Total acessibilidade marca audiência de lançamento da campanha teatro acessível
A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, promoveu, nesta
quinta-feira, 9, audiência pública para lançar a campanha “Teatro
Acessível, Arte, Prazer e Direitos”, em parceria com a Escola de Gente e
o Ministério da Cultura. O evento, que atende requerimento do deputado
Jean Wyllys (Psol-RJ), tem por objetivo disseminar por todo o Brasil a
cultura e a prática do teatro acessível.
Segundo o deputado Wyllys, a audiência, uma das primeiras ações da
Subcomissão permanente em defesa de minorias culturais e diversidade,
foi importante não apenas por ter sido a primeira audiência com total
acessibilidade na história da Casa, mas também por ter dado espaço para
um debate sobre a necessidade de se construir políticas públicas e
pensar soluções de acessibilidades para um segmento muitas vezes alijado
de um direito básico, que é o da cultura.
“Um direito humano é um direito à cultura, no sentido também a esse
lazer que as artes e espetáculos proporcionam. Precisamos estender esse
acesso a todas e todos os cidadãos brasileiros. Essa campanha é por
demais importante nesse contexto, mas também no contexto de que a
cultura tem um papel importante no fortalecimento de outros direitos
humanos, pois humaniza as pessoas e traz uma vida de pensamento”, diz o
deputado.
“Não esperava me emocionar tanto quanto eu me emocionei com as falas,
mas o resultado eu esperava”, continua. “A gente queria inaugurar hoje
aqui uma discussão que é política e que a gente espera que se traduza em
proposição legislativa e política pública de ampliação do acesso das
pessoas com deficiência à cultura. A gente sabia que estava
transcendendo uma primeira luz, não só pelo tema, mas pelo formato da
audiência. A primeira amplamente acessível às pessoas com deficiência,
isto é um fato histórico e acho que por isso eu me emocionei tanto”,
finaliza o deputado.
A deputada Jandira Feghali (PcdoB-RJ), presidenta da Comissão de
Cultura, criada em março deste ano, deu início á audiência registrando a
importância do evento, não apenas pelA relevância do tema, mas também
por marcar a primeira vez que o parlamento brasileiro recebe uma
audiência pública com total acessibilidade - além de Libras, houve
também transcrição por texto e audiodescrição. “Essa audiência plena de
acessibilidade precisa contaminar esse parlamento, todos os governos e
toda a sociedade brasileira”, disse a deputada. “Essa Comissão nos
permitiu mostrar que é possível fazer uma audiência pública, e fazer de
uma audiência como esta, para todas as comissões, para toda a Casa e
para todo o parlamento brasileiro”, diz.
Segundo Claudia Werneck, fundadora da Escola de Gente, Comunicação em
Inclusão, o evento foi uma concretização de uma ideal, “Tivemos
multiplicidade de representantes: governo, sociedade civil, Ministério
Público, empresas, uma gama enorme de pessoas defendendo, refletindo,
contribuindo, foi um evento de expansão de consciência, de muita
sensibilidade, de responsabilização, um evento doce, forte, de
compromisso. Eu senti as pessoas bastante compromissadas até o final e
com várias propostas de continuidade", disse.
A secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg,
também participou do evento e reiterou o compromisso do Ministério da
Cultura com a campanha e a acessibilidade cultural que, segundo ela,
avançou bastante no que se refere ao ambiente, mas precisa trabalhar na
área de conteúdos. "Os novos ambientes culturais já nascem com a
prerrogativa da acessibilidade física. Hoje, a pauta tem que ser a
acessibilidade comunicacional, o acesso a conteúdos, aos bens e serviços
culturais, aos espetáculos, ao cinema”, ressaltou.
Também estiveram presentes na audiência de lançamento nacional da
campanha, as deputadas Mara Gabrilli (PSDB-SP), representando a Frente
Parlamentar em Defesa das Pessoas com Deficiência, a deputada Luciana
Santos (PCdoB-PE), presidenta da Frente Parlamentar Mista da Cultura, a
deputada Fátima Bezerra (PT-RN) o deputado Domingos Dutra (PT-MA), o
presidente da Funarte, Antonio Grassi, Alexandre Camanho, presidente da
Associação Nacional de Procuradores da República, O Ministro-Chefe da
Controladoria Geral da União, Jorge Hage Sobrinho, a Diretora da
Organização dos Estados Iberoamericanos, Ivana de Siqueira, o Presidente
da Associação Nacional dos Procuradores da República, Alexandre Camanho
de Assis, Representante do Centro de Apoio a Mães de Portadores de
Eficiência (CAMPE) DO CEARÁ e Conselheiro Nacional de Juventude pela
Escola de Gente, Antonio David Sousa
de Almeida, e os atores e atrizes do grupo Os Inclusos e Os Sisos -
Teatro de Mobilização pela Diversidade, representando os personagens da
peça “Um Amigo Diferente?”.
São parceiros institucionais da Campanha o Ministério da Cultura, a
Frente Parlamentar de Cultura, a Associação Nacional dos Procuradores da
República, a Organização dos Estados Ibero-Americanos e a TV Globo.
Durante o evento, a Comissão de Cultura, a Escola de Gente e o
Ministério da Cultura lançaram um dia temático sobre a prática do
teatro acessível, que será celebrado em 19 de Setembro, Dia do Teatro.
A Campanha
A Campanha Campanha Teatro Acessível. Arte, Prazer e Direitos foi
lançada em 2011, pela Escola de Gente, em parceria com o Ministério da
Cultura, como parte das comemorações dos 10 anos da organização, tendo
como proposta buscar outros caminhos para disseminar com qualidade uma
cultura inclusiva, formando plateias, artistas e produtores culturais
com essa mentalidade, ainda rara no país. A Campanha tem por objetivo
disseminar por todo o Brasil a cultura e a prática do teatro acessível. É
uma ação alinhada com o disposto no Decreto Federal nº 5.296/04 e na
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, primeiro
tratado de Direitos Humanos a ser ratificado com valor de Constituição
no Brasil, por meio do Decreto Legislativo nº 186/08 e Decreto Federal
nº 6.949/09.
“A Campanha trabalha para que a democratização e fruição de bens
culturais seja uma realidade, também, para pessoas com deficiência,
mobilidade reduzida, transtornos globais do desenvolvimento, com baixo
letramento ou que por alguma razão estejam impedidos de participar com
autonomia da vida cultural de suas cidades e do país”, ressalta Claudia
Werneck, pioneira na disseminação do conceito de sociedade inclusiva no
Brasil e nos demais países da América Latina desde 1992. “Com esse
lançamento, queremos criar uma aliança intersetorial e unir poder
público, sociedade civil e classe artística em torno do tema” completa.
Sobre a Escola de Gente
Comunicação em Inclusão - Na última década, a Escola de Gente vem
trabalhando para que as políticas públicas se tornem inclusivas, ou
seja, que garantam direitos humanos também para quem tem deficiência e
vive na pobreza, especialmente crianças, adolescentes e jovens, uma
atuação premiada e reconhecida nacional e internacionalmente que envolve
participação em conselhos, produção e disseminação de marcos teóricos e
metodologias próprias, formação de juventudes em mídias acessíveis em
universidades, comunidades e favelas, criação de indicadores,
consultorias e distintas ações na área da cultura. Desde 2002, a Escola
de Gente já sensibilizou diretamente para a causa da inclusão mais de
400 mil pessoas em todas as regiões do Brasil e em 15 países das
Américas, Europa, Oceania e África para a causa da inclusão. A
organização incide em políticas públicas e integra o Conselho Nacional
de Juventude, o Conselho Estadual de Juventude e a Campanha Nacional
pelo Direito à Educação, entre outras redes. No ano de 2011, recebeu o
Prêmio Direitos Humanos na categoria: “Direitos de Pessoas com
Deficiência” da presidente Dilma Roussef, a mais alta condecoração que o
Estado brasileiro pode oferecer a uma organização da sociedade civil na
área dos Direitos Humanos.
Assista a íntegra da Audiência Pública:
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