALUNOS FAZEM FORÇA-TAREFA PARA ABRIGAR CALOURA SEM MORADIA, O Globo,16/03/13,http://oglobo.globo.com/educacao/alunos-fazem-forca-tarefa-para-abrigar-caloura-sem-moradia-7857806,  acesso març/13

 

 

 

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