terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Página Vazia

PÁGINA VAZIA
Luiz Gonzaga da Silva

Eu pensava escrever alguma mensagem psicografada ditada por algum bom espírito, que com permissão superior não se importasse em atender ao meu pedido.
Pensei... Deixei a mente num vazio e esperei que alguma manifestação inspiradora surgisse para poder começar a minha mensagem.
Surgiu na minha mente uma paisagem: Era algo deslumbrante!
Eu jamais tinha imaginado detalhes daquele tipo.
Um jardim muito bem cuidado, onde tudo era belo, flores dos mais variados tipos e cores, dos mais misteriosos formatos.
Fontes de água cristalina que corriam por entre pedras que cintilavam como se fossem lapidadas.
Horizonte acolhedor, como se fosse uma grande tela onde se podiam ver detalhes os mais insignificantes.
O céu era de uma cor estranha. Equilibrando-se pela sua vastidão viam-se centenas de corpos em forma de globos parecendo pequenos mundos.
Uma cidade se destacou diante de meus olhos, era diferente em seu formato, com arrojados prédios de uma arquitetura entusiasmante, com estranhos contornos, despertando em mim diferentes impressões, como uma aconchegante paz. Alguns dos prédios despertando uma estranha impressão de desconforto.
Era de uma beleza inimaginável, mas havia um detalhe que me chamou a atenção.
Não havia movimento de seres sejam carnais ou espirituais.
Eu estava só, sem nem ao menos uma borboleta a esvoaçar pelas flores do belo jardim existente.
Um grande constrangimento tomou conta de mim, porém uma voz me alertou: O que você vê é a obra, a moldura, a essência...
A vida verás agora por alguns instantes.
Um estalo se fez ouvir e eu vi a vida em movimento pulsando em todos os sentidos.
Pessoas sorridentes que passavam  me saudavam e prosseguiam.
Era igual ao meu mundo, com uma diferença: Todos emanavam luz, como se fossem fosforescentes.
Quis me misturar a eles, mas fui detido por uma parede invisível e a mesma voz fez-se ouvir:
Você poderá um dia chegar a ser um desses habitantes, desde que se esmere e consiga angariar pontos suficientes.
Acordei do que parecia ter sido um sonho: A caneta entre os dedos, o caderno aberto, mas nada escrito.
A página estava vazia!

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