quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Lagrimas de Sangue

LÁGRIMAS DE SANGUE: TEM MÃE NEGRA CHORANDO FILHO ASSASSINADO. 

Meus Amigos e Minhas Amigas.

Por que choram as Negras Mães que deveriam estar acalentando os filhos? Por que são lágrimas de sangue que rolam pelas negras faces imagem da dor materna? Por que repousa estendido na sarjeta, envolto de sangue e vela, os amados filhos queridos? Por que, meu Deus, tão cruel castigo – que vem desde os porões dos navios negreiros – sobre quem gerou, amamentou e não verá formado homem? Por que mãos brancas assassinas ceifaram o doce fruto dos nossos agônicos ventres, e, com isso, julgam defender a sociedade? Por que as forças que deveriam nos trazer a paz continuam a promover tão covarde cena criando tão trágico cenário de dor e lágrimas? Por que, Deus meu, Por que?

Onde estão os nossos iguais dos milhares movimentos de defesa da Raça e da Igualdade Racial – de pele e de açoites – que não ouvem os nossos desesperados lamentos? Estariam sentados à mesa com os cruéis algozes dos nossos amados filhos? Ou estariam pelos gabinetes políticos forjando álibis para seus patrões, assassinos cruéis dos nossos filhos? Por que não se levantam ao nosso socorro exigindo definitivamente dos senhores, aos quais são vis serviçais, o fim do genocídio de tantos jovens negros? Que defensores da raça e da igualdade racial são esses, que se alimentam nas mãos brancas que disparam conta os nossos negros filhos?  

Seriam eles os herdeiros nefastos dos ancestrais que vendiam negros para serem escravos no novo mundo? Estariam esses defensores da raça e da igualdade racial, nesse momento, de agonia e dor, recebendo a perversa recompensa pela subserviência aos algozes da raça e dos nossos filhos? De certo, talvez, estejam escrevendo mais um daqueles manifestos, de frases feitas e sem resultados, direcionado às vítimas nunca aos algozes, seus senhores.

Não sequem as nossas lágrimas de sangue com suas mãos manchadas com o sangue dos nossos filhos! Deixem-nas escorrer pela negra face paradigma da dor materna! Por suas inércias, por suas subserviências, por suas negociatas, por suas cumplicidades, por seus hediondos jogo do faz de conta, somos as mais infelizes das Mães. Negras Mães que sabem o que é sofrer pela perda tão brutal de um filho amado.

Diante dos nossos tristes olhos, e ecoando em nossos ventres de sofreguidão, estampam-se as imagens de dor, da perplexidade e de revolta dos agônicos versos do poeta Castro Alves:

Mas, que vejo eu ai... Que quadro de amarguras!
É canto funeral... Que tétricas figuras!
Que cena infame e vil!... Meu Deus! Meu Deus, que horror!
 
Abraços a todos.

Flávio Leandro
Cineasta, Professor de Produção Cinema e Vídeo, Professor de Produção Teatral.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sim